Bem Vindos a Adol

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1939 - Berlim - Alemanha

Era véspera de Natal na Adol -Se pronuncia Ádôl - A cantina servia enormes pedaços de coxas de frango para as crianças, que vestiam diferentes suéteres natalinos e coloridos.

Numa das mesas haviam 3 crianças, duas meninas e um menino.

- Você é idiota por acaso Charles? Acha que eles estão dando essa festa porque eles gostam da gente? Muito engraçado. Não vejo a hora de ficar maior e poder sair daqui. - Disse a mais alta das meninas, num tom de deboche.

- Qualé Beth! Você tem uma imagem muito ruim da Adol, o que o Adam diria se ouvisse você dizer isso? - Disse o garoto.

- Meu pai amado, como você consegue ser tão burro? - Beth se levantou, bateu a mão na mesa e em seguida, Charles fez o mesmo. Havia uma diferença enorme de altura entre eles, Beth, uma menina branca como a neve, cabelos ruivos e olhos escuros, era pelo menos uns 20 cm mais alta que Charles, um garoto de pele parda, cabelos pretos, lisos e cheios e passava uns 3 cm da bancada da cozinha.

Os dois se encaravam e davam olhares de odío um para o outro. Mia, que continuava sentada parecia impaciente.

- Vocês dois podem se sentar e parar de brigar? Querem que os seguranças levem vocês pra detenção?

Todos na cantina olhavam para os 3. Charles e Beth se sentaram novamente, ainda se encarando com raiva nos olhos.

- Adam está aqui - Disse Charles abrindo um leve sorriso no rosto.

- Uau, mais um nazista pra colaborar com meu dia, você sabe que só ta vivo porque seu poder é absurdo certo?

- Cala a boca, o Adam gosta de mim - Os olhos de Charles brilharam - E ele acabou de entrar!

- Bom dia meus filhos! - Adam era um homem alto, não muito magro, pele tão pálida que chegava a ser meio acizentada, seu rosto era poderoso, lembrava a de um réptil venenoso e cruel. Seu sorriso quase formava um triângulo, e suas roupas pareciam trapos velhos mas bem cuidados.

Charles levantou a mão ascenando para Adam, que sorriu em direção ao garoto. Mia e Beth se olharam e ambas lançaram olhares de nojo para Charles. Adam coçou a garganta.

- Meus filhos, vim lhes desejar um grande e feliz Natal com muitos presentes para todos!

Vários carrinhos entravam pelo lado de fora da cantina, com caixas de diferentes tamanhos, cores, e etiquetas que pareciam ter nomes escritos a mão.

Os olhos das crianças brilhavam.

- O que estão esperando? Venham buscar seus presentes!

Todas as crianças se levantaram e correram na direção dos carrinhos. Charles socou o joelho na mesa de tão agitado, e correu para pegar o seu.

- Beth, a gente precisa conversar. - Disse Mia num tom sério.

Beth, que estava calada e de cabeça baixa, apenas fazendo sua refeição somente acenou com a cabeça e se levantou. Deixou o prato na bancada, e encarou Adam com uma feição de ódio genuína. Adam apenas sorriu e mandou um beijo com a boca. Pelo menos Charles parecia feliz.

Mia e Beth caminhavam pelos corredores em direção aos dormitórios, apenas conversando.

- Quando descobriu? - Perguntou Mia.

- Ontem. - Beth suspirou.

- Como se sente?

Beth a encarou com um olhar que dizia "Não é óbvio?"

- Horrível, foi o que eu imaginei.

Continuaram caminhando até quase a porta dos quartos, quando mm segurança apareceu atrás das garotas no começo do corredor.

- Bethany?! Seu pai quer falar com você. - Disse ele num tom de deboche.

Beth se virou para Mia e sussurrou:

- Me pergunto quantos deles já sabem. - E foi em direção ao segurança.

Mia suspirou fundo, sua mente parecia conturbada com pensamentos demais para processar. Preciso dormir, eu falo com a Beth sobre isso depois. Pensou Mia enquanto entrava no dormitório.

- Não tão rápido mocinha. - Uma voz feminina surgiu de fora dos quartos. Mia olhou para trás e viu 3 garotas paradas de frente para a porta.

- Solta meu braço. Antes que eu quebre e... - Mia levou um forte tapa no rosto, a fazendo cair de uma vez.

- Cala a boca vadiazinha revoltada. Uma das meninas segurou os braços de Mia, que estava ao chão ainda processando a força do tapa que marcara seu rosto de vermelho.

- Me solta sua desgraçada! Que porra é essa?! - Mia se debatia tentando sair.

- Calada sua puta, vai se arrepender de ter roubado meu homem. - Disse uma das garotas.

- De que porra cê tá falando Mayla? - Mia afastou a mão da garota.

Uma das meninas de trás foi para frente.

- Então o Charles começou a andar com vocês do nada né? Confessa, foi você ou foi a Beth que deu pra ele em?

- Stella, o Charles começou a andar com a gente porque ele quis tá, ninguém seduziu ele não ô caralho! Agora me solta, se não quiser perder o braço.

Antes que Mia pudesse usar seus poderes, Mayla a prendeu usando as algemas reguladoras.

- Mayla, me solta, eu juro que...

Outro tapa. E outro. E logo Mia estava sendo espancada pelas 3 garotas.

No meio da briga, uma fumaça começou a entrar por todos os vãos do quarto. Era uma fumaça escura, mas incrivelmente não tinha cheiro nenhum. De repente, a fumaça se reuniu no meio do quarto e formou o que parecia ser a figura de um humano.

Lucio era o mais velho da Adol, seus cabelos longos e cinza escondiam seu rosto pálido, andava sempre descalço e sempre que podia, fumava cigarros que roubava dos seguranças.

Ele puxou com força Mayla para trás até a parede, e pegou as duas outras garotas pela gola da blusa, as jogando em cima de Mayla, que já estava desacordada.

Lucio ajudou Mia a se levantar e levou ela até a enfermaria.

Ainda sem títuloOnde histórias criam vida. Descubra agora