Cap 7

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Emma

Já faz duas semanas que não vejo Billie, mas apenas dois segundos em que não penso nela. Parece trabalhar tanto quanto Noah, e, por mais que seja legal ficar com o apartamento só para mim de vez em quando, também é legal quando meu irmão não está trabalhando e eu tenho com quem conversar. Até diria que é legal quando Billie e Noah estão ambos de folga, mas isso não aconteceu ainda desde que me mudei para cá. Até
agora.

- O pai dela está trabalhando, e ela está de folga até segunda-diz Noah.
Só agora descobri que convidou Billie para passar o dia de Ação de Graças com a nossa família. Está batendo à porta do apartamento de Billie. - Ela não tem opção.

Tenho certeza de que assinto após ouvir essas palavras, mas me viro e vou direto para o elevador. Estou com medo de que minha empolgação por saber que billie vai nos acompanhar fique nítida demais quando ela abrir a porta.

Estou no elevador, encostada na parede de trás, quando os dois entram. Billie me avista e balança a cabeça, mas é tudo que ganho. Da última vez que falei com ela, deixei tudo extremamente constrangedor entre nós, então agora não digo nada. Também tento não encará-la, mas é muito difícil focar em outra coisa. Ela está vestido uma camiseta preta mostrando seus braços junto com uma calça preta e um  boné, também não podendo faltar seus diversos anéis e colares que a deixa mais sexy, mau deus o que eu estou pensando. Acho que é por isso que está sendo dificil desviar o olhar.

Minha vista sobe de suas roupas e encontra seu olhar concentrado. Não sei se devo sorrir de vergonha ou virar o rosto, então decido simplesmente imitar o que ela fizer e fico esperando que desvie o olhar primeiro.

Ela não o faz. Continua me encarando em silêncio durante todo o trajeto do elevador, e eu, teimosamente, faço o mesmo. Quando finalmente chegamos ao térreo, fico aliviada ao vê-la sair primeiro, pois preciso a soltar a respiração bem perceptivelmente, afinal passei os últimos sessenta segundos prendendo-a.

-Aonde os três vão? - pergunta Den quando saímos do elevador. - Para nossa casa, em San Diego -conta Noah. -Tem algum plano para o dia de Ação de Graças?

- É um dia bem movimentado para voos - comenta Den. - Acho que vou ficar aqui, trabalhando. Ele pisca para mim, e retribuo o gesto antes que ele foque a atenção em Billie- E você Bill, também vai para casa?

Billie fica olhando Cap silenciosamente, do mesmo jeito que fez comigo há pouco. Fico bastante decepcionada, pois, no elevador, tive a mínima esperança de que Billie estivesse me encarando daquele jeito por sentir a mesma atração que sinto por ela quando estamos juntas. Mas, agora, vendo seu duelo visual com Den, tenho quase certeza de que, no caso dela, ficar encarando alguém não significa sentir atração. Pelo jeito, Billie olha assim para todo mundo.
Cinco segundos bem silenciosos e constrangedores se passam sem que nenhum dos dois diga nada. Talvez Billie não goste de ser chamado de "bill" por Dan.

-Feliz dia de Ação de Graças, Dan - diz Billie por fim, sem nem ao se dar ao trabalho de responder à pergunta de Dan.

Ela se vira e começa a andar pela portaria com Noah. Olho para Dan e dou de ombros.

- Me deseje sorte - peço-lhe, baixinho.

Que nada retruca, dando um passo para trás em direção à sua cadeira. - Algumas pessoas não gostam de perguntas, só isso.

Dan senta na cadeira e faz uma continência de despedida, e eu respondo com outra antes de sair.

Não sei se Dan justifica o comportamento rude de Billie porque gosta dela, ou se simplesmente inventa desculpas para todo mundo.

-Posso ir dirigindo se quiser - oferece Billie a quando chegamos ao carro. - Sei que você ainda não dormiu. Dirige na volta amanhã.

