Evento de YT'rs

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"Aqueles que não lembram do passado estão condenados a repeti-lo, mas aqueles que se recusam a esquecer o passado, estão condenados a revivê-lo."

[...]

O meu nome é Sophia, tenho dezenove anos e estou cursando o segundo período na graduação de designer. Atualmente o meu passatempo é ir à eventos e o próximo está marcado para este fim de semana em Recife, é o "Anime Recife". *Suspiro* É aqui onde tudo começa.

-Pra onde vai com tanta pressa?

-"De onde venho" tinha que ser a pergunta. -Coloquei a mochila sobre o balcão da cozinha e abri o zíper, puxando uma passagem. -Fui imprimir minha passagem para Recife. -Estava otimista.

-Hmmm, o que tem de novo?

-Carla, em Recife, nesse fim de semana, estará acontecendo um evento de Animes, chamado "Anime Recife". Eu sei, eu sei, o nome não é nada criativo, mas tenho o contato de um rapaz para trabalho. Ele viu os meus trabalhos no Instagram e quer falar comigo pessoalmente pra tratar disso.

-Bom, é trabalho, não é? -Questionou Carla, terminando de lanchar na cozinha da minha casa.

-Sim... Cadê a minha mãe? -Perguntei vagueando os olhos pela casa.

-Ela me pediu que terminasse o lanche para nós duas enquanto ela respondia uns e-mails do trabalho. -Ela concluiu e pegou sua mochila. -Eu tenho que ir agora, Sophia. Te vejo segunda na facul.

Carla me abraçou antes de sair e e desejou que tivesse boa sorte. Estava animada com esse evento, embora nada nele me interessasse. Naquela sexta-feira, depois que meus pais chegaram, passei o restinho do dia com eles e às 15h fui para o aeroporto. Embarquei para Recife e me hospedei num hotel bacana. Troquei mensagens com Carla antes de sair para comer. Fui de Uber até um restaurante um pouco distante do hotel após olhar as avaliações. Nada demais.

-Boa noite, ainda tem mesa vazia...? Eu esqueci de fazer reserva. -Menti, só queria comer e sair do hotel.

-Claro, tem sim. Mas só temos uma que foi de um cliente que atrasou, provavelmente desistiu, você teve sorte. Venha, eu acompanharei você. -Um rapaz gentil e elegante me recepcionou e conduziu-me até uma mesa ao lado da janela com vista para parte de Recife.

Dei uma olhada no cardápio e fiz o meu pedido. Enquanto esperava, fiquei olhando aquela vista linda. Fiz algumas selfies, troquei mensagens com algumas pessoas, até sentir uma mão no meu ombro. Olhei para o lado e avistei a mão. Fui subindo o olhar pelo relógio, e então o braço... Era um homem. O cheiro era bom, tinha um perfume confortável e marcante. Finalmente vi seu rosto. Ele tinha os cabelos pretos, lábios levemente destacados... Ele tinha um rosto lindo e se vestia bem.

-Posso ajudar você? -Fingi o abuso.

-Você está sentada no meu lugar. Eu reservei esta mesa há uma semana e odiaria perdê-la. -Tirou a mão do meu ombro e cruzou os braços em minha frente.

-O anfitrião me conduziu à esta mesa e eu não vou sair daqui, sinto muito. -Cruzei as pernas e comecei a mexer em meu celular enquanto ele ficava desconfortável em minha frente sendo ignorado. As pessoas em volta começaram a olhar e cochichar, foi quando o anfitrião chegou, surpreso.

-Senhor Pedro, foi confirmado que o senhor havia perdido o interesse na reserva. -Ele estava nervoso.

-Mas estou aqui, não estou? -Ele me fitou de lado e suspirou. -Quero minha vaga. Tem alguém que trarei para cá e ele já deve estar chegando. -Encarou o rapaz.

-Só há uma solução, e desta vez, a decisão está com a moça. -Ele se inclinou à mim. -A senhorita se importaria em dividir a mesa com mais duas pessoas?

Olhei para aquele rapaz e a vontade de negar foi grande, mas a de sair daquela situação foi maior.

-Não, tudo bem. Até porque eu só vou jantar e volto pro hotel. -Sorri simpática.

-Muito obrigado. A senhorita ganhará cortesia por tamanha gentileza. -Disse e olhou para o rapaz de braços cruzados. -Tenha uma boa noite. O seu pedido já está saindo.

O rapaz sentou-se em minha frente e fungou. Estava descontente e não tinha muito o que fazer. O culpado daquela situação era ele. Tirou o celular do bolso e respondeu algumas mensagens. O silêncio fora constrangedor... Até ser quebrado.

-Te devo desculpas. -Disse nitidamente constrangido.

-Não, tudo bem. -Mantive meus olhos na tela do celular. Estava editando fotos porque não tinha assunto com aquele rapaz.

-Eu... Eu me chamou Pedro. Pedro Orochi, mas todo mundo me chama por Orochi. -Ele me olhou diretamente. Subi meus olhos aos dele e suspirei por instinto.

-Eu sou a Sophia. Sophia Baudelaire.

-O que faz por Recife? Você mora aqui? -Questionou, cruzando os dedos sobre a mesa, ao apoiar as mãos sobre a superfície.

-Eu vim à trabalho. Sou estudante de designer e tenho uma pessoa para encontrar em um evento amanhã. -Disse séria. Ainda queria enfiar o celular na goela daquele cara de boa aparência.

-Legal. -Ele sorriu, e... Porra! Que sorriso lindo. -Também vim encontrar alguém, mas no caso é hoje mesmo. Nós estaremos num evento de Anime que acontecerá amanhã. O "Anime Recife". Ele vai me levar para conhecer algumas pessoas com as quais farei vídeos. Entender um pouco do assunto também.

-Coincidência. Também estarei nesse evento amanhã. Encontrarei ele lá. O nome dele é Talles, ele quer me conhecer para conversarmos sobre o assunto.

-Se for o mesmo Talles... Eu conheço um Talles, mas não deve ser o mesmo. -Ele parecia menos defensivo.

-Você me disse que faria vídeos com alguém. Trabalha com isso?

-Sim, é o meu sexto canal no YouTube. E o único que deu certo, para ser franco. O nome do canal é o meu sobrenome no diminutivo. "Orochinho". -Ele falou com um pouco de receio e eu ri minimamente. -O quê?! Eu nem tinha planos de dá certo desta vez,mas deu então... Eu estou investindo.

-Legal.

A nossa conversa foi interrompida pelo meu pedido que chegou. Orochi olhou para o celular e mandou um áudio sem contexto. Algo parecido com "depois que a tela verde nova chegar". -Você quer? -Ofereci, mas ele negou a cabeça enquanto mandava o áudio. Comi minha comida e ele ficou ali esperando alguém. Pediu uma bebida com algo para petiscar e nós conversamos por um tempo... Até a pessoa encantada chegar.

-Pensei que fosse passar a noite toda pra chegar... Talles!

Continua...

A Dor Que Tem O PoderOnde histórias criam vida. Descubra agora