Capítulo 4

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Madara suspirou mais uma vez enquanto bebia um gole de seu quente chá, parecendo mais calmo do que realmente estava. Ele parecia tão cínico e ousado aos olhos de Izuna, que ficou o encarando enquanto colocava de novo a xícara sobre os lábios. Ele abriu os olhos cansados, o olhando ameaçador.

— Vou continuar aqui até você mandar. — disse ele

— E quem disse que eu vou? — perguntou, cruzando os braços e fazendo cara feia

O Uchiha mais velho apertou os olhos, colocando a xícara e o pires sobre a mesa. Apoiou os cotovelos na madeira e entrelaçou os dedos, cobrindo a boca com os mesmos.

— Ou você manda essa merda de mensagem, ou eu enfio esse celular no teu cu, seu arrombado — falou o olhando fixamente nos olhos — Por favor, Izuna, eu não aguento mais você reclamando sobre isso e nem ao menos tenta.

— Eu tento sim! Só que-

— Não me venha com desculpas. — agora tinha se jogado para trás e cruzado os braços — Se não enviar, eu faço isso no seu lugar.

O Uchiha mais novo ficou pálido.

— Não, pode deixar que eu envio — se pronunciou com a voz trêmula

— Eu já estou a espera disso. — se aprumou e continuou tomando o chá olhando o irmão

O moreno menor engoliu em seco com medo do irmão e do que aconteceria a seguir. Acendeu de novo a tela do celular, abrindo a aba de mensagens e franzindo os lábios enquanto iniciava mais um conversa com Tobirama. Olhou o irmão, em busca de algum tipo de salvação que sabia que não viria. Esperança é a última que morre, não é? A dor só era sentida no momento, e não sentiria falta dela depois. Reuniu toda a coragem que tinha em seu ser, dizendo a si mesmo que era somente o chamar para sair e esperar ele retornar. Quando viu, seu dedo estava prestes a apertar o botão de enviar e olhou o irmão enquanto pressionava a tela. Depois, jogou o celular sobre a mesa, como se estivesse possuído e o moreno maior o virou, deixando a tela para cima. O mais baixo o tinha desligado, mas acenderia quando e se o Senju também lhe enviasse uma resposta. Ele poderia simplesmente ignorar.

O conteúdo era algo simples, somente dizia quem era e se ele topava ir a algum lugar um dia desses. Nada a mais, nada a menos. O básico do básico, contudo, que já deixava Izuna tão ansioso e nervoso quanto um vulcão em erupção. Quanto tempo será que levaria para ele lhe responder?

×××

Ok, agora realmente não estava mais nervoso e sim irritado. Fazia meia hora que ele não mandou nem um mísero oi. Nem ao menos viu mensagem. Até mesmo Madara estava impaciente, ameaçando ligar para ele, mas nunca o fazia. Batia o pé repetidamente no chão, os dedos batucando a mesa enquanto o Uchiha mais velho remexia um pingo de chá dentro da xícara. Bufou, prestes a pegar o celular e voltar ao quarto sem resposta mesmo, contudo, na hora que ia ao menos encostar, a tela se acendeu.

Izuna voltou rapidamente a sentar direito e recolher a mão, como se visse um assombro ou como se o celular queimasse. O moreno maior lhe lançou um sinal para ver logo. Suspirou, sabendo que ele não ia sair daí até responder Tobirama de uma vez.

Pegou o celular e abriu as conversas. Corou quando viu a resposta dele.

— Ele aceitou? — o mais alto perguntou, agradecendo aos céus

— Eu não sei? — o Uchiha mais novo indagou mais a si mesmo do que ao irmão

— Como assim não sabe? — questionou descrente

— Ele perguntou se você e o Hashirama iam, ou mais alguém.

Os dois ficaram em silêncio por um tempo.

— Mas que burro. — o mais velho sussurrou, praguejando — Tinha ninguém melhor não Izuna? Tinha que ser logo esse daí?

— Eu não mando em mim mesmo, ok? — quase berrou — Vou responder logo ou vai que ele pensa que é trote.

Madara revirou os olhos enquanto o moreno menor apertava as teclas rapidamente e mandava mais uma mensagem explicando que seriam só os dois. Sentia o coração a mil pela ansiedade por uma resposta. Seu consciente brigando entre paixão e lógica. Ele respondeu poucos segundos depois e não pôde evitar o sorriso bobo crescendo em sua face. O Uchiha mais velho somente suspirou, vendo o irmão todo bobo pelo Senju. Talvez estivesse tendo um déjà vu.

— Ele aceitou não foi? — o mais baixo balançou a cabeça para cima e para baixo diversas vezes — Então não venha mais reclamar para mim que é covarde e não tem coragem pra nada. — levantou para deixar a xícara na pia — Izuna. — o chamou mais sério dessa vez

Viu ele virar a cabeça, já reconhecendo o tom e o olhando atento.

— Você já é um adulto e sabe o que faz, não é de minha responsabilidade o que irá acontecer. Mas eu estarei aqui para o amparar por pura vontade. Não vou me meter no seu relacionamento com Tobirama a não ser que algo mais grave venha a acontecer. Escolherá se continuará nesse caminho ou outro. É sua vida e não a minha, não tenho que mandar em nada. Mas já te aconselho — cruzou os braços, encostando a cintura no balcão —, eu não confio nele, e sei que você também não confia mais tanto quanto antes, mas se ocorrer qualquer deslize, se afaste. A última coisa que quero é você magoado de novo, Izuna.

O mais novo sorriu terno em sua direção, acenando positivamente. O mais alto sabia que o irmão entendia. Viver um amor, mesmo que antigo, não era ruim. Uma prova disso era ele e Hashirama. Porém, ainda assim, não perdoava Tobirama, não depois de tudo aquilo que o irmão e a escola contaram.

×××

Um pouco distante dali, Tobirama andava de um lado para o outro, corado e com o celular na mão. Quando mandou um último 'tchau' para Izuna, se sentou na cama, como se suas forças tivessem sido sugadas. Mas apesar disso estava feliz.

Tinha um encontro. Com Izuna. Com Izuna Uchiha.

Considerava isso um encontro, e nada além dele o iria fazer mudar de ideia.

Não era nada extravagante ou muito romântico, contudo, já era alguma coisa. Não estava em um filme adolescente americano. Iriam somente a uma lanchonete nova que o Uchiha ainda não conhecia. Ele se dizia curioso, já que Hashirama sempre a elogiava e coisas do tipo. Falando no irmão, não iria contar a ele. Provavelmente iria espalhar para as senhorinhas da calçada da rua, que iriam espalhar para a cidade inteira. E tudo que menos queria era pertubação na sua vida, principalmente a amorosa.

Riu de si mesmo novamente por sentir o corpo ansioso, o coração acelerado e o sorriso que não queria sair de jeito algum.

Iria o reconquistar, mesmo que isso durasse um ano inteiro.

Porém, também, tudo que queria primeiramente, era seu perdão.

Perdão (TobiIzu)Onde histórias criam vida. Descubra agora