Hector se arrepiava a cada criança que passava fantasiada do fundador de sua família, Victor Van Dort.
Era um peso muito grande de se carregar. Todos os anos sua família visitava a praça principal, onde estavam cheias de decorações ao qual Hector nunca estava pronto para ver, mesmo sabendo que seria a mesma coisa do ano passado. Todos tinham que ir assistir pela milésima vez o teatro que faziam sobre a história de seu Tata e quinhentos avô.ㅡ Não quero saber de perdidos hoje, senhor Hector.- A mão pálida de sua irmã mais velha o assustou, mas isto não era novidade já que ele estava sempre assustado.
ㅡ Sabe bem que detesto este dia.- Hector murmurou, sem tirar os olhos da janela.
ㅡ Precisamos fazer isso, sinto muito que não goste, mas é a tradição.- O rapaz revirou os olhos, odiava toda essa tradição e não sabia dizer o quanto.
ㅡ Não se preocupe Lea, não fugirei.- Sua resposta foi certeira e fria, como se deixasse bem claro que fazia isto apenas por calendário e, então, a encarou.
As vezes se sentia mal por recusar algo a irmã, pois depois de seus pais terem o abandonado, Lea fez de tudo para que não a separassem de seu irmão e cuidou dele como se fosse sua mãe, Lea amava Hector como se fosse mesmo seu filho. Seguir a tradição era uma exigência dos avós de Lea e Hector, eles eram os mais antigos da família inteira e em respeito à eles, os irmãos faziam isso todos os anos.
Hector deu um sorriso fraco, sentindo a mão de sua irmã apertar a dele e logo ela se acomodar ao seu lado na cama.
ㅡ Eu também detesto essa porcaria de tradição, qual é, olhe bem pra essas crianças.- Lea revirou os olhos.
ㅡ Você precisa ver os que estão vestidos de Barquis.- Hector sorriu debochadamente, revirando os olhos.
ㅡ Sério, o homem não passa de um assassino e mesmo assim recebe homenagens!- Lea riu enquanto balançava sua cabeça em negativo e uma leve risada de seu irmão rondou o ambiente, deixando o clima entre eles tranquilo novamente.
ㅡ Você acredita que toda essa lenda é real?- Hector agora encarou a irmã, percebendo o quão diferente era dela. Lea era mais alta e um pouco mais magra que ele... apesar da genética não ajudar muito a ambos, Hector ainda fazia seus esforços em academias constantemente.
ㅡ Eu não duvido que seja mentira, mas fala sério, uma noiva cadáver? Casamentos com mortos? Mortos subindo pra terra e vivos descendo pro mundo dos mortos? Se é que existe mesmo um mundo dos mortos.- Lea justificou.
As palavras de Lea eram totalmente contrárias do que Hector pensava e estudava sobre a cidadezinha e os mil livros que ele lia sobre a história de Victor, Vitória e Emily. Emily...
Todas as vezes que pensava em quão azarada essa mulher era e que a única coisa que ela quis desde o começo foi negado a ela desde seu primeiro romance, ele se compadecia por ela. Quanto mais estudava sobre Emily, mais se sentia próximo a ela. Hector nunca teve bons relacionamentos, algumas tentativas, mas nada que até hoje tenha sido duradouro ou verdadeiro.
Ele e Lea sempre iam para a praça principal juntos, não importa o que aconteça, eles jamais se separavam nesse momento, enquanto cochichavam no caminho sobre as fantasias das crianças e a decoração da cidade. Tudo era pra lembrar os tempos antigos em que supostamente aconteceu tudo.
Tinha criança vestida de comerciantes de peixe, crianças vestidas dos pais de Victor e Vitória, tinham vestidas de Victor, outras de noiva Cadáver, outras de padre, faziam fantasias de ossos, vestiam os animais de estimação como se estivessem mortos, era tanta coisa horrorosa que sempre arrepiava Hector dos pés a Cabeça. Mas Hector achava intrigante que nunca, desde que começaram com isso, nunca tinha visto alguém homenageando a Vitória, esposa legítima de Victor.
Será que as pessoas não gostavam dela?
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A Noiva Cadáver- Desilusão do felizes para sempre
FanficEmily voltou para sua casa com seu coração despedaçado, ela havia feito a escolha certa mesmo com seu morto coração a implorando para ser egoísta o suficiente, deixar Victor tomar o veneno e ter que ir com ela? Emily se sentiria certamente como seu...