Dúvidas

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Ao entrar na floresta, o caminho era bem difícil, as árvores eram muito altas, quase não se enxergava o céu, o tempo estava fechado parecendo que ia chover, minhas mãos já doíam por causa de alguns galhos com espinhos.

- Temos que dar um jeito de sair daqui, tem algum caminho no mapa Bruno?

Ele pegou o cubo e apertou abrindo o mapa holográfico:

- A floresta é bem grande, ela se estende até a estação que está mais ou menos a uns sete quilômetros ainda, não podemos andar ao lado dos trilhos pois a partir daqui existem postos de vigilância a cada um quilômetro, se andarmos mais ou pouco terá uma trilha onde podemos seguir.

Bruno tinha tomado a frente, eu estava logo atrás e Jéssica junto comigo, o caminho era bem íngreme então tinha sempre que estar olhando onde pisava para não escorregar. Andando um pouco chegamos a uma trilha de terra que passava bem ao meio da floresta, não era possível passar veículos por sem bem fechada mas já conseguíamos passar sem que as folhas nos atrapalhassem.

- Então, de acordo com o mapa podemos seguir por aqui, a trilha se estende até perto da estação, porém – ele olha pra cima – com esse tempo talvez tenhamos que procurar algum abrigo, pode ser perigoso continuar.

Continuamos seguindo a trilha, todos ficamos quietos por um bom tempo, estava sendo difícil absorver tantas informações, a morte do pai deles, sermos filho de demônios, criaturas que eu mesmo nunca nem vi, como eram? Será que eram como nas ficções? Monstros vermelhos com chifres visando o mau? Não tinha como ser, eles trabalhavam para as empresas, o dono da Corpus diz ter entrado em acordo com eles, eu por morar na parte pobre da nossa área nunca fui aos grandes centros, minha vó dizia que eram construções gigantes, tudo muito tecnológico, telões por toda parte, bastante barulho e movimentação, enquanto onde eu morava era bem quieto e tranquilo.

Continuei andando olhando para baixo com esses pensamentos até que esbarro no Bruno parado na minha frente:

- Que isso cara, queria um abraço era só falar comigo – disse ele sorrindo.

- Não é nada disso, me desculpa só estava distraído, porque parou?

Ele virou e apontou para o lado:

- Por causa daquilo ali.

Quando olhei era uma pequena cabana de madeira, ela seguia para um lado diferente da trilha, parecia ser bem antiga e abandonada, na frente dela tinha alguns machados antigos e toras de madeira no chão cortadas para fazer lenha e um pouco mais atrás tinha um pequeno rio corrente.

- A chuva está piorando - disse ele olhando para cima mais uma vez – já caminhamos quatro quilômetros, seria melhor parar para descansar, ver se conseguimos algo para comer porque eu não como nada desde ontem antes do treino, vamos ver se tem algo naquela cabana e se podemos ficar lá.

- Mas e se tiver algum morador nessa cabana? Não podemos simplesmente invadir, ainda não temos armas nem nada para defender – após eu falar isso ele continuou andando fingindo que não estava escutando – Você vai mesmo me ignorar?

Então ele chega perto da porta, e da 3 batidas, esperamos para ver se algo acontece e nada, ele tenta abrir porém não consegue, ele se abaixa tira do seu bolso pequenos clips e colocau dentro da fechadura, quando depois de uns 2 minutos ele se levante, gira a maçaneta e abre a porta, se vira e olha sorrindo para mim e Jéssica que estamos observando:

- Bem vindos, fiquem a vontade, se sintam em casa.

