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Haruki ;

Obrigado por aparecem, acho que eu nunca me senti tão sufocado quanto nesses minutos. Queria mesmo poder entender o que foi isso tudo...

Akihiko ficou encarando os dois e não disse nada, apenas levantou-se da cadeira e começou a arrumar sua bateria no lugar, Mafuyu manteve seu olhar concentrado nele por alguns segundos e logo veio andando em minha direção, colocando a mão sobre meu ombro:

- Haruki-san, você está bem? - Sua voz era doce e soava de uma forma tão pacífica, ele parecia mesmo disposto a me ajudar caso eu pedisse...Ah Mafuyu, não farei isso com você.

- Claro, está tudo bem por aqui, estávamos apenas conversando. - Sorrio na tentativa de acalmá-lô, e parece que deu certo, pois ele seguiu em direção ao microfone para ajeitar os fios.

Uenoyama conversava com Akihiko enquanto tocava um pequeno solo em sua guitarra, aprovetei-me da situação para me sentar praticamente do outro lado da sala, pegando meu baixo da bolsa. Quando começamos o ensaio, era claro que tinha alguma coisa errada ali, as notas estavam se desencontrando e o som saía bem ruim mesmo.

- Esperem, esperem! Vamos respirar um pouco e pensar...o que está acontecendo aqui? Estávamos indo bem à três dias e parece que agora tudo desandou... - Ritsuka juntou as mãos à frente do rosto e foi encarando todos nós, um à um.

- Acho que foi apenas uma pequena distração Uenoyama-kun... podemos recomeçar. - Disse Mafuyu, enquanto baixou o microfone apoiado no suporte.

Senti os olhos de Akihiko me secarem, talvez estivesse esperando que eu disesse algo, mas o que eu poderia dizer? Que eu não quero ficar aqui e que estar dessa forma está me deixando sem ar? O que eu devo fazer agora?

Sinto minha minha garganta começar a se fechar e minha respiração ficar ofegante, puxo um pouco as cordas do baixo e logo posso sentir os meninos em encarando, engulo à seco e os encaro.

- B-bom...an...o que estamos esperando ah? V-vamos começar de novo e...-

Pude ouvir meu celular tocando, mexi no bolso e logo vi, era Hana...minha irmã mais velha, deve ter acontecido alguma coisa, ela nunca me liga assim tão cedo.

- Com licença gente... - Deixo o baixo ali encostado sobre a parede e logo saio pela porta, atendendo a chamada.

- HARUKI, BOM DIA MEU GÊMEO DE OUTRA DATA! - Ela parecia animada, eu gosto de vê-la assim, mas também pude perceber ao fundo o som de alguma coisa caindo, já tinha algo em minha mente - MENINA! A mamãe disse pra vc não mexer , vai acabar se machucando!

- Bom dia Hana...an...diga logo o que houve, estou no meio de um ensaio! 

- AH! ADIVINHA?? SUA IRMÃ VAI ALMOÇAR EM SUA CASA HOJE! Estou arrumando as coisas da neném e não aceito desculpas, vai passar um tempo comigo e com a sua sobrinha. - Não tem como recusar afinal...ela está certa, sinto falta de ter alguém da família e talvez seja uma oportunidade para esquecer isso tudo.

- Quer saber? Pois venha mesmo, venha logo que estou com saudades da minha bochechuda! Vou passar no mercado e quando estiver em casa lhe mando mensagem.

Me despeço dela e guardo o celular no bolso, logo volto meu olhar para os rapazes, segurando o baixo o ajeitando dentro da bolsa.

- Perdão pessoal...minha irmã vai em casa e preciso comprar as coisas para fazer o almoço, prometo vir em um dia melhor certo? Ótimo, até mais pessoal!! - jogo a bolsa sobre os ombros e aceno para Uenoyama e Mafuyu, saindo rapidamente dali como se estivesse tentando desviar a rota de uma certa pessoa.


Hana ;

- 10:40 a.m. -

Por maior o tempo que não visito meu irmão, não moramos muito longe um do outro, são cerca de quarenta minutos caminhando e menos ainda usando meu carro. Quando eu soube o que aconteceu entre ele e o tal Akihiko, comecei a ligar mais e sempre prestar atenção em suas atitudes, sei o quanto isso o afetou, afinal, quem nunca teve um coração partido, não é?

Segui dirigindo até parar na rua de uma padaria, minha bebê estava sentada na cadeirinha no banco de trás, mas logo a peguei com cuidado e saí do carro, entrando no estabelecimento. Pedi duas tortas, uma de limão e uma de creme, e um pacotinho cheio de pães de queijo. Haruki adora comer essas coisas, essa padaria existe desde que ele era uma criança e a mamãe sempre nos trazia aqui, nos sentíamos bem...e eu nunca o vi sorrir tanto quanto nesse tempo

- Aqui está moça, obrigada pela preferência e volte sempre! - Sorrio acenando para a mocinha com a cabeça, segurando a sacola em um dos braços enquanto ajeitava minha filha deitadinha sobre o outro, logo saio andando dali, indo em direção ao carro quando algo me chamou à atenção.

Passando do outro lado da rua, lá estava ele, eu tinha certeza de que era ele. Akihiko...estava usando uma regata escura e uma bermuda folgada, todo suado e bebendo agua em uma garrafinha, provavelmente estava praticando exercícios à pouco. Quando o encarei, senti a raiva subir da ponta dos dedos dos pés, e quando pude perceber que o mesmo me encarou também, o chamei devagar com o dedo. Ele franziu a testa mas logo atravessou a rua, parando bem à minha frente.

- Você é o Akihiko Kaji? 

- Sou sim...mas por qu-

Já não aguentei mais, e antes de deixa-lô terminar de falar, dou um tapa em seu rosto e o encaro de forma raivosa, pude ver seus olhos se arregalarem e logo digo:

- Saia de perto do meu irmão...não acha que já fez merda demais? Se eu souber que o magoou outra vez, eu vou...eu... - Puxo o ar e me viro para seguir em direção ao carro, ajeito a pequena no banco e ponho as sacolas ao lado, entrando no banco do motorista.

Ainda não sei ao certo o que aconteceu ali, tudo o que eu penso agora é que finalmente consegui me acalmar.

Para a sua vida - AkiHaruOnde histórias criam vida. Descubra agora