Capítulo 25

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-Que brincadeira é essa? -Falei desejando que tudo aquilo fosse mentira
-Não tem brincadeira nenhuma! eu sou seu pai!
-Eu não tenho pai... -Ele mudou seu olhar- Nunca tive... -Lágrimas começaram a cair
-Eu sei que foi tudo muito complicado, mas eu quero conversar com você...
-Complicado? -O interrompi- Você faz ideia do que passamos? do quanto sofremos?
-Eu vou te explicar tudo... -Tentava me acalmar
-Explicar o que? que depois de uma noite com sua empregada, você a engravidou, teve medo de se tornar uma vergonha para sua família e abandonou ela e a filha na rua? obrigada, mas essa história eu já conheço bem! -Coloquei todo o rancor que guardava dele para fora
-Sou seu pai! você não tem direito de falar assim comigo! sei que está confusa...
-Não estou confusa! estou consciente de tudo que estou dizendo!e você não é meu pai! porque pai é quem cria e da carinho! agradeceria muito se fosse embora e nunca mais voltasse aqui! -O encarei e sai correndo pro meu quarto, o deixando sozinho com minha mãe. Tranquei a porta e me joguei na cama. Aquilo só poderia ser um pesadelo...
-Natalia? eu realmente preciso conversar com você. Por favor filha, abra essa porta... -Ele insistia
-Não tenho nada pra falar com você!
-Eu sei que tem raiva de mim, e que não entende porque fiz vocês duas passarem por tudo isso... mas eu lhe peço, por favor, me deixe explicar, contar o meu lado da história... -Não sabia se devia, mas querendo ou não, ele era meu pai. Me levantei e lentamente abri a porta para ele, que ficou alguns instantes observando meu quarto- Seu quarto é muito lindo... -Murmurou
-Obrigada, tenho que agradecer a minha Mãe -Dei enfase na palavra Mãe- que arrumou tudinho do jeitinho que eu queria...
-Queria poder ter dado isso a você... -Me olhou cabisbaixo
-Tarde de mais! -Falei irônica- E então, vamos direto ao ponto? -Fiz sinal para que ele se sentasse em minha cama enquanto o observava em pé
-Bom, quando eu e sua mãe eramos jovens...

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-Ainda trabalhando? -Perguntei sorrindo ao ver Eliane ainda na cozinha
-Me desculpe senhor Max... só vim pegar um copo d'água -Falou timidamente, seu jeito me encantava
-Tudo bem...
-Melhor eu ir... com sua licença... -Ela se afastou para trás e acabou esbarrando na mesa, fazendo com que um pouco de água caísse no chão- Me desculpe! como estou desastrada hoje -Mal conseguia me olhar nos olhos
-Calma! está tudo bem! não precisa ficar assim! -Peguei em seu queixo fazendo com que ela olhasse para mim.
Seu olhos cor de Mel me olhavam profundamente, seus lábios pareciam macios e serenos, a prendi contra a mesa e lentamente fui me aproximando de sua boca, nos beijamos calmamente, e quando olhei novamente em seus olhos, eles tinham um brilho totalmente diferente de todos que já havia visto até então...
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-Seduziu minha mãe... isso explica muito coisa! -Mais uma vez fui irônica
-Você pode não acreditar, mas nós dois tivemos uma longa história de amor...

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-Enfim a sós... -Aproveitei que meus pais não estavam em casa e a levei a meu quarto
-Não sei se devo fazer isso... -Parecia insegura
-Se não estiver preparada eu entendo...
-Eu te amo Max... mas somos de mundos tão diferentes...
-Isso não importa pra mim... Eu também te amo, te amo muito... -A puxei contra meu peito e acabamos caindo juntos na cama, onde tivemos nossa primeira noite de amor...
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-E é ai que eu entro na história...
-Só quero que intenda que eu não enganei sua mãe, naquela época eu fui apaixonado por ela... mas ela estava certa, pertencíamos a mundos diferentes e não havia razões para ficarmos juntos...
-Nem mesmo eu? -Me senti rejeitada
-Isso não vem ao caso...
-Claro que vem! pelo que sei, o caso aqui sou eu!
-Eu sei que durante toda sua vida, você teve má ideias sobre mim...
-E o que você pode fazer para me convencer a mudar de opinião? -Fui mais além
-Queria que você me desse a chance de poder mostrar que sou um bom pai...
-Não acha que é pedir demais? -Provoquei
-Você é igual sua mãe! -Ele sorri- Eu sei que tudo isso ainda é muito novo pra você, lhe darei um tempo para processar todas essas novas informações, mas não vou me afastar mais, quero recuperar todo o tempo que perdi... -Ele se levantou e caminhou até a janela- Você deve pensar que sou incapaz de sentir alguma coisa, mas durante muitos anos eu fiquei pensando: "Como ela deve ser?" "Se parece mais comigo ou com a mãe?" "Como se chama?" "Aonde mora?" "Quando começou a andar?", e muitas outras perguntas simples que invadiam o meu imaginário... -Parecia sincero- Peço desculpas por tudo que fiz vocês duas passarem...
-Você fez falta nas nossas vidas sabia? teve dias que minha mãe deixava de comer pra me alimentar! -Não consegui evitar as lágrimas ao relembrar meu passado- Mas você não sabe o que é isso, sabe? certamente nunca passou necessidades na vida!
-Eu... eu sinceramente sinto muito filha... -Ele me olha e posso notar os seus olhos cheios de lágrimas. Me encara mais alguns segundos e sai em silêncio, será que fui dura demais com ele? ouço a porta se abrir e logo em seguida se fechar, corro até a janela e o vejo entrando no misterioso carro preto... Oh! era ele o tempo todo?!!
-Filha? -Minha mãe entra com os olhos completamente inchados em meu quarto. Caminhei rápido até ela e a abracei com força
-Quando esse pesadelo vai acabar? -Sussurrava em seu ouvido em meio a soluços. Ela apenas respondeu ao meu abraço, certamente aquilo também estava sendo difícil para ela, como estava...

E Eu Sempre Amarei Você...Onde histórias criam vida. Descubra agora