Lights

4 • Jimin

Passou-se uma semana e meia até que Holly retornasse ao quintal de Yoongi e o mesmo fosse devolvê-lo.

Era a repetição de sempre, farpas trocadas, animal devolvido. E o Min aguardando qual seria a próxima vez que teria de repetir tal ato, provavelmente não demoraria.

Já Hoseok deixava Jungkook na escola, sendo olhado por quase todos já que sua bicicleta não era nada discreta e fazia questão de atrair toda atenção.

Havia conseguido terminar o livro e se sentia feliz. Realizado.

Existiam alguns esboços de obras para serem descritas e a terceira parte do livro que terminara, já que iria se tratar de uma trilogia, gostava de coisas que atrairiam seus fãs para o mistério.

No entanto, a sua manhã inteira foi bebendo café e escrevendo sem parar o livro que não tinha título, mas tinha muitas palavras, muitas linhas.

O livro sobre a paixão nascendo entre dois vizinhos que se odiavam. Sim, aquele livro.

E sério, ele sequer tinha coragem de contar sobre esse livro para Namjoon, provavelmente receberia tanta provocação que não estava preparado.

Tudo isso porque sendo quem era já havia reclamado mais de uma vez — foram vinte e sete — com o amigo sobre seu vizinho ranzinza.

Tinha consciência que mostrar esse livro ao amigo seria como lhe dar contexto para aborrece-lo até o resto de sua vida. Ele já havia feito isso antes, aquelas frases típicas de "tanta raiva é tesão reprimido", "isso vai dar em namoro".

Se recusava a pensar nisso, raiva é raiva, Yoongi era insuportável e pronto.

O protagonista do seu livro sequer parecia com ele além do humor duvidoso, talvez tivesse a pele como a dele, e o cabelo escorrido e preto? Possivelmente sim!

Mas era só isso. Várias pessoas tinham esse visual.

Hoseok pensou que devia cortar a descrição de olhos felinos, esses olhos estavam lhe assombrando, isso, fez uma nota mental que alteraria essa descrição do personagem.

Novamente Jungkook estava fechado, dessa vez o pai nem precisou perguntar nada, ainda sentado no bagageiro da bicicleta enquanto Hoseok pedalava para casa, ouviu a foz doce do filho.

— Mingyu disse que minha vida era ruim.

Hoseok respirou fundo. Será que bater em uma criança era algo tão sério assim? Análise.

— O que ele disse dessa vez? — tentou não parecer ansioso e afetado.

— Disse que além de não ter mãe, eu nem dinheiro tenho.

Oh... Sério.

— Eu disse que não ligava, que tinha o que me deixava feliz. — o garotinho suspirou. — Mas ele falou que eu estava mentindo porque ninguém poderia ser feliz sem uma mãe, e que eu era tão pobre que ia para escola de bicicleta.

Hoseok sabia que isso era coisa de criança. De criança lixo, mas de criança.

Ele tentou não se aparentar desgosto, ele tentou. Mas Jungkook era seu filho, seu filho carinhoso e risonho que agora estava apagando, estava cada vez mais se apagando por causa de outra criança.