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     - Jaebeom, preciso do seu celular. - Me aproximei tentando alcançar o celular do mesmo, que estava no bolso da sua camisa. Fui impedida por sua mão.

     - Você precisa dele pra que?

     - Pra chamar o Jinyoung. Pede pra ele vir nos buscar.

     - Por que toda essa insistência com o Jinyoung?

     - Porque entre os seus amigos, ele é o que eu mais confio. E o Youngjae. Mas eu preciso muito falar com o Jinyoung, então mataria todos os coelhos de uma só vez.

     - Você está cheia de segredos. Cheia de segredos com um dos meus amigos mais próximos. Eu não gosto disso. Eu não gosto nada disso.

      - Você já percebeu que não tem que gostar de nada ou opinar em nada na minha vida? Nós não estamos mais em um relacionamento. Com quem eu falo, deixo de falar ou com quem eu resolvo dividir as coisas, bem, isso já não é mais uma coisa que lhe seja pertinente... Foi você quem terminou, sinceramente... Além do mais, quem sabia sobre nós? Isso mesmo: quase ninguém. Mantenha os limites que foram criados e não cruze a linha. Obrigada.

     Ele me olha em profundo silêncio e eu sei que aquele par de olhos escuros carrega um julgamento e um certo desconforto. Mas algo que ele não falaria, ele não iria perder a fama de bad boy por tão pouco. Eu era o peso morto dele. Eu era tão pouco. Eu acabo soltando um suspiro profundo e prosseguindo:

     - Olha, eu não quero brigar com você, Jaebeom. Você é amigo do meu irmão e da maioria dos meus amigos. Nosso término deveria ser algo entre nós. Isso tem afetado outros campos da minha vida, tem afetado algumas amizades. O Rose não fala comigo a dias, agora você tá tentando me afastar do Jinyoung, que além de meu amigo é colega de curso. - Parei de falar quase ofegante com tamanho discurso. Desviei o meu olhar até Lim Jaebeom e vi ele levantar a cabeça e olhar em minha direção, pronto para falar algo, mas então desistiu e pegou o telefone do bolso.

     - Alô?! WHAT'S UP MAN?!?!? Olha só Jinyoung, preciso de um favor seu. Você pode vir buscar eu e a SuA aqui do outro lado da ilha, no parque? Eu te explico melhor quando chegar, não quero alarmar ninguém sobre nada. Tem como vir agora? Beleza! Estamos próximos a árvore grande que tem no morro, acima da área do lago. Vamos te esperar aqui.

     Não consegui ouvir o que Jinyoung respondeu, a ligação parecia propositadamente baixa. Jaebeom então pegou uma garrafa de água na sua mochila. Bebeu um gole e passou pra mim enquanto começou a falar.

     - Foi ele quem me disse. Ele quem me disse que você estaria aqui. O Rose... Ele foi ajudar a BoRa a cuidar dos seus gatos. Ele não quis vir junto com o time, porque achou que cuidando dos seus gatos ele acabaria se redimindo com você.

     O Rose tem evitado falar comigo, porque ambos são melhores amigos de infância. Os dois tem um grupinho com mais quatro amigos de infância e um desses quatro e o meu irmão e o outro é meu primo. Com exceção do meu primo, que morava no Canadá quando pequeno e só vinha nas férias pra visitar, todos cresceram no mesmo prédio...

     Foi o Rose quem me apresentou pro Jaebeom. Na época, Jaebeom recém estava voltando de um intercâmbio no Japão e SuHo recém tinha ido pro exército. Eu e Rose éramos amigos antes de tudo ir ralo abaixo, é injusto ele me evitar porque não quer se meter no assunto. Ele, assim como o meu primo Junny e o meu irmão, fazem parte do time de basquete.

     - Aaaaaah... - não vou negar, isso me deixou um pouco mais contente. Provavelmente teria meu amigo de volta, assim que voltasse pra casa. Mas ia dar uma chinelada nesse fofoqueiro. - Falando em time, tava tão fixada no Jiny que esqueci de perguntar sobre o Junny. Ele não veio com vocês?

     - Jiny... Você me chama de Jaebeom, mas chama o Jinyoung de Jiny... Enfim, o Junny foi direto pro Canadá. Ele disse que queria aproveitar esse período de descanso com os amigos dele de lá, já que já faz algum tempo. Vocês não tem se falado? Como você que é praticamente grudada nele, não sabe o seu paradeiro?

     - Eu te chamo de Jaebeom porque não tenho mais intimidade com você. Você deve me chamar de SuA ou de Sônia, se preferir. Não me chame de SuH. Isso parece que nos dá intimidade e eu não quero... Eu e o Junny brigamos. Brigamos por sua causa...

     - Minha doce e querida SuH, eu vou te chamar do que eu quiser. Goste você ou não.

     - Você deveria chamar a Suzy de querida e não eu. Você me irrita, Lim Jaebeom. Você me irrita.

     - Huuuuuummm... Então eu irrito você? - ele se inclina suavemente aproximando seu rosto do meu - Por que você e o Junny brigaram por minha causa?

     Meu deus. Paciência. Conta até 20, paciência. Eu vou acabar socando a cara de Lim Jaebeom antes do Jinyoung chegar aqui e provavelmente eu vá parar na cadeia não pelo fato de um carro roubado e provas contra os ladrões, mas sim por cometer um crime de ódio. Sem Paciência pra Jaebeom, sem paciência pra drama familiar do Junny. Porém sei que se não falar, ele vai ficar me enchendo o saco e eu só quero que ele cale a maldita boca.

     - Você por acaso não briga com o seu primo frequentemente? Claro, ele tá no exército e vocês não tem como viver a belíssima história de amor e ódio entre vocês com a mesma frequência que eu e o Junny... O Junny queria contar sobre nosso relacionamento e sobre o término, pro SuHo. Eu não deixei, já que você também não fez isso antes. Ele não precisa saber. Ele não precisa saber se vocês não querem brigar um com o outro. Você sabe como ele é e como vai agir melhor do que ninguém... Olha Jaebeom, eu tô sem paciência pra esse melodrama!

     Quando ele pensou em revidar as minhas palavras, ouvimos o som da buzina do carro do Jiny. Mais uma vez salva pelo gongo.

Como calcular um peso morto?Onde histórias criam vida. Descubra agora