Cap 1

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Emma Grace 

-Alguem esfaqueou seu braço, menina.
Meus olhos se arregalaram, me viro lentamente para o velho ao meu lado. Ele aperta o botão para que a porta do elevador se feche e então se vira pra mim e aponta para meu antebraço.

-Sua marca de nascença- Ele explica.
Automaticamente, ergo meu braço e toco a marca do tamanho de um dedo indicador.

-Meu avô dizia que o local da marca de nascença revela sua vida passada, de como ela perdeu a batalha na vida passada, pelo jeito, você levou uma facada por trás. Aposto que foi uma morte sangrenta e dolorida.

Sorrio, mas não sei se devo achar graça ou ficar com medo.
Sua postura curvada e trêmula indica que nao tem menos de 80 anos por ai.
Ele da alguns passos lentos na direção a uma das duas cadeiras de veludo na parede ao lado do elevador, entao solta um gemido ao se sentar e olha para mim mais uma vez.

- Vai para o décimo oitavo andar?
Meus olhos se estreitam enquanto assimilo a pergunta. Por alguma razão, ele sabe para que andar eu estou indo apesar de ser a primeira vez que piso nesse prédio.

- Sim- Digo cautelosa.- O senhor trabalha aqui?

-Na verdade, trabalho sim.
Ele indica o elevador com a cabeça, e meu olhar segue ao números iluminados. Onde andares até chegar ao meu destino.

-Eu aperto o botão do elevador- Diz ele.- Acho que meu trabalho não tem um nome, mas gosto de dizer que sou capitão de vôo, pois faço as pessoas subirem e descerem.
Sorrio com as palavras dele, pois tanto meu irmão quanto meu pai são pilotos.

-Ha quanto tempo é capitão de vôo aqui?
Juro, esse maldito elevador é o mais lento que já vi.

-Desde que fiquei velho demais para cuidar da manutenção do prédio. Trabalho aqui a 32 anos.
O dono me deu esse trabalho por pena, para me manter ocupado até eu morrer. - Ele sorri para si mesmo.- O que não percebeu foi que deus me deu muitas missões importantes para cumprir na vida, estou tão atrasado com elas que nunca vou morrer.

Percebo que estou rindo quando a porta do elevador finalmente se abre. Estendo o braço e seguro a alça da minha mala e me viro para ele.

- Qual o seu nome?

- Dante, mas pode me chamar de den. Todos me chamam assim.

- Tem alguma marca de nascença, den?
Ele sorri

- Tenho, parece que na minha vida passada, levei um tiro na bunda.
Devo ter sangrado até a morte.
Sorrio e levo a mão na testa o cumprimentando com continência.
Entro no elevador e me viro para as portas abertas admirando a riqueza da portaria.
Parece mais um museu histórico do que um prédio residencial, com colunas grossas e chão de mármore.
Quando meu irmão me deixou ficar em sua casa até que eu encontrasse um emprego, eu não fazia ideia de que ele vivia como uma adulto de verdade.
Achei que seria como da última vez que o visitei logo depois de se formar no colégio.
Morando em torno de 10 jovens em um apartamento pequeno com apenas 5 quartos, o prédio era esquisito só com dois andares.
Encontro o painel e aperto o botão do 18° andar, depois olho para a parede espelhada do elevador.
Passei o dia anterior guardando tudo que avia no meu apartamento em San Diego.
Depois de dirigir sozinha 800 quilômetros a exaustão está bem nítida em meus olhos.
O cabelo está preso em um coque alto amarrado com um lápis pois não consegui encontrar um elástico enquanto dirigia.
Normalmente, meus olhos são castanhos cor de avelã, como meu cabelo, mas eles estão muito mais escuros graças as olheiras.
Coloco a mão na bolsa e pego um protetor labial na esperança de salvar meus lábios recados como pedra.
Assim que as portas do elevador começam a se fechar, elas se abrem novamente.
Um homem caminha apressado na direção dos elevadores mas parando para cumprimentar o senhor.

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