Save us | Jaywon

Atlantis

"Chegamos aqui da maneira difícil
Todas aquelas palavras que trocamos
É de se admirar que as coisas quebraram?
Porque no meu coração e na minha cabeça
Nunca vou retirar as coisas que eu disse
[...]
Não posso nos salvar, minha Atlântida, nós caímos
Nós construímos essa cidade em terreno movediço
Não posso nos salvar, minha Atlântida, oh, não
Nós a construímos para derrubá-la."
— Atlantis (Seafret)

PRÓLOGO

A chuva caía incessantemente pelas ruas de Seul na madrugada do dia 16 de novembro, luzes dos postes iluminavam de forma fraca a cidade, uma leve neblina estava presente naquele momento. A noite encontrava-se demasiadamente fria, a temperatura marcava 13 °C no termômetro da metrópole, mas a estação nesses meses do ano não era inverno.

Jungwon caminhava lentamente embaixo daquela água que caía do céu, suas roupas estavam completamente encharcadas, principalmente por estar há exatos 45 minutos andando sem rumo. Seus tênis, empossados de água, faziam um barulho estranho ao tocarem o chão. As lágrimas que escorriam pelo rosto do garoto eram invisíveis para quem o olhasse de longe, já que todo o seu rosto estava molhado. Um turbilhão de pensamentos e questionamentos tomavam a mente do mesmo, eram inevitáveis, principalmente na situação que se encontrava.

— JUNGWON, POR FAVOR, ESPERA! — Uma voz conhecida soou ao longe com sons das poças de água sendo pisoteadas.

A lenta caminhada do garoto de fios morenos foi parando gradualmente, até seu corpo estar completamente estático na calçada. Apesar de ainda estar virado de costas para o tal indivíduo que o chamou, Jungwon sabia muito bem de quem se tratava e não pretendia e nem queria encontrá-lo tão cedo assim. Não esperava que essa pessoa viria atrás de si após toda a confusão no local que estavam antes.

— Só peço pra que me escute dessa vez, vou te deixar em paz depois. — Na voz de Jay havia um tom choroso, como se este estivesse desesperado para que o mais novo o ouvisse.

— Quer que eu escute o quê? Mais uma de suas desculpas esfarrapadas? Pensa que vai conseguir me fazer de idiota mais uma vez? Porra Park Jongseong, você consegue ser bem idiota quando quer. — Yang falou irritado enquanto se virava, logo vendo o garoto de fios loiros parado 5 passos à sua frente.

— Eu tentei... eu juro que tentei, Wonie.

— Não me chame de Wonie, idiota.

— Você não sabe o que tem se passado na minha mente ultimamente. Não pode simplesmente olhar só pelo seu lado. Tenta me entender! — O americano continuou a falar e, ao mesmo tempo, andou 2 passos largos à frente.

— Te entender? Eu passei mais de 2 meses buscando respostas pra sua frieza comigo e eu que tenho que te entender? Se tem passado tantas coisas na sua mente, porque nunca se abriu comigo? — Jungwon questionava sentindo lágrimas quentes rolarem por sua face, estava chorando já faziam horas, não aguentava mais.

— Eu não tinha coragem... Você ficaria triste e eu não gosto de te ver triste, você sabe muito bem disso. Meus problemas te machucariam, eu prometi não te ferir, lembra?

Ambos estavam parados naquela intensa chuva, tentando resolver algo que já não tinha mais volta. Alguns carros passavam na avenida em alta velocidade, podia considerar estranho tal movimento já que o relógio marcava duas da manhã na capital. De alguma forma, não estavam completamente sozinhos na calçada discutindo, mas para eles o mundo havia parado, os sons haviam cessados e apenas o que falavam um para o outro, era audível.

— Eu não sou a porra de um bebê para ser protegido por você. Não queria me machucar antes por preferir o quê? Me destruir agora? — O tom de voz do mais baixo aumentou consideravelmente, mostrando o quão magoado estava naquele instante.