Capítulo 3

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   A princesa acordou naquele dia quando os pássaros começaram a cantar uma linda melodia de bom dia em sua janela. Apesar de sua cabeça que latejava de dor e da estranha tontura que tomou seu corpo quando se levantou, Adeena se acalmou com o canto suave.

   Se olhou por alguns segundos no espelho, tentando assimilar tudo que estava em sua mente, tentando se lembrar do que precisava. Era tudo confuso.

   Desistindo da hipótese de organizar seus pensamentos e lembranças, a princesa foi até a sala de banho e encarou a banheira vazia de pedra fria. Abriu a torneira deixando que a água tomasse conta e depois que já estava cheia, seu corpo estremeceu com a temperatura. Como esquentavam aquilo? Se a princesa tivesse suas habilidades de bruxa poderia tão facilmente esquentar a água, mas não havia nenhum vestígio de magia em seu corpo.

   Deixando de lado a vontade de chamar Leuane, Adeena entrou na banheira de água fria, seu corpo se arrepiou inteiro mas aquilo lhe trouxe paz. O frio em contato com sua pele sussurrava para ela que aquilo é real, que ela estava bem e que talvez ficaria bem. Que não deveria ser tão rígida consigo mesma, acordando-a para a realidade que a envolvia. Realidade irreal.

Depois disso, foi até seus inúmeros vestidos, túnicas e sapatos. Ponderou por um bom tempo o que vestiria e escolheu um vestido longo azul claro de chiffon com detalhes dourados na cintura e um V que se estendia do pescoço até o abdômen, dando ênfase aos seus seios. O vestido deixava suas costas nuas e os ombros cobertos por mais chiffon e adornos dourados.

Sorriu para si mesma ao olhar seu reflexo no espelho. Uma cor calma e vibrante ao mesmo tempo, dando boas vindas a Adeena. Ela prendeu seu cabelo fazendo uma tiara com sua própria trança e deixou o resto solto, para que suas orelhas — antes escondidas — se destacassem.

   — Oh! Adeena, pelo universo! Você tem que me chamar quando for se arrumar. — Leuane entrou no quarto.

   — Eu estava inspirada e queria me arrumar por conta própria. Não se preocupe, acho que fiz um bom trabalho.

   — De fato, você está linda. Apenas peça minha ajuda da próxima vez, estou aqui para isso — Adeena assentiu — O rei pediu para que eu a lembrasse de que temos uma festa no Palácio de Cinzas...

— Palácio de Cinzas? O palácio de Damen? — Adeena interrompeu Leuane.

— Sim, querida. Ele será coroado rei em breve e desde que Spark voltou com o príncipe, ele tem organizado bailes e festas para que Damen ache uma noiva, a futura rainha.

A mente e sentimentos de Adeena mergulharam em puro ódio e fúria e decepção. A princesa se aproximou de Leuane e se segurou para não expressar o que estava sentindo.
Sua visão ficou turva e a princesa se sentiu tonta com algumas lembranças que exigiam em voltar para sua mente. Ela se segurou na pequena cômoda, respirando fundo.

— Uma rainha?! Uma garota qualquer com rostinho bonito e família rica vai pegar o meu trono?
Leuane suspirou.

— Eu não queria ser portadora de más notícias, princesa. Apenas... Apenas tente não vazar toda essa irá que está presa em você na festa. — Adeena assentiu — Seu pai está esperando você para o café da manhã.

   — Fique tranquila, Leuane. A festa vai ser perfeita — Adeena agradeceu a devoratrix e saiu em direção ao café da manhã.

— Que história é essa que uma vadiazinha qualquer vai ser coroada rainha? E que Damen vai assumir o seu trono em breve? — Adeena escancarou a porta da sala de jantar.

— Bom dia, filha. Sente-se. Quer uma torta de framboesa? Um cordeiro assado? Eu sei que você gosta de cookies de chocolate — O rei sentado na ponta da enorme mesa cumprimentou.
Adeena suspirou.

Princesa Sem Trono (Reino Mítico Vol. 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora