23 - ÚLTIMA CHANCE

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O sol surgia por detrás dos muros do Castelo de Hyrule.

A corrupção preenchia o ar, e dançava por entre as construções de pedra.

Respirei fundo, relembrando todos os desafios que superamos, todos os monstros que derrotamos e todas as pessoas que ajudamos desde que nossa jornada teve início.

Eu podia sentir as almas dos campeões ao nosso lado e do exército à nossas costas, quando o Link abriu os portões da fortaleza, e o chão tremeu aos nossos pés com o rugido de Ganon vindo do castelo.

Corremos para dentro, ele vestindo a túnica azul que a princesa Zelda havia feito para todos os campeões, e com a master sword empunhada. Eu tinha o presente de meu pai nas mãos e o do Sidon no corpo.

Aquele era o momento decisivo.

Aqui, o destino mediria nossa coragem.

E nossas profecias seriam cumpridas.

Nosso progresso pela praça circular em frente à entrada foi bloqueado por guardiões que ativaram à nossa aproximação. Avancei, a flecha imbuída em meu fogo gelado. Aquela criatura não teve chance. Desabou nas pernas de aranha e explodiu em fumaça rosa e negra.

A cada passo que dávamos em direção ao confronto final, minha mente vagava no passado. 

Em como fiquei devastada por não ter ajudado aquelas pessoas no momento mais crucial de suas existências. Em como tantos soldados perderam suas vidas juntamente com os campeões e o rei de Hyrule.

Que vida esperaria o retorno da princesa Zelda? 

Agora órfã, sem os amigos que tanto amava e respeitava, e com o herói que havia esquecido dela...

— (s/n)! — O grito do Link me trouxe para a realidade, mas não tive tempo de reagir.

Dois raios anis perfuraram a distância entre mim e os guardiões alados.

Pensei em desviar, em abaixar, em construir um escudo de gelo, em revidar. Mas minha mente paralisou nas possibilidades, quando percebi que aquele seria meu fim.

Pouco antes de ser atingida, cabelos loiros invadiram meu campo de visão, um gemido escapou dos lábios do herói ao espelhar, com o escudo, os raios de volta para as criaturas metálicas.

Elas desabaram no chão, provando do próprio veneno.

O rapaz se virou lentamente, o alívio inundando seu rosto quando ele empurrou o escudo com força contra meu peito, me forçando a encará-lo. Seus olhos azuis refletindo o rosa e preto da calamidade que voava acima de nós.

— Uma vez você me fez prometer que não morreria! — Sua voz elevada tremeu ao pronunciar cada palavra. — Então faça o mesmo! Não morra, inferno!

Uma lágrima ameaçou abandonar seus olhos e ele a afastou com violência com as costas da mão que segurava a espada. Segurei seu pulso, sustentando seu olhar. Nunca o tinha visto tão aterrorizado assim, além da vez em que ele disse adeus à Mipha.

— Me perdoe. — Não foi o suficiente, ele balançou a cabeça de um lado para o outro quando um sorriso sem humor manchou suas feições. — Link... Me desculpa por tê-lo assustado. — Apertei ainda mais seu pulso e o mantive preso a mim com o escudo. — Não vai se repetir.

— Eu não posso te perder também. — Ele encostou a testa na minha, deixando um suspiro irromper de seus lábios trêmulos. — Não você.

— Eu sei... Sinto muito. — Eu agarrei seus cabelos, afundando meu rosto em seu ombro. Ele fincou a espada no chão e me envolveu em um abraço.

INDIGNA - Fanfic: Sidon x Leitor (PT-BR)Onde histórias criam vida. Descubra agora