Capítulo 3

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"Com você eu fico frágil pra enxergar

Nos seus olhos a minha incerteza
Por isso eu resolvi encerrar o nosso prazo, o nosso prazo
Pra ver você sorrindo sem ter que invadir o seu espaço, o seu espaço

Entre você e eu ficou quase tudo intocado
Mesmo que a nossa casa caia de repente
Você vai continuar aqui intacto
Na minha vida, na minha cabeça confusa
A sua vida imprevisível
Deixou a nossa validade invisível e o meu amor imperecível..."

Dentro do carro do Adrien, fico me perguntando o que me levou a ceder tão rápido. O misto de expectativa e angústia que encontrei em seus olhos? A forma como seus lábios se moveram no pedido de desculpas que deveria ter vindo há muito tempo? Não sei dizer, mas sinto no meu âmago que não podia ter aceitado. Eu não deveria ter aceitado, agora Adrien vai estar próximo o suficiente para me fazer ter novos sentimentos por ele. Como se os antigos já tivessem sido totalmente superados.

Não sei afirmar se cheguei a esquecê-lo completamente. Pelo menos foi o que ouvi do Luka, quando demos um tempo no nosso namoro. Foi horrível terminar tudo, eu sei que gostava dele, que gosto dele ainda. Contudo, a sombra do Adrien sempre existiu entre nós e eu morria de vergonha quando Luka encontrava algum recorte de revista dos ensaios do Adrien. Ele nunca implicou com isso, sempre foi muito compreensível comigo e aceitava a desculpa de que ele era um modelo famoso e eu futura estilista. Até que começou a não colar mais, ou Luka finalmente percebeu que não queria uma garota que não o amasse por completo ao seu lado. Terminamos há alguns meses, ainda é difícil para mim porque ele foi meu companheiro por anos. Luka sempre foi meu amigo e eu continuo a me perguntar, se não seria mais saudável para o meu coração se eu o tivesse amado como amei Adrien.

Agora não adianta mais pensar nisso, eu não tenho nenhum dos dois.

Estou sozinha.

— Parabéns, sua atuação foi bem convincente. Aceitei essa ideia estapafúrdia e agora vamos ver no que vai dar — implico, cruzando os braços, enquanto Adrien manobra para me deixar no quarto de hotel em que estava hospedada até pegar as chaves do apartamento e ficar a par do meu infortúnio.

No caso hoje mesmo eu me mudo, porque não dá para ficar pagando dois lugares ao mesmo tempo. Já fiz o depósito do apartamento e não tenho muitas coisas comigo, além de roupas, meu material de trabalho e estudo.

— Eu não atuei com você, Marinette — devolve, sua voz soando calma e ponderada. — Fui sincero quando disse que gostaria de recomeçar. Sei que ouviu o que eu falei na minha festa de boas-vindas, mas eu estava bêbado e abalado com algumas coisas. Foi da boca pra fora. Sei que cometi erros, por isso quero me redimir com você. Estou feliz de ter essa oportunidade — conclui, realmente parecendo arrependido.

— Você é muito bom com as palavras — ironizo. — Aliás, no que você não é bom, Adrien Agreste?

— Não sou bom em esquecer minha amiga de infância, em fazer com que ela acredite no meu pedido de desculpas e me dê uma segunda chance — declara, causando um tremor na minha estrutura.

— Parabéns, quase conseguiu — retruco, desviando os olhos de sua mandíbula marcada para não cair em tentação.

Não vou dar o braço a torcer de que estou totalmente abalada e ligeiramente inclinada a aceitar o pedido de desculpas. Muito menos assumir o quanto ele me magoou quando disse aquelas coisas sobre a nossa amizade. Adrien jamais saberá que eu chorei e fiquei sem comer direito por dias, quando ele foi embora sem se despedir de mim.

Como cão e gatoOnde histórias criam vida. Descubra agora