Capítulo 4

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Esse capítulo pode ser sensível para algumas pessoas, vou abordar assédio superficialmente e não sei muito bem como sinalizar gatilhos. Mas se sentir desconfortável não leia ou pule o capítulo.

Quando chego, acendo a luz e imediatamente vou até o quarto da Marinette procurar por ela. Está tudo silencioso, demorei um pouco mais porque aproveitei para pegar minhas coisas e dar baixa no hotel. Repasso as palavras que eu direi para ela, as quais estão ensaiadas na minha mente, então bato duas vezes em sua porta e aguardo. Silêncio. 

— Mari? — Chamo, com a expectativa sufocando meu peito. — Já dormiu? Se não, podemos conversar?

Uno as sobrancelhas em confusão, procuro por algum sinal dela no apartamento e nada. Tento girar a maçaneta da porta esperando que Marinette não me mate se estiver lá dentro. Entretanto, está trancada, faço o caminho de volta e me sento no sofá. Onde encontro um bilhete com a letra cursiva e redonda da Marinette:

Sai com o Luka, não vou passar o final de semana aqui e irei direto para o ateliê na segunda de manhã. Cuide do apartamento e não chame a polícia.

Solto um suspiro angustiado e aperto o papel em meus dedos. Mordo o lábio inferior, tentando assimilar o que esse recado quer dizer. Eles voltaram? Luka está aqui? Eu ainda tenho chances? Vou até a geladeira e tiro uma long neck de lá, sorte que pedi para abastecerem com comida antes. Para o caso da Marinette precisar e bom, as cervejas eram para bebermos juntos qualquer dia. Como amigos. Balanço a cabeça, decidindo não ficar ali sozinho na fossa. Esvazio a garrafa em velocidade recorde, tomo um banho, troco de roupa e saio para a noite. As estrelas serão minhas companheiras, é o que tem pra hoje. 

Entro no primeiro bar que encontro, a brisa suave de antes começa a dar lugar a uma ventania que indica chuva. O que quer dizer que preciso me refugiar se não quiser tomar um banho. O boné esconde meus cabelos loiros, que entregam logo de cara que sou Adrien Agreste. Os olhos são outros quinhentos, mas não é como se ninguém mais tivesse autorização para ter olhos verdes. 

Marinette está em algum lugar da cidade com o Luka e só me resta tentar espairecer com uma bebida. Quando paro no bar, algumas mulheres me encaram curiosas. Talvez eu não devesse escolher a jaqueta preta que chama atenção, destoando com o boné preto que realça a cor pálida da minha pele. Deveria optar por um moletom simples que me ajudaria a passar batido. Em minha defesa, às vezes esqueço que não preciso estar sempre impecável para o caso de ter algum fotógrafo atrás de mim. Hoje mesmo é um desses dias em que eu quero passar batido. Ser invisível se possível, mas talvez não seja uma opção. Analiso a garota morena aproximando-se de mim e desvio o olhar, esperando que ela vá embora.

Ou que não seja eu o alvo da sua atenção. Acabo dando uma chance quando a vejo sentar ao meu lado, ela parece tão solitária quanto eu e talvez ter uma companhia me ajude a ficar melhor.

Não sei exatamente o que acontece em seguida, eu bebo muito na companhia daquela garota que descobri de chamar Lila. Ela é divertida e começa a encher meu copo sem que eu precise pedir. Não sou muito de beber, tenho uma dieta controlada que impede a ingestão desenfreada de álcool. Além de que não posso simplesmente extrapolar como gostaria por causa da imprensa. Portanto, meio que me sinto livre por algumas horas.

— Se sente melhor, Adrien? — Ela pergunta, retirando meu tênis e minha camiseta enquanto senta no meu colo.

— Como sabe que eu me chamo Adrien? — questiono, minha cabeça gira e eu não tenho noção de como cheguei no meu próprio apartamento.

— Seus olhos são inconfundíveis, agora me deixa cuidar de você — responde, empurrando meu torso de volta para a cama. 

— Não posso, a Mari pode chegar e ela vai odiar ver uma mulher aqui — alego com a voz engrolada pela bebida.

Como cão e gatoOnde histórias criam vida. Descubra agora