Tempestade Noturna

950 50 64
                                    

Aos que já leram a fanfic: a história foi reescrita, alguns detalhes foram alterados porém o conteúdo principal segue o mesmo


— Sh... Sara, está tudo bem.

A tempestade pegou todos de surpresa naquele final de tarde, não estava prevista para acontecer e longe de qualquer planejamento dos que moram no bunker. Ainda assim, Natasha e Steve veem nela uma oportunidade a mais em sua aparição repentina, uma oportunidade de busca de suprimentos que sempre parecem estar abaixo do ideal, além das roupas que estão começando a faltar devido ao crescimento constante das crianças que não conseguem manter uma peça por muito tempo.

O horário para saída é ruim e a falta de programação só atrapalha. Não podendo demorar demais, pois precisam decidir logo antes que a chuva acabe, Steve determina que ele saíra e Natasha ficará no bunker para cuidar dos filhos, porém a esposa contesta a ideia e um pequeno argumento abre na mesa. São dois adultos, não há muitas escolhas sobre a saída, e por mais que a mulher refute a ideia do marido ir sozinho, reconhece que é inconcebível deixar os filhos sem um adulto no bunker, muito menos com duas crianças pequenas lá dentro. Svetlana é mais velha, poderia olhar os irmãos sem problema, e é até uma ideia que passa pela cabeça da mulher, porém que foge no mesmo instante ao perceber que não conseguiria simplesmente sair e deixar os filhos sozinhos. Mas então surge outra ideia, Svetlana se coloca em pauta e pede para ir com o pai, abrindo outra discussão. A garota insiste que é mais seguro que dois saiam e ela possui vantagens que podem ser úteis quando o assunto é carregar o peso das bolsas cheias de suprimentos. Natasha discorda friamente, se recusa a deixar a filha passar para o lado de fora, o lado do mundo real, o lado do caos. Steve também tem receio, já viu de tudo lá e prefere ir sozinho para garantir a segurança da filha mais velha, mas há insistências e um pequeno debate sobre o assunto que acaba saindo para o lado da adolescente, que convence os pais a deixá-la ir junto, acompanhando o pai e de quebra servindo como ajuda.

Eles saem. Pai e filha pelo mundo perigoso e Natasha com o coração apertado e o medo de perder duas pessoas tão importantes para ela. É desconfortável não conseguir se acostumar com a ansiedade que sente quando qualquer pessoa passa pela segurança da porta, o medo de perder é incontrolável, e o passado colabora para o sentimento. Ela respira fundo. Como sempre acontece, não vai conseguir dormir aquela noite, então decide ir até o armário de suprimentos para fazer a contagem do que eles ainda tem.

A tempestade não dá trégua na noite angustiante, a chuva cai forte com seus pingos grossos e pesados, os trovões balançam a terra e conseguem ser ouvidos plenamente ali do lado de dentro do bunker. A cada trovoada, Natasha se pega com uma batida a mais no coração, um pequeno sobressalto que a irrita toda vez, porém é inevitável. É a ansiedade.

A mulher não é a única incomodada com os barulhos, a pequena Sara ouve perfeitamente os trovões que a tiram do mundo dos sonhos em um susto devastador que acelera seu coração e a faz olhar em volta em busca dos pais. Da cama ela olha o redor e vê James dormindo na outra cama, mas ele não é o conforto dela, não é a pessoa que ela quer, ela precisa dos pais. Os pezinhos descalços pisam no chão e a barra da camisola acima do tamanho arrasta pelo caminho até o lado de fora do quarto. Ela vai até o quarto dos pais, não vê nada de início, então decide caminhar até perto da cama e puxar as cobertas para encontrar algum de seus salvadores ali embaixo, porém a cama está vazia, nenhum dos pais dela estão ali e o desespero no peito volta a tomar conta. O bico se forma tão rápido quanto as lágrimas que caem dos olhos, e quando percebe já está sentada no chão chorando e gritando pelos pais. O choro escandaloso chega rápido aos ouvidos de Natasha, que já ansiosa pela saída das duas pessoas, teme que algo tenha acontecido com sua caçula. Com uma pistola na mão, ela sai disparada mais adentro do abrigo, seguindo o som do choro que a guia até o próprio quarto, encontrando a pequena sentada ao lado da cama com as mãos sobre os olhos molhados.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Oct 18, 2023 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Save YourselfOnde histórias criam vida. Descubra agora