Em um pequeno barraco, coberto por lixo e todo tipo de imundície, uma mulher e uma pequena criança tentavam viver sua vida apesar das dificuldades.
A mulher se preparava para sair, enquanto a criança comia algumas migalhas de pão estragado.
"Eu voltarei logo, querido."
"Não responda se alguém chamar, independente de quem for."
O barraco era feito em sua maior parte por lixo e sucatas, apenas uma porta e um buraco no teto permitiam a saída do local.
Na parte de fora, muitos gritos e discussões podiam ser ouvidos, eram as pessoas brigando pela sobrevivência.
O cheiro podre era insuportável para quem não estava acostumado, mas para essa criança e para essa mulher era o cheiro que eles sentiram por muitos anos.
Após a mulher sair, ela fechou a pequena porta do barraco e a trancou por fora, impedindo que a criança saísse ou que alguém entrasse.
A criança era um menino, seus cabelos negros e longos estavam amarrados por uma pequena corda suja, sua roupa era velha e rasgada e seus pés estavam completamente expostos.
Seu nome era Yoko.
Ele não costumava falar com frequência, isso se dá pela falta de convivência com outras pessoas além de sua mãe. As poucas vezes que ele saiu do barraco podiam ser contadas nos dedos.
Sua mãe sempre saía, todos os dias. Ela não falava onde ia, mas pela falta de alimentos na casa, Yoko já sabia.
Os tiros que eram disparados sempre o assustavam, as vezes algumas pessoas tentavam entrar no barraco e gritavam na parte de fora, mas assim como sua mãe mandou, ele nunca respondia e se escondia em silêncio.
As horas passaram e a noite chegou, diferente das outras vezes, sua mãe não voltou antes do anoitecer.
Puxando uma pilha de caixas que estavam dentro do barraco, Yoko subiu em cima e pulou até o buraco do teto, agarrando-o e usando suas forças para se sustentar enquanto observava.
Os tiros ainda podiam ser ouvidos, mas eles estavam mais longe do que antes, as pessoas agitadas que brigavam o dia todo já não estavam mais aqui e apenas algumas pessoas de idade elevada procuravam por coisas úteis no meio do lixo.
Vendo que o local estava mais calmo do que antes, Yoko forçou ainda mais seus pequenos braços até conseguir subir para a parte de cima do barraco, rastejando mais um pouco, ele usou a montanha de lixo ao redor para descer.
As pessoas mais velhas que procuravam por restos de comida o notaram, mas o ignoraram completamente. Apenas uma senhora o reconheceu e se aproximou.
"O que você está fazendo aqui fora essa hora? Onde está sua mãe?"
"..."
Recebendo o silêncio como resposta, a senhora entendeu a situação rapidamente, com uma expressão estranha em seu rosto, ela apontou em uma direção e disse: "Sua mãe sempre vai para lá."
A direção em que ela apontava não podia ser vista de onde Yoko se encontrava, a escuridão e a fumaça tampavam qualquer coisa que estivesse naquele local.
Andando em linha reta, Yoko logo desapareceu na escuridão, deixando a senhora para trás.
Após alguns minutos andando, o número de pessoas começou a aumentar, a maioria eram homens que estavam ocupados demais brigando por migalhas para notar sua presença.
Porém, alguns olhares estranhos foram direcionados a ele quando ele continuou a andar.
"Ei, moleque, o que você tem de bom para me dar?"
Um homem magro e coberto de cicatrizes disse, enquanto se enfiava na frente de Yoko.
"..."
O silêncio de Yoko incomodou o homem, que o agarrou com uma mão e gritou: "Você acha isso engraçado? Acha que pode me ignorar e sair daqui inteiro?"
O coração de Yoko começou a acelerar, seus olhos demonstravam sinais de lacrimejo quando ele soltou algumas palavras que mal podiam ser ouvidas.
"O que? Fala direito moleque!"
"..."
"M-minha mãe..."
O homem ficou parado por um momento, quando ele finalmente entendeu aquilo que Yoko dizia, uma risada alta saiu de sua boca.
"Sua mãe? Hahahaha"
Sua expressão mudou após alguns segundos, seus olhos ficaram sérios e seu rosto magro ficou ainda mais assustador.
"Ei, você sabe o que fazemos quando encontramos mulheres aqui?"
O corpo de Yoko agiu instintivamente, sua mão esquerda arranhou a mão do homem que o segurava, fazendo com que ele o soltasse e gritasse: "Moleque maldito! Volte aq-"
Antes que o homem pudesse terminar sua frase e seguir Yoko, um golpe na sua cabeça o atingiu, fazendo com que ele caísse no chão.
"AAARGH" Um grito de dor foi solto pelo homem.
Depois de cair no chão, o homem colocou suas mãos no local da pancada e ainda com a mente confusa olhou para os lados, tentando ver quem foi o responsável por isso.
"Você!"
A figura na frente dele era familiar, era um garoto de regata vermelha, seus cabelos negros e o pedaço de cano que ele segurava entregavam sua identidade.
O garoto olhou para Yoko e disse: "Vá."
Após isso, o garoto correu na direção do homem que ainda tentava se levantar e o golpeou mais uma vez na cabeça, dessa vez com a força necessária para torná-lo incapaz de se levantar.
O garoto pegou todos os poucos pertences que o homem tinha e correu, sumindo na escuridão com um sorriso no rosto.
Yoko correu até sua casa novamente, passando pela senhora e a ignorando completamente, ele subiu na montanha de lixo e entrou no barraco.
Seu coração ainda estava acelerado e o medo era o sentimento dominante, ele não queria sair de casa nunca mais.
...
O tempo passou, e Yoko se manteve dentro do barraco por dias.
A senhora que ele encontrou anteriormente até tentou o chamar na parte de fora, mas ele a ignorou como ele sempre fazia.
Sua mãe não voltou, e os dias foram passando lentamente.
Sua barriga doía e sua visão estava cada vez mais pesada, fazendo com que as poucas forças que lhe restavam sumissem rapidamente.
Quando a noite chegou, ele se deitou e usou os trapos que sua mãe o cobria para se proteger do frio.
Quando seus olhos fecharam, o sofrimento e a fome que ele sentia finalmente sumiram.
Yoko havia morrido.
...
Junto do sol, o dia finalmente surgiu e as vozes das pessoas começaram a ficar mais agitadas como sempre.
Naquele barraco, onde Yoko havia morrido algumas horas atrás, o mesmo garoto agora estava de pé.
Seus olhos confusos observavam o redor e ele olhava suas mãos atentamente.
Depois de alguns minutos de confusão, Yoko soltou suas primeiras palavras: "Onde estou?"
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One Piece: Sistema de Conquistas
FanfictionNo meio do ambiente hostil do Terminal Cinza, Yoko confuso observa e tenta entender a sua súbita mudança de local. "Onde estou?" Ding! [Sobreviva no Terminal Cinza! Recompensa: Haki da Observação] História por: @Edgatts_ & @DazaiKun__