Capítulo 3: Algo em comum.

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De fato, ele não havia voltado nas semanas que se seguiram... E eu, já estava começando a superar o fato de que havia o assustado, ou algo assim. Talvez, fosse equivocado pensar que ele não voltaria mais apenas por conta de minha mensagem naquele maldito copo, mas, agora, já não importava.

Meus relacionamentos nunca deram muito certo, no ensino médio, namorei uma garota que trocou-me logo no instante em que um estagiário entrara na turma. Sua desculpa para terminar comigo? Ela preferia alguém certo da sua sexualidade, e segundo ela, a bissexualidade era um estágio repleto de confusões. Nunca mais falamos-nos depois disso. Namorei o filho de um coordenador de turma também, não éramos assumidos, claro, seria uma dor de cabeça... De qualquer jeito, terminamos, pois ele achou que só estava o usando pra benefícios próprios e que o traía com outras garotas. Ter ouvido estas coisas, de certa forma, só deixou-me mais inseguro sobre mim mesmo, até hoje.

No trabalho, está um tanto entendiante, normalmente, eu não preciso vir nas quintas, mas, é melhor do que ficar em casa, ouvindo farpas e indiretas a cada suspiro que dou. Meu pai, além de desconfiar de mim em relação ao que estou fazendo, pede minha localização a cada hora que se passa. Talvez, tornar-me adulto não tenha me dado tanta liberdade assim, ao menos, não enquanto vivo com eles.

- Childe? Pode fechar hoje? Irei fazer um treinamento provisório com Yanfei e Kazuha. Hutao ficará com a contagem da dispensa. Vocês dois darão conta daqui sozinhos, certo? Não está muito movimentado. - Xiangling se aproxima e coloca sua mão em meu ombro.

- Sim, tranquilo, vá lá! - Sorrio e termino de organizar o caixa.

- Obrigada, Sr. Ajax! - Ela faz um sorriso irônico e sai apressada. Ela sabe o quão traumático é este apelido. A origem dele? Bom, em uma sexta-feira, o pessoal resolveu sair para beber um pouco, fui junto com eles e, no bar em que fomos, havia uma bebida de uma marca nova, chamada "Ajax". Com a insistência da maioria, resolvi experimentar, já que era o único entre eles que não estava bebendo tanto. Péssima escolha. Aquela coisa me revirou de maneira assustadora, comecei a dançar em cima das cadeiras, a brigar com as paredes, xingar os repórteres que passavam na TV e a pedir a mão da filha do dono em casamento... Por fim, fomos expulsos do bar. Podia ter terminado ali, mas, eles filmaram tudo. Ver aqueles vídeos sóbrio, trouxe-me dores na alma.

Eu e Hutao terminamos o turno, mas, como eu iria fechar, disse a ela que poderia sair um pouco mais cedo. Só restavam eu e mais três pessoas no café, portanto, iria anunciar que estávamos fechando, foi quando, repentinamente, o sininho da porta ecoou pelo salão. Virei-me cansado, mas logo, meu coração dera um pulo. Era ele. Ele estava lá, fechando seu guarda-chuva e colocando-o no escorredor. Ele caminhou calmamente até o balcão, e eu? Bem, não sabia onde enfiar a cara.

- Oh, olá! - Ele se sentou e deu-me um pequeno sorriso, e então, tentei agir como se nada soubesse nada relacionado àquele maldito copo. - Acho que, independente do horário em que eu vier, você sempre será quem irá atender-me. - Ele riu baixo e eu sorri, um pouco envergonhado.

- Haha, realmente, acho que sou sempre eu quem te atendo... - Coço levemente a nuca. - Será o de sempre?

- Será sim, por favor. - Fico aliviado, me parece que ele não leu o que havia escrito. Não sabia se era algo bom ou ruim, mas, continuava a fazer-me de desentendido.

Preparo seu chá como de costume e aproximo-me do balcão para o entregar.

- Aqui está! - Entrego-o com um sorriso.

Lágrima de PedraOnde histórias criam vida. Descubra agora