É conversando que a gente se entende.

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Na frente daquela grande casa que mais parecia uma mansão de campo, numa área residencial de Tóquio onde só a elite dos mais afortunados moravam, encontrava-se um homem de terno preto, olhando impaciente para as duas portas brancas, irritado e totalmente desprovido de qualquer bom humor, ele aguardava alguém lhe atender. Sempre mostrando serenidade, com um sorriso no rosto, tal qual uma cobra ardilosa pronta para dar o bote, já era tarde da noite e deveria ter acabado seus trabalhos naquele dia, no entanto, como de costume, foi obrigado a resolver um problema com o fornecedor de certos materiais bélicos, armamentos e munições, que graças à um de seus subalternos havia feito merda e complicado tudo em uma simples negociação, ofendendo o fornecedor de armas ou algo do gênero, não soube os detalhes por causa do estado degradante do seu funcionário, o qual foi espancado e enviado com um bilhete em letras garrafais gritantes.

NÃO HAVERÁ ACORDOS.

Kisaki irou-se contra um dos seus, era uma pena não poder mais espancar o homem como queria pois se fizesse tal luxo estaria perdendo tempo, e tempo para Kisaki Tetta é dinheiro, portanto não desperdiçaria com alguém cujo nem o nome sabia.

Cerca de 22:50 se viu na frente da grande casa em modelo ocidental, totalmente moderna, o gramado verde muito bem aparado, junto aos arbustos de Fotínia com suas folhas vermelhas separando o terreno dos demais, Kisaki poderia admirar ou talvez até cobiçar comprar tal imóvel se não gostasse tanto dos arranha céus do centro urbano de Tóquio. Encarou pela milésima vez aporta de madeira maciça, esgotado por ter passado horas em reuniões, cuidando de alguns traidores e outras coisas mais, estava prestes a agir como Hanma e arrombar aquele objeto que obstruía seu caminho. Havia feito várias ligações pelo número oferecido para entrar em contato, no entanto, só caiu na caixa postal pedindo para deixar recado, o homem não poderia fazer uma negociação por meio de uma mensagem gravada no celular, precisava conversar pessoalmente, argumentar e fazer o fornecedor cair na sua lábia. E o pior de toda a história é que nunca tinha entrado em contato com tal pessoa, sequer sabia seu nome ou rosto, as informações fornecidas eram poucas e difíceis de conseguir, ele era praticamente um fantasma no mundo do crime, o gangster odiava não ter informações suficiente, não saber onde estava pisando era muito incômodo, poderia correr o risco de ser morto ali, por isso pediu para cerca de seis homens aguardar por ele no portão caso acontecesse algo ele mandaria um sinal pedindo ajuda.

TOC-TOC-TOC

Esmurrou a madeira puto, apesar de encoberta pela luva de couro preto, os dedos dele já doíam de tanto bater, arriscou mais uma discada no número.

- Tuh..tuh.. tuh.. tuh... O número se encontra desligado ou fora da sua área de cobertura, deixe seu recado após o sinal: tuuuuh...

Kisaki apertou fortemente o aparelho entre seus dedos, odiando a pessoa mesmo sem conhecer, jurando a si próprio matar quando terminasse o negócio e tal ser deixasse de lhe ser útil, depois veria outro fornecedor, talvez devesse fazer isso agora. Contudo, quem ou melhor onde, acharia alguém capaz de entregar as armas no prazo, de boa qualidade, com o número exato de munições, sem alterações ou desvios para outros clientes, com os documentos perfeitos para se passarem por legalizadas, sempre honrando os acordos feitos?

Retornando ao seu habitual autocontrole calculista, guiou o dedo até a campainha, tocou. Nada. Esperou mais um pouco, apertou novamente o botão redondo. Nada novamente.

Quantos minutos haviam passado? Alguns muitos minutos certamente. Sentiu sua raiva retornar, porém, desfez ao ouvir passos pesados de alguém muito irritado vindo de dentro da casa.

- PUTA QUE PARIU, CARALHO! - gritou a voz feminina de dentro, logo o som de várias travas soaram, por fim uma simples chave girou - QUEM É O CUZÃO FODIDO QUE NÃO ME DEIXA DORMIR EM PAZ??? - questionou apontando uma sub metralhadora na cara do homem que a essa altura não conseguia esconder sua cara de surpresa ao ver você diante dele, principalmente por estar vestindo somente uma regata branca que vai até o topo das coxas e uma cueca feminina preta. - Seu merda! É bem daquela ganguezinha.. olha aqui seu verme, você pensa que é quem?! Veio por causa daquele infeliz desgraçado que falou um monte de porcaria pra mim? - Nome falou mais contida sorrindo em puro deboche, seus cabelos soltos moldando sua face irritadiça, em outras circunstâncias o homem faria um elogio ou algo do gênero, mas julgou ser inadequado para o momento em questão. - Eu disse N.Ã.O. V.A.I. T.E.R. A.C.O.R.DO.! - disse pausadamente, o tom fez Kisaki trincar a mandíbula a encarando sério. Passou alguns minutos em silêncio enquanto você bufava puta da vida com ele - Vai ficar aí parado? Cadê os argumentos para me convencer? - agora o olhando curiosa, esperava alguém lhe implorando para fazer um contrato, com uma maleta abarrotada de dinheiro, desesperado por uma simples conversa, diferente do homem à sua frente totalmente calmo e centrado. Observou dos pés à cabeça, seu porte não era tão grande, um pouco maior que você, olhos azuis lhe fitando da mesma maneira estudando a pessoa diante de si, ambos pareciam estar estudando as ações um dos outro.

Negócios (Kisaki Tetta)Onde histórias criam vida. Descubra agora