Borboletas

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Narrado por Leal

No dia seguinte, acordei e imediatamente olhei para o lado. Hélia estava deitada de costas para mim, com o corpo envolto pelo lençol. Temendo despertá-la, posicionei a mão em sua cintura e fui descendo em direção ao seu quadril. Repeti esse movimento algumas vezes, ainda por cima do tecido, até tomar coragem para tocar seus seios. Ao perceber que ela continuava dormindo, comecei a apertá-los lentamente enquanto me lembrava da noite passada. Não foi certo o que fizemos, especialmente da minha parte, porque eu tinha namorada, mas ter aquela mulher em meus braços, enlouquecendo de amor e prazer comigo, valeu cada gota do pecado da traição. Aproximei o rosto de seu pescoço e fiquei inebriado com aquele cheiro delicioso que exalava dela. Não resisti e comecei a depositar beijos no local, ao mesmo tempo que acariciava seu mamilo já rígido com o dedo.

— Hmmm, bom dia! — ela disse com a voz rouca.

— Bom dia! Dormiu bem? — perguntei sem parar meus carinhos sobre seu corpo.

— Como há muito não fazia, meu amor... Estava com tanta saudade de você!

— Eu também estava com muita saudade. — fui descendo minha mão em direção à sua intimidade e passei a acariciá-la, arrancando gemidos baixos dos lábios dela.

Hélia colocou seu braço para trás e começou a tatear meu corpo com sua mão delicada. A cada segundo eu sentia mais necessidade de fazê-la minha novamente, não estava mais aguentando. Virei ela para mim e abaixei o lençol, revelando seus seios extremamente convidativos, os quais eu prontamente abocanhei. Ela fixou as mãos em minha nuca como um sinal de que eu devia continuar. Os sons que sua boca emitia estavam me enlouquecendo, porém tive que pará-los por alguns instantes para beijar seus lábios.

Estava prestes a tê-la por completo quando escutei uma voz feminina me chamar. No início parecia distante, mas foi ficando cada vez mais próxima, até que eu pude distinguir de quem era. Abri os olhos e a Iolanda estava parada ao lado da minha cama com uma expressão preocupada.

— Finalmente acordou, Leal! Você estava tão agitado que comecei a ficar assustada, pensando que fosse algum problema.

A princípio fiquei confuso, mas logo compreendi que aqueles momentos maravilhosos com a Hélia não tinham passado de um sonho, muito intenso por sinal. Como se tivesse sido pego no flagra, um estalo de consciência fez com que eu sentisse culpa por aquela situação. O meu relacionamento com Iolanda precisava ser respeitado, ela era uma ótima namorada e não merecia que eu a traísse (mesmo que em pensamento).

Consegui contornar as circunstâncias e segui para o banheiro, a fim de acalmar os ânimos e despertar de verdade. Enquanto a água escorria pelo meu corpo, fechei os olhos e me lembrei do último encontro que tive com a Hélia, no dia da nossa decisão final de não ficarmos juntos. Por mais que eu a amasse, sabia que sempre acabaríamos nos machucando se insistíssemos em viver esse amor insano e arrebatado, que não cabia nesse mundo, dirá dentro de nós. Eu não queria mais fazê-la sofrer por minha causa, ainda mais agora que a vida dela havia tomado outros rumos. Estava ficando velho, eu precisava de paz, e era isso que a Iolanda me oferecia.

Hélia e eu nunca ficaríamos totalmente desconectados, até porque tínhamos um elo eterno: nosso filho Zeca, a materialização de um grande amor. Confesso que gostaria muito de ter acompanhado seu crescimento e ensinado a ele coisas de pai para filho, de homem para homem, mas sou grato por tê-lo na fase adulta, já com meu neto nos braços. Essa foi a herança que a maior paixão da minha vida deixou. Só que estava na hora de seguir em frente, me dedicando à mulher que estava ao meu lado naquele momento.

Narrado por Hélia

Depois do instante em que recebi a notícia da gravidez, nada mais foi como antes. Por mais que minha reação inicial tenha sido de choque, eu fui começando a me acostumar com a ideia de que tinha uma pessoinha crescendo dentro de mim, e em alguns meses eu poderia ver seu rostinho. Por ser uma gestação de risco, fiz uma série de exames que o médico solicitou, mas graças a Deus estava tudo bem, o que me deixou mais aliviada. Por enquanto, só o Miguel e o Fidélio (que contei por telefone, pedindo segredo) sabiam da novidade. Decidi que contaria para o Zeca apenas quando chegasse ao Brasil, porque não queria que ele ficasse preocupado. Porém para o Leal eu ainda não tinha certeza sobre o que fazer.

Em nome do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora