Violeta

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Algumas pessoas parecem brilhar, isso sempre me causa um leve tormento. Vocês sabem, aquele tipo de pessoa que parece nascer com um destino, com uma vontade pronta em suas mentes, essas pessoas são assustadoras para mim. Talvez por eu nunca ter planejado nada, nunca ter podido sonhar com um destino escolhido por mim, sendo assim, sempre que me deparo com essas pessoas eu me irrito.

É, provavelmente essa irritação controlou muitas das minhas escolhas, porque todo o tipo de pessoa em que me envolvo é do tipo trem desgovernado, exatamente como eu. Espero que isso baste para explicar o motivo pelo qual estou neste momento correndo em direção a estação de metrô de uma cidade chamada São Paulo. Corro como se minha vida dependesse disso, a questão é que realmente depende - Sabe o que dizem, não mexa com brasileiros, eles não são barrados por limites - quase cai nas escadas rolantes, amaldiçoando em minha mente os sapatos novos que escolhi para usar durante a operação de resgate. De acordo com o informante paulista, devo descer na estação da Liberdade e encontrar um carro vermelho popular do qual me foi passada a chave. Bem, essa seria uma missão fácil, se não estivesse sendo perseguida por gorilas enormes armados até os dentes.

O risco é mortal, mas é exatamente disso que eu gosto. Meu coração bate acelerado, só diminuindo o ritmo quando me vejo dentro do metrô e me deleitando com a visão dos homens enormes me procurando no meio da multidão, rio internamente com a vantagem que tenho em fugas por ser uma baixinha e por ser esperta de roubas um bonè de um estranho para me camuflar mais ainda. Olho o boné e percebo o logotipo do posto Shell, não entendo o estilo por trás do uso, mas vi ao menos quatro pessoas o usando hoje, talvez seja um dia de comemoração da empresa.

Percebo o barulho dentro do veículo, pessoas rindo e conversando sentadas nos bancos. Parecem se conhecerem, mas estranho percebendo que eventualmente elas se despedem e vão embora, o que me deixa com a pulga atrás da orelha, será que acabaram de se conhecer? Aparentemente sim, o que me faz lembrar das palavras do informante: "Somos um povo muito receptivo, mas nunca pise no nosso calo...". Agora, tudo parece fazer sentido, essa foi uma das missões de resgate mais complexas, senti o tempo todo que estava em risco.

Apalpo no bolso da minha calça o objeto que me custou todo esse esforço, um pequeno pen-drive com informações importantes sobre um traficante irlandês. Somente esse pequeno objeto vai mudar a vida de muitas pessoas, a começar pela minha. Eu ficarei com a bunda cheia de grana vendendo esta belezinha para o cartel irlandês e para o seu rival nos negócios, os russos. Arriscado? Muito, mas eu adoro a adrenalina e também, não é como se eu tivesse algo a perder, não tenho nada realmente importante e não temo a morte.

Sigo para fora do vagão assim que escuto a chama em inglês, alertando a parada na estação da Liberdade. Desço e caminho escadaria acima em direção a rua, ao adentrar a calçada espanto-me com a sensação de que estou no Japão, isso é realmente incrível, a sensação é de que eu entrei em um tipo de portal de teletransporte. O Brasil é um país incrível, quero voltar quando não estiver a trabalho. Caminho um pouco e entro em uma rua próxima, aciono o botão para destravar o carro que destrava um Uno vermelho, ótimo para não chamar atenção por ser um veículo muito comum.

Ligo o rádio com uma sensação de feliz trabalho cumprido, pego o computador dentro do porta-luvas e acesso à internet para comprar a minha passagem de volta para a Califórnia, quando me deparo com uma notícia assustadora. O governo dos EUA acabou de descobrir uma instalação com pessoas sendo escravizadas por uma empresa farmacêutica, ao que tudo indica essas pessoas foram sequestradas quando ainda eram bebês e criadas como cobaias de testes.

Eu não saberia descrever o que eu senti, mas uma coisa se acendeu em mim naquele momento, como se eu tivesse que investigar essas pessoas e a voz da minha mãe foi a coisa que apareceu na minha mente, me atormentando.

Não posso acreditar que estava envolvida com isso, não tenho nenhuma prova ou conhecimento de quem são essas pessoas. Mas, eu sempre confiei nos meus instintos e estão gritando para eu meter o meu nariz nisso. Será que ele estava lá esse tempo todo? 



Espero conseguir uma imagem legal de capa. 

Para quem leu, agradeço e espero que tenham se interessado pela personagem feminina.

No próximo conheceremos o nosso personagem masculino cheio de marra e força. 


Até a próxima, pessoal :) 

A Violeta de Caos - Novas EspéciesOnde histórias criam vida. Descubra agora