rebelde | vmin

vergonhas & ameaças

Entrar no carro de alguém nunca foi tão humilhante. Afinal não era só "alguém". Era o orientador da minha irmãzinha rebelde, que eu havia acabado de ter uma discussão ridícula. E nada mais humilhante que a vontade iminente de vomitar que sentia. Obviamente, consegui segurar até chegarmos ao meu prédio. Literalmente.

Assim que pus os pés pra fora, uma enchurrada de álcool pulou pra fora da minha boca, fazendo minha garganta e nariz aderem como nunca. Park Jimin havia descido do carro e apoiou a mão em minhas costas, como se demonstrasse apoio.

— Talvez você precise de terapia, Sr. Kim.

(...)

Acordei com a cabeça explodindo. Eram oito da noite e eu estava fedendo e com fome. Decidi tomar banho primeiro e em seguida fui preparar um Cup Noodles. Eu estava cansado demais para realmente cozinhar e enquanto comia, iniciei uma chamada em video com Yumi. Demorou pouco para que eu fosse atendido. A câmera mostrava apenas sua testa coberta pela franja e os olhos, que estavam extremamente vermelhos.

— Por que estava chorando? — disse, preocupado. Não era comum que Yumi chorasse com frequência, principalmente estando na casa dos nossos tios favoritos.

— Por sua culpa, Jungkook terminou comigo! — ela esbravejou e eu arregalri os olhos. — Ele disse que não queria namorar com alguém que tinha o irmão na cola o tempo todo! Você me fez parecer uma criancinha!

— Você é uma criança Yumi! E se ele não aceita que eu cuide da minha irmã menor de idade, ele não gosta de você de verdade! — eu disse. Deveria me sentir aliviado, mas estava realmente bravo com esse garoto. Quem ele pensa que é pra terminar com minha irmã? — Pode deixar, eu vou dar um jeito nesse babaca.

— Não, Taehyu-

Não dei tempo para que ela terminasse de falar e desliguei o telefone. Batendo o garfo que comia na mesa. Esse garotinho atrevido, mexeu com a garota errada, com o irmão errado.

Quando fui deitar novamente, só conseguia pensar no que fazer para dar um susto no moleque e acordei pensando no mesmo assunto. Trabalhei o dia todo servindo café, marcando e desmarcando reuniões, mas mesmo assim eu só pensava no primeiro coração partido da minha irmã.

Eram 17h40 quando sai do escritório, e logo lembrei que era essa o horário do fim da aula. Dirigi rápido para o colégio de Yumi e por coincidência do destino, lá estava o tal Jungkook. Com outra menina!

— Oi, princesa. Posso roubar seu namorado um minutinho? — eu disse, chegando por trás de surpresa. A feição de Jungkook caiu na hora. Ao que a menina assentiu o puxei pra longe. — Olha aqui, seu projeto de Don Juan coreano, eu sei o que você fez com minha irmã. 

— O-O que? M-Mas Sr. Kim, eu não-

O sorriso presunçoso sumiu, não é mesmo?

— Você vai pedir desculpas. Se não, —mostrei minha mão. — isso aqui vai socar a sua cara com tanta força que esse rostinho lisinho vai ficar pior que do Deadpool.

Ele concordou várias vezes e ao notar que meu trabalho estava concluído, sorri e acenei voltando para meu carro. Ao que eu ia dar partida, vi uma mãozinha bater em minha janela. Pensei que seria Jungkook me desafiando, mas ao abrir a mesma, vi Park Jimin, com cara de poucos amigos.

— Eu vi o que você fez, Sr. Kim. Não posso deixar que ameace os meus alunos dessa forma. Esse é o tipo de comportamento que sua irmã tem como exemplo?

Que. Vergonha.  Não consegui falar nada coerente por bons 5 segundos.

— Podemos conversar em um lugar mais tranquilo? — ele perguntou. — Eu posso te ajudar com tudo isso.

Eu assenti, estava envergonhado demais para pronunciar uma só palavra. Ele me deu seu cartão e se afastou do carro e com passos firmes, vi ele convidar Jungkook para entrar de volta à escola, provavelmente para falar sobre o acontecido.

Em 24 horas, Park Jimin havia me envergonhado profundamente mais de 5 vezes.