Aziraphale acordou na manhã seguinte com o rosto achatado contra o chão frio do cômodo sentindo um grande desconforto pelo mau jeito que havia caído no sono. As lindas janelas de seu quarto agora estavam adornadas com cortinas pesadas e grossas que mal deixavam qualquer raio de luz entrar e ele não saberia dizer se era manhã ou tarde.
Ele se agitou, sentando-se no piso, e moveu cuidadosamente o tornozelo, recordando-se do dia anterior e as marcas que haviam lhe causado. Seu rosto franziu quando não houve nenhum desconforto com a ação e ,automaticamente, levou a ponta do dedo para entre o arco da algema e sua pele, esperando sentir algum choque de dor quando fizesse e a textura das cicatrizes que, provavelmente, deveriam estar lá.
Deveriam. Mas não estavam.
Seu rosto se contraiu mais.
Provavelmente aquilo duraria por dias. Que outra intenção teria um demônio se não prolongar seu sofrimento por dias? O torturar até o limite, depois curá-lo e continuar nesse jogo sádico até vê-lo implorar para morrer?
Ele fechou os olhos e tentou sentir se havia algo. Inútil.
Aparentemente ele estava sozinho e realmente torceu para que estivesse mesmo.
Em um impulso ,ele se levantou do piso e caminhou um pouco até onde a corrente permitia. Não chegava perto da janela, nem perto da penteadeira e não havia nenhuma possibilidade de conseguir se aproximar da cesta perto do seu guarda-roupa.
Se ele ao menos conseguisse pegar a água benta que estava escondida lá antes do demônio voltar!
Ele tentou forçar as correntes em seu tornozelo em um ato de total desespero, esticando o corpo inutilmente em uma tentativa de alcançar algo, mas aquilo só machucou sua pele e ele tinha certeza que haveriam contusões feias ali em alguns instantes.
Os sentimentos da noite anterior voltaram como um soco no estômago. fazendo-o cair novamente no chão e começar a soluçar compulsivamente.
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Crowley saiu antes do amanhecer, destinado a dar as novas notícias ao Inferno. Ele poderia simplesmente escrever um bilhete e miracula-lo para Beelzebub ou qualquer outro demônio, mas não seria divertido.
Em todos os seus anos na Terra, nenhuma vez Crowley sentiu falta daquele lugar. Ele havia mudado de moradas diversas vezes enquanto esteve convivendo com os mortais, sempre indo de um lugar a outro desordenadamente, mas agora ele tinha um apartamento elegante em Mayfair que não estava disposto a abrir mão.
Ele encontrou Beelzebub em uma sala que normalmente era usada para manter todos os arquivos referentes aos trabalhos demoníacos durante toda a existência. Ela lhe direcionou o clássico olhar cheio de raiva e desprezo por cima do documento que segurava em reconhecimento a sua presença.
Crowley deu um sorriso largo em resposta , totalmente ciente que aquilo a faria ferver de ódio por dentro,e caminhou graciosamente em sua direção.
- Vossa majestada—
- Onde está o anjo ? – cuspiu impacientemente antes que Crowley terminasse a saudação.
- Acorrentado. – respondeu, passando os olhos sobre alguns documentos como se a notícia não fosse grande coisa. – Acho que posso me divertir por alguns dias antes de banhá-lo em fogo infernal.
- Você foi explicitamente informado que deveria matá-lo, seu idiota. – rosnou ,agressivamente, jogando os documentos que segurava com força de volta dentro da caixa. – Se esse anjo escapar, Crowley, eu juro que---
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See Me
Fanfiction''..Ele tinha apenas uma tarefa : Matar o anjo. O que poderia dar errado ? O inferno lhe confiou essa tarefa pelo seu êxito em seus trabalhos demoníacos e por conhecer bem as artimanhas terrenas, mas Crowley nunca foi obediente.''