A Filha de Hades

TIME FLIES WHEN WE'RE HAVING FUN

Tempo. Para um deus, tempo não é nada mais que um leve incomodo em sua vida imortal, pelo menos fora isso que todos pensavam. Quando se vive eternamente e com poderes absurdos à sua disposição, o tempo não se passa do que uma pequena palavra. Hades pensava assim, até se ver esperando por mil anos uma garotinha abrir os olhos. No começo achou ridículo a espera, mas quando ouviu a respiração da pequena se tornar regular e aqueles olhos azuis o encararem, tudo pareceu valer a pena.

Havia se passado oito anos desde o despertar de Ravena. Oito anos em que a pequena vinha crescendo e evoluindo. O tempo pareceu se tornar tão frágil e cruel conforme a idade de sua filha aumentava e ele se via desesperado para aproveitar todo o tempo que poderia com ela.

Se algum dia te perguntasse se o deus do submundo poderia se mostrar alguém amável e protetor, você provavelmente riria ou acharia inacreditável, mas foi o que aconteceu. Hades se mostrou paciente e apoiador nos momentos em que Ravena precisava, a ajudou em aprender a origem dos deuses e de seus poderes mitológicos e como misturar as tintas em uma pintura, mas os segredos que o Deus escondia da filha iriam logo acarretar na única coisa que ele pretendia a todo custo evitar.

Os dias passavam rapidamente no submundo, dependendo de sua estadia no lugar um ano pode parecer centenas de anos ou alguns dias.

Ravena era uma semideusa curiosa de nascença. Cresceu ao redor dos muros do palácio de seu pai, sua inocência era protegida a qualquer coisa por Hades. Ela se sentia prisioneira em seu próprio lar, proibida de ultrapassar as barreiras importas por seu pai ou contatar com o mundo exterior.

Seu poderes eram fracos e ela mal conseguia acender um fósforo, mas havia mais e Ravena sabia. Algo poderoso vivia algo de si, algo poderoso demais e impossível de existir no corpo de um jovem de quase 12 anos. Hades escondia algo de sua filha e Ravena estava determinada a descobrir o que era, mais do que isso, ela estava desesperada para conhecer o mundo. Saber o que é sentir o sol em seu rosto ou o cheiro de grama fresca e não em decomposição. Seus sonhos eram tão simples, mas tão longe de seu acesso.

Em uma fatídica tarde, alguém novo veio ao palácio. Alguém diferente de Ravena, mas semelhante ao mesmo tempo. Era uma aura feminina e poderosa e seu poder guiou a jovem pelos corredores escuros que se tornaram o lar de Ravena e a levaram até a sala principal.

Descuidada como sempre, Ravena quase entrou sem pensar no comodo. Foi só a voz grossa de seu pai que a levou a recuar alguns passos e olhar através do batente da porta. Seu pai estava diferente, ela só o reconheceu pela voz, mas aquele...ser não era seu pai!

Era uma forma gloriosa e aterrorizante. Tinha mais de três metros de altura e tinha asas, seu pai tinha asas de morcego em chamas. Todo seu corpo parecia estar em fogo e seu rosto era desregular, monstruoso. Seus olhos pareciam oco, quase não tinha nariz e seu dentes pareciam cotocos amarelados.

Hades conversava com uma mulher. Não, não era uma mulher, mas um espírito. Um espirito reluzente e quase transparente. Era pacífica, o oposto da forma amedrontadora de seu pai.

- Tem que haver uma maneira! - Hades esbravejou derrubando ferozmente um mesa. Ravena andou para trás assustada.

- Não há como esconder o que ela é. - Disse a alma calmamente. Ela era tão pequena comparada com o ser em sua frente, mas não demonstrava medo, só calmaria. - Quanto mais tempo esconder as origens de sua filha, pior será. - Ela alerta e aproxima de Hades destemida.

- Não posso. - Ele diz e sua força passa a tremeluzir. Seu pai começava a voltar para o estado em que Ravena passara a amar incondicionalmente.

- A magia não pode ser contida. O sangue nas veias de Ravena é um perigo para todos nós e que se for contido por muito tempo, vai explodir. Ela tem que aprender a controlá-lo.