Princesa Sem Trono (Reino Mítico Vol. 2)

Capítulo 4

   — Quem é viva, sempre aparece. — Adeena é recebida por uma mulher de cabelos cacheados e loiros e de pele azulada.

   — Na prática, eu tive que morrer para voltar para Ástrea.

   — Valeu a pena?

   — Não sei. Ainda vou descobrir. — A princesa colocou sua bolsa encima de uma mesa de centro — Vocês fizeram uma reforma aqui.

   — Gostou? Draxie me ajudou nisso.

   — Parece menos um covil de assassinos agora — A cacheada riu — Onde está ele? E o resto?

   — Foram comprar algumas bebidas para o covil e entregar alguns alimentos para os mais necessitados. O dinheiro que você deixou com a gente antes de ir para as terras humanas ajudou muito nisso — Ela sorriu — Imagino que tenha algo para mim, depois de dezoito anos, eu espero que não tenha voltado de mãos vazias.

   Adeena revirou os olhos e tirou o colar de rubi de seu bolso.
   — Peguei isso em uma casa no bairro nobre. Espero que destaque sua coleção.

   — Você nunca me decepciona, princesa.

   — Ah, por favor, eu não uso meu título aqui, Hilary. Nunca usei, não é agora que vou usar.

   Hilary serviu duas taças de vinho feérico e ofereceu para Adeena, está que aceitou. As duas se sentaram em um sofá em um dos poucos cômodos do lugar.

   — Você foi convidada para festa de Damen, eu espero.

   — Sim, eu fui. Não sei se eu deveria ficar contente com isso.

   — Pretende fazer algo?

   — Pretendo não ficar quieta. Apenas isso. — As duas sorriram.

   — Espero que faça uma entrada chamativa com um vestido escandaloso como você sempre fazia.

   — Nunca perco os hábitos.

   Hilary tirou a taça de vinho da mão de Adeena e posicionou na mesa de centro, olhou no fundo dos olhos da princesa por alguns instantes. Adeena encarou os olhos azuis da loira.

   — Fiquei sabendo de alguns rumores.

   Adeena suspirou.
   — Pelo que conheço dos seus dons, você não ficou sabendo de um rumor.

   — E é por isso que eu estou falando com você sobre isso. Parece que você e Damen... Vocês dois...

   — É complicado.

   — É claro que é.

   — Mas isso não faz eu odiá-lo menos. O que a gente viveu nas terras humanas não muda e não mudou quem ele é, ou quem eu sou.

   — É bom ouvir isso... — A loira começou a batucar as unhas compridas em sua taça.

   — Desembucha, Hilary.
   A loira suspirou.

   — E a criança?
   Foi a vez de Adeena suspirar.

   — Eu não sei. Eu não sei o que eu deveria pensar, fazer, achar, sentir... Apenas saiba que está tudo sob controle, tudo. Não se preocupe.

   — É bom poder contar com você, Adeena.
   As duas fingiram acreditar naquelas palavras.

   — Bom. Vou me preparar para a terrível noite que terei hoje — Adeena se levantou, passando suas mãos pelo seu traje — Diga para os meninos que eu passei aqui.

*

De volta ao Castelo de Esmeralda, Adeena se arrumava para a festa de Damen com a ajuda das mãos encantadas de uma fada azul e de Leuane. Elas prenderam o cabelo caramelo da princesa em um coque com algumas mechas soltas e posicionaram uma coroa de ouro em detalhes de folhas e uma esmeralda no centro. No coque elas prenderam uma presilha de ouro.