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três

Harry Evans Potter nasceu em 31 de julho de 1980, em uma manhã tão ensolarada e tão calorosa quanto os sorrisos dos pais e dos tios de consideração dele. O céu estava de um cerúleo límpido, raios de sol entrando pelas cortinas do quarto e banhando tudo em um branco puro, uma luz delicada que dançava pelo cômodo e iluminava as lágrimas caindo pelos rostos vermelhos de Lily e James, cintilava as risadas de alívio e completa felicidade que eles soltavam enquanto seguravam Harry e seguravam um ao outro.

Harry nasceu um dia atrasado, filho de um casal jovem demais que não estava tentando ter filhos quando o teve, mas que não podia estar mais animado com a ideia de ser pais nem se estivesse tentando faziam décadas. Ele era um bebê surpresa, talvez, um acidente, mas aqueles eram Lily e James, e eles sempre se apaixonaram por surpresas e por acidentes.

Harry nasceu com os olhos verdes da mãe e a pele dourada e escura do pai e já com um pouco de cabelo preto na cabeça, e ele soltou uma risadinha tão adorável que fez James se engasgar com o nada, observando o filhinho dele tentar comer o próprio dedo do pé com uma boca sem dentes como se fosse a cena mais encantadora em todo o mundo. Lily beijou a testa dele. Passou a ponta de um dedo por uma bochechinha impossivelmente gorduchinha e pequenininha.

"Olá," ela sussurrou e ela sorriu até as bochechas doerem.

Harry chutou o ar e estendeu as mãos para cima, tocando o rosto dela um pouco, ainda soltando risadinhas gostosas de bebê, e com a janela aberta, com os raios entrando, quase parecia que ele estava conduzindo luz com os dedos dele. Quase parecia que os punhozinhos dele estavam segurando dois sóis em miniatura, segurando o centro dos universos de James e Lily como se não fosse nada, como se fosse a coisa mais natural do mundo.

Olá, Lily disse e o sol pareceu ecoar, pareceu queimar lá no céu só pelo nascimento de Harry.

Desde o primeiro momento em que abriu os olhos, Harry foi criado por dois pais e três tios que amavam ele mais do que tudo no mundo.

Sua primeira memória envolvia Lily brincando com ele no chão da sala, balançando um leão de pelúcia em frente ao seu rosto enquanto Harry ria e estendia os seus braços gordinhos e pequeninhos de bebê, tentando o pegar. Ele estava no colo de James, que estava o abraçando com muito cuidado e fazendo cafuné em Harry e piadas pros seus amigos. Atrás de Lily, padrinho Sirius estava ajoelhado, fazendo caretas para Harry por cima do ombro dela. Tio Remus estava fazendo casquinha no seu pé, fazendo Harry soltar mais gritinhos e risadinhas, e tio Peter estava tirando várias fotos deles, comentando o quão fofo Harry era naquela voz que adultos só usavam quando falavam de bebês. Como durante a infância inteira dele, eles todos só estavam se juntando e tentando fazer Harry rir.

Sempre que pensava nisso, Harry se sentia tão cheio de amor e segurança que fazia seu coração se apertar um pouco, não aguentando o quanto amava aquela família de cinco que ele tinha.

E amor, Merlin.

Eles se amavam tanto.

Era uma piada entre seus tios que James e Lily não conseguiam passar mais de uma hora sem lembrar Harry do quanto eles o amavam e o quanto eles se orgulhavam dele. Harry ria, mas sempre tinha o feito se sentir muito, muito cheio de calor e muito sorridente. Ainda mais engraçado era que as exatas pessoas que faziam essa piada eram tão babonas quanto os pais dele.

Padrinho Sirius sempre o chamava de Pontinhas e dizia que ele era a criança mais incrível do mundo, ao menos umas cinco vezes por dia. Tio Remus sempre estava o dando chocolate ou outras guloseimas que faziam Harry se sujar todo comendo, parecendo um pequeno monstrinho, e ele sempre estava o fazendo rir, até quando Harry tinha estado fazendo uma grande pirraça segundos atrás. Tio Peter sempre estava lá quando Harry precisava de um pouco mais de silêncio, de um humor mais calmo, alguém menos confiante e menos brilhante, que entendesse momentos de irritação e mal humor melhor e entendesse que nem sempre algo precisava ser consertado com piadas – que de vez em quando se sentir mal era necessário.