Meu irmão concorda, e billie abre a porta do motorista. Entro no banco de trás e tento decidir onde me sentar. Não sei se devo ficar atrás de Billie, no meio ou atrás de Noah. Vou senti-la onde quer que me sente. Ela está em todo lugar.

Todas as coisas são Billie.

É assim quando alguém se sente atraído por outra pessoa. Ela não está em lugar algum e de repente, está por todo o canto, quer que você queria ou não.

Fico me perguntando se ela me enxerga
em algum lugar, mas o pensamento não dura muito. Sei quando um alguém se sente atraído por mim, e billie com certeza não se encaixa nessa categoria.
E é por isso que preciso descobrir como acabar com o que quer que seja isso que sinto quando estou perto dela. A última coisa que quero agora é uma paixonite boba por alguém quando mal tenho tempo para o trabalho e os estudos.

Tiro um livro da bolsa e começo a ler. Noah liga o rádio, enquanto reclina o banco e põe os pés no painel.

- Só me acorde quando chegarmos - diz ele, puxando o boné para cima dos olhos.

Olho para Billie, que está ajustando o  retrovisor. Ela vira e olha para trás para sair da vaga, e seus olhos encontram os meus por um breve instante, aqueles olhos...

- Está confortável? - pergunta, e se vira
antes que eu possa responder, engatando a marcha.

Ela olha para mim pelo retrovisor.

- Estou - respondo, fazendo questão de colar um sorriso no fim da palavra.

Não quero que ache que estou chateada por ela ter vindo, mas é difícil não parecer tão fechada perto dela quando é exatamente o que estou tentando aparentar.

Ela olha para a frente e eu volto para o meu livro.

Trinta minutos se passam, e o movi mento do carro junto à minha tentativa de ler me deu dor de cabeça. Ponho o livro ao meu lado e me acomodo no banco de trás, encostando a cabeça e colocando os pés no console entre billie e Noah. Ela olha para mim pelo retrovisor, e seus olhos parecem mãos percorrendo cada centímetro do meu corpo. Fica me encarando por não mais do que dois segundos, então volta a olhar para a estrada.

Odeio isso.

Não faço ideia do que ela está pensando. Ela nunca sorri. Não flerta. Parece que seu rosto está sempre debaixo de uma armadura, separando suas expressões do resto do mundo.

Quero saber todos os pensamentos que se passam pela sua cabeça. Especialmente o que está nela agora, escondido por trás de sua expressão estoica e determinada.

Ainda estou a encarando pelo retrovisor, tentando compreendê-la, quando ela olha para mim mais uma vez. Baixo o olhar em direção ao celular, um pouco envergonhada por ela ter me flagrado. Mas o espelho é como um ímã, e claro que meu olhar se lança de volta para ela.

No segundo em que olho para o espelho novamente, billie faz o mesmo.

Olho para baixo.

Merda.

Esta vai ser a viagem de carro mais longa da minha vida.

Aguento três minutos e olho novamente. Merda. Ea também.

Sorrio, gostando desse jogo que estamos fazendo, seja lá qual for ela.

Billie sorri também.

Ela.

Sorri.

Também.

Billie olha de volta para a estrada, mas seu sorriso fica ali por vários segundos. Sei disso pois não consigo parar de encarar. Quero tirar uma foto antes que desapareça de novo, mas seria estranho.

Ela abaixa o braço para apoiá-lo no console, mas meus pés estão no caminho. Ergo me sobre as mãos.

-Desculpe -  digo enquanto os puxo para  trás.

Os dedos dela envolvem o meu pé des calço, pausando meu movimento.

- Pode deixar.

A mão dela ainda está ao redor do meu pé. Estou encarando-a.

Nossa senhora,seus anéis gelados contra meu pé me fazer arrepiar por inteira, o dedão dela acabou de se mexer. Se mexeu de propósito, acariciando o lado do meu pé. Minhas coxas apertam-se uma contra a outra, e a respiração para nos pulmões, e as pernas contraem, pois juro que a mão dela acabou de acariciar meu pé antes que ela a tirasse dali.

Preciso mastigar o interior da bochecha para não sorrir.

Acho que você está atraída por mim, Billie.

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