Eu e ela nos olhamos, suspiramos e entramos. Ao entrar na cabana parecia estar abandonada por um bom tempo, fizemos uma boa varredura mas não encontramos ninguém, tinha um quarto com uma cama de casal, um guarda roupa com algumas roupas desdobradas, uma cozinha com armários abertos e maioria vazios e uma geladeira porém não havia luz, a casa estava bem bagunçada mas era melhor que nada, dentro da casa havia uma pequena lareira na sala com algumas madeiras ao lado dela, Bruno conseguiu acender depois de achar alguns fósforos, nos armários, tinham algumas comidas enlatadas velhas, fomos lá fora enquanto a chuva ainda não estava tão forte e conseguimos encontrar algumas frutas, conseguimos nos lavar um pouco no banheiro após pegar alguns baldes de água no rio e trocamos de roupa por umas que havia no armário, eu vestia uma camisa simples verde e uma calça marrom, meus tênis que usava no treino estavam sujos então lavei e coloquei pra secar, Bruno estava um típico lenhador, com sua camisa xadrez de botões, uma calça jeans com remendos e uma bota, já Jéssica estava com uma blusa azul que ficou um pouco grande nela e uma calça que havia achado, assim como eu ela lavou seus tênis, pelo jeito esse lenhador tinha uma esposa pois havia algumas roupas de mulher.

Quando terminamos a chuva lá fora já estava bem forte e começava a anoitecer, decidimos revezar na vigia, a cada 2 horas iriamos trocar, eu estava muito cansado e quando olhei pro lado o Bruno já estava dormindo.

- Deixa que eu fico primeiro – disse Jéssica, seu cabelo estava amarrado em um rabo de cavalo e ela mexia na lareira alimentando com mais um pouco de madeira – consigo ficar as duas primeira horas, pode descansar tranquilo.

Acenei com a cabeça agradecendo e fui dormir o que não foi tão bom quanto eu esperava. No meu sonho eu estava de frente a uma espécie de palácio, que droga era aquilo? Eu nunca tinha visto um lugar como aquele, até que escuto uma voz sussurrando no meu ouvido repetidas vezes "Desculpa por tudo isso, mas eu confio que você conseguirá", e aquilo se repetia várias e várias vezes, eu tentava correr para dentro do palácio mas quanto mais eu corria mais ele se afastava, ao olhar pra cima a Lua estava em uma cor completamente dourada, quando vejo um brilho vindo em minha direção, o que era? Parecia uma lança caindo, quando ela se aproximou do meu peito eu acordei assustado com Jéssica falando:

- Ei acorda, rápido temos um problema, não faça muito barulho.

Quando olhei para ela, estava com uma faca em mãos, Bruno estava na janela olhando para fora segurando um machado que parecia ser um dos que estavam lá fora.

- O que está acontecendo, por quanto tempo eu dormi? – comecei a levantar, e coloquei a mão no peito porém estava normal.

- Você dormiu por umas quase 4 horas, agora era o seu momento de vigia mas o Bruno viu algo suspeito lá fora – disse ela me ajudando a levantar – você precisa ver.

Quando cheguei na janela, vi algo muito estranho, pareciam cachorros, estavam rondando a casa mas estavam estranhos, quando chegavam perto escutava pequenos rangidos vindo deles.

- São cachorros robô – disse Bruno como se tivesse lido minha mente – Fazem esses barulhos e as vezes seus olhos brilham em vermelho, pelo que vi são aproximadamente 5 cachorros, chegaram pouco mais de 5 minutos, precisamos sair, faça o mínimo de barulho possível.

Quando ele disse isso se ouve ao longe um uivado "Aauuuuuuuuu", e passos altos correndo ficando cada vez mais altos quando de repente BLAAAM, um cachorro muito maior que os outros arromba a porta, seus olhos brilhando em um vermelho muito forte, sua boca aberta e seus dentes pareciam como pontas de facas.

- Bom, parece que a mãe deles chegou, e não parece estar nada feliz – disse Bruno pegando o machado e assumindo posição de ataque.

Logo depois disso o cachorro vira diretamente para mim que ainda estava sentado no chão em choque quando ele com muita velocidade avança.

A Maldição do EscolhidoOnde histórias criam vida. Descubra agora