Capítulo 11

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Izuna estava sentado na cozinha, seus olhos deveriam estar bem inchados pelo choro anterior. Sua face não expressava nada enquanto a cabeça abaixada tinha os cabelos rebeldes a cobrindo. Tobirama olhou mais uma vez pra ele antes de terminar o pedido, desligando o celular e voltando a sentar do lado dele. Já teria eu como sou, contado que o Senju também já tinha contado também o que o levou a fazer aquilo?

O albino se sentia culpado, o Uchiha parecia num transe eterno e frio. Deveria ter lhe contado depois, não o sobrecarregado assim. Talvez estivesse muito agoniado e excitado pela situação que acabou se deixando levar e vomitou toda a informação sobre ele. A bomba tinha sido solta e explodiu e agora não poderia reverter aquilo.

— Então... — ouviu a voz falhada dele — Tudo poderia ter sido diferente?

Seu peito se apertou ao ver a expressão tristonha dele.

— É... Poderia sim.

O moreno suspirou e trouxe os cabelos para trás, deixando seu rosto cansado à vista.

— Eu nem quero conversar sobre a empresa do seu pai e... — bufou

Não sabia se sentia muita raiva ou muita tristeza. Angústia talvez. O maior ficou o analisando e engoliu em seco. O outro escorregou pela cadeira e virou o rosto para ele também, franzindo a testa.

— Por que não me contou? - indagou — Eu teria entendido, Tobirama.

— Eu não tive tempo nem momentos em que pudesse falar. E Madara me mataria se pisasse a um quilômetros daquela casa.

Riu um pouquinho e viu um sorriso mínimo no rosto dele.

— E eu provavelmente não lhe daria ouvidos.

Deixou os dentes brancos a mostra enquanto passava a mão na nuca. O ar daquela situação parecia meio sem jeito ou desconfortável para quem visse a primeira vista, mas os dois só estavam meio envergonhados e carregados demais para continuarem com algo muito sério.

— Mas eu sentia falta, sabe? — o menor falou repente

— Do que?

— De você.

Tobirama corou e tentou ao máximo segurar o sorriso enquanto via ele arregalar os olhos e corar, como se não tivesse dito aquilo de forma consciente.

— Quer dizer, eu só quero dizer que eu sentia falta de você me consolando, era isso que eu queria dizer.

Não teve como não repuxar os lábios enquanto via ele com vergonha e com o rosto vermelho.

— Você poderia ter feito isso se, bem...

O sorriso sumiu de seu rosto, sentindo um garoto amargo da língua. Olhou para baixo, acanhado.

— Me desculpe.

— Não não, tudo bem — colocou a mão sobre o ombro largo e o apertou

O Senju assentiu e pôs a mão sobre a de Izuna. Ouviu um suspiro do Uchiha e virou o rosto novamente, contudo, não deu tempo de fazer algo, já que ele tinha lhe abraçado antes de tudo. Ficou meio surpreso, porém, retribuiu o gesto calmamente. O constrangimento não sendo mais um obstáculo tão grande, sabia que iriam se entender em algum momento.

— Eu ainda sinto. — o moreno falou — Eu ainda sinto falta de você.

Fechou os olhos rubros, sentindo ele apoiar a testa em seu ombro e virou minimamente a cabeça para poder dar um beijo em seus cabelos.

— Eu também sinto Izuna. E você não sabe o quanto.

O albino não pôde ver no momento, todavia, o mais baixo sorriu. Foi um sorriso pequeno, no entanto, que deixava claro que gostou do que ouviu. Estava cansado por tudo que havia escutado e feito até agora, só que isso não abalava a felicidade que sentia com a situação. Aquele momento era tudo que mais desejou por toda a sua adolescência e convívio com o mais alto. Os dois juntos, se amando felizes. Parecia bobagem, entretanto, era o que o deixava contente.

Não iria mentir ou se fazer de desintendido. Dava pra ver de longe que Tobirama sentia algo por si, e claramente não era amizade. Ele provavelmente sabia que também não se sentia assim em relação ao Senju. Eles não precisavam dizer nada, não precisariam fazer mais nada do que dividir o calor dos corpos abatidos e abraçados.

Estava um pouco desconfortável o abraçando daquele jeito, então aproximou mais a cadeira até as pernas se encostarem e ficaram assim. Isso até ouvirem a campainha tocar em um som suave.

O albino suspirou. A pizza não podia vir outra hora, tinha que ser logo agora? Suas pernas pareciam nem ao menos querer sair do lugar e seus músculos estavam tão relaxados por ter as mãos de Izuna percorrendo suas costas... Levantou meio contrariado e sentindo falta daqueles braços o acolhendo em um bom abraço. O Uchiha permaneceu lá na cozinha, o esperando e batucando os dedos sobre a madeira da mesa. Conseguia ouvir ele falando com o entregador e a porta se fechando um tempo depois.

Seus pensamentos estavam lotados, sua mente ainda mais. Talvez devesse só dormir e esquecer por um instante dos momentos que viveu agora a pouco. Momentos tristes e conturbados, mas que mudaram o rumo de toda a sua vida.

Quando o maior voltou, ele trazia uma pequena caixa de papelão. Não sabia até aquele momento, contudo, o dia de cansaço no trabalho já estavam o enchendo e tudo piorou depois daquela crise. Sua barriga roncou, porque também, não comeu nada a tarde inteira depois do almoço. Tobirama já estava abrindo o armário enquanto pegava pratos pra os dois e uma faca para cortar a comida. O moreno se levantou e olhou o Senju cortar dois pedaços para cada um, encostado na mesa. Ele sorriu para si quando lhe entregou a sua parte e já começou a comer sem demora.

— Estava com fome?

Como não conseguiu falar por estar de boca cheia, só afirmou com a cabeça, mais distraído em saber se metade do pedaço cabia ou não em sua boca. O albino abriu ainda mais o sorriso, colocando seu prato na mesa e se aproximando do menor vagarosamente. Izuna virou a cabeça, terminando de comer a fatia e o olhando sem entender, porém, corou quando ele colocou a mão sobre sua bochecha e massageou a derme com o polegar.

Piscou algumas vezes antes de deixar o prato ao lado do dele e se aproximar mais, sem medo ou vergonha. Sorriu antes de finalmente juntar os lábios e passar a língua sobre o lábio inferior dele. Sentiu ele sorrir em meio ao ósculo, assim como sentiu ele colocando a outra mão em seu ombro. Nem sabia, todavia, também sentia saudade daqueles lábios, daquele gosto que só ele tinha e que já tinha se perdido dos seus faz muito tempo...

Não estavam apressados, as línguas explorando uma a outra e a suas bocas, se deliciando cada vez mais com o contato gostoso que tinham quando se enlaçavam ou se tocavam devagar. Suspiraram quando o beijo se acabou e encostaram as testas, abrindo os olhos e encarando profundamente as orbes de cada um.

— Você está com gosto de catupiry.

O Uchiha mordeu o lábio, corando vários tons e ouvindo o mais alto rir. Empurrou levemente o ombro dele e acabou rindo também da situação, se desenrolando do mesmo e pegando o seu prato, indo em direção a sala negando com a cabeça e ouvido os passos dele atrás de si.

— Ei, me espera! Acho que você vai precisar de mais um pedaço.

Agora poderia se livrar das correntes do passado, lentamente, mas poderia.

Perdão (TobiIzu)Onde histórias criam vida. Descubra agora