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Eles definitivamente não nasceram pra permanecer juntos...

É assim que nossa história se simplifica. Alguns acham que é exagero da minha parte, mas tem coisas que se tornam aleatórias até mesmo pra uma pessoa aleatória quanto ele.

Sou estrangeira em um país culturalmente rico e com tradições bem fortes até mesmo pras novas gerações. Não era ele quem tinha uma necessidade em se encaixar, seja em um lugar ou em um relacionamento. Era eu. Acho que ele não suportou tudo isso.

Nosso último encontro foi na Ilha Jeju, ele disse que era um dos lugares favoritos dele. Tivemos dois dias de folga das aulas e ele me levou lá, pra terminar comigo.

AAARRGH! Eu simplesmente fui submergida em um poço de sentimentos confusos e profundos a ponto de que eu realmente não consigo discernir a situação com a clareza que deveria...

Fiz amizade com os amigos dele antes de que eu e ele nos conhecessemos e isso agora é tortuoso. Todos frequentamos a mesma faculdade, a maioria participa dos mesmo clubes, vamos aos mesmos lugares, dividimos alguns interesses em comum... Quero sair e conversar sobre o que me atormenta, mas meus amigos mais próximos são amigos dele. Com quem eu posso conversar?

Não quero que o que tenho sentido nesses dias, chegue até ele. Tenho evitado o refeitório, pedi pra me ausentar temporariamente da equipe de líderes de torcida, já que ele é um astro do basquete e estamos nos preparando pra um torneio assim que o período de férias terminar. Seria inevitável esbarrar com eles nesses lugares. Eu tenho feito mais que o possível e impossível pra que ele não me veja e vice versa. Tenho sorte que ele cursa cinema e eu teatro.

Apesar de ser um ano mais velha que ele, como vim pra cá a um ano, ele na verdade está um ano avançado no curso dele. Mesmo que agora tenhamos uma grade curricular onde aqui as matérias coincidam, ele já fez essas cadeiras e eu não sou obrigada a vê-lo involuntariamente.

Ontem foi meu último dia de aula antes das férias. Decidi ir pra Jeju sozinha. Avisei Kim Bora, que provavelmente é minha amiga mais próxima agora, porque precisava que ela ficasse com meus gatos por uns dois dias. Ela tem saído com o Rose, mas pedi pra que ela não comentasse com ninguém sobre a viagem. Só ficasse uma ou duas horas com meus bichanos e os deixasse bem alimentados e tudo que fosse necessário na minha ausência.

Cheguei em Jeju, fui pra um hostel. Um lugar muito simples e pequeno, pois só queria e precisaria de um lugar em que pudesse dormir. Já tinha me programado pra ficar dois dias e uma noite. Não queria ficar tanto tempo, só queria me reorganizar mentalmente pois sabia que depois das férias eu não ia mais poder fugir ou fingir que ele não existia.

Fui até o local onde ele me levou. O local onde nós terminamos.
Definitivamente eu precisava confrontar minhas últimas lembranças daqui pra poder analisar as coisas e me recompor. Passei boa parte do dia naquele pequeno espaço na praia, próximo da areia, embebida de sentimentos gritantes. Mais gritantes que um grupo de jovens que corriam descalços pela terra molhada pela água que ia e vinha com as ondas.

Foi então que meus olhos cruzaram com um par de olhos familiar. Que vinha um pouco mais afastado de onde os jovens estavam. Eu não acho que ele veio sozinho, mas não tenho como garantir.
Sai correndo dali buscando não chamar tanto a atenção e acho que deu certo.

Como tinha alugado uma camionete pequena (sim. Eu gosto dessa sensação meio rural, meio urbana), fui para o outro lado da ilha, o mesmo lado que fui assim que ele deu as costas pra mim no dia do término.
Eu precisava de um lugar de campo aberto, com árvores. É assim que eu costumo tentar me tranquilizar.

Estacionei próximo de uma árvore grande, a mesma onde tinha me sentado à sombra um tempinho atrás.
Soltei meu cabelo pois estava ventando e eu gosto da sensação de quando o vento bate nele, quando estou em lugares assim. Peguei a câmera fotográfica que estava no banco de passageiros assim como a minha mochila e finalmente desci do carro.

Olhei ao meu redor. Tudo calmo, tranquilo e solitário, assim como eu gosto. Estava um dia lindo, ensolarado pra mais de metro. Eu simplesmente joguei minha mochila nos pés daquela árvore. Suspirei e não consegui controlar a gargalhada que precisava instintivamente soltar desde o momento da minha fulga da praia e de estar ali, sozinha.

Foi então que um vento cortante passou por mim, carregado de um arrepio na espinha e um frio na barriga. Eu não estava sozinha.
Ou era muito previsível ou havia sido seguida.

Eu tinha ganhado um presente do instante presente e eu não tinha gostado da surpresa. Ele estava ali. Lim Jaebeom estava ali.

Gente, desculpa criar um capítulo tão extenso. Queria introduzir a história dessa forma e acabou dessa forma.
Gostaria de contar com o apoio de vocês, se virem erros de gramática, pra que eu possa corrigir. Vou tentar fazer meu melhor, faz muuuito tempo que eu não escrevo 🧚🏻‍♀️

Como calcular um peso morto?Onde histórias criam vida. Descubra agora