Peguei um pacote de jujubas, em seguida marshmallows e macarrão instantâneo. Não sabia cozinhar nem um pouco e nem tinha dinheiro para comprar ingredientes para tentar fazer alguma coisa.
Coloquei refrigerante no carrinho e depois fitei o corredor de bebida alcoólica. Era tentador ir ali e comprar alguma coisa, mas eu não queria voltar ao buraco em que custei sair.
Não quero voltar a ser aquela Karine.
Depois de pegar tudo, andei pelo parque com as sacolas vendo as crianças brincando nos brinquedos. Não tive essa infância, nem tempo para brincar.
Segui caminho até meu prédio, entrei em seguida subindo as escadas e passando pelos corredores até minha porta. Entrei no meu apartamento e deixei as sacolas em cima da mesa. Era domingo e eu não tinha nenhuma outra programação para hoje a não ser existir.
Respirei fundo em seguida abri outra mala que ainda restava para eu organizar e vejo que eram os livros.
Soltei um sorriso pegando cada um e pensando em cada lembrança que me traziam, cada noite em claro para terminar logo e cada choro e sorriso que me tiraram. Aqui eram meus únicos amigos e companhia.
Sempre achei que os personagens dos livros eram melhores que as pessoas reais. Eles não me deixariam tão sozinha, alguns deles seriam meus amigos. Talvez nem todos. Alguém da lufa-lufa com certeza puxaria assunto.
Suspirei.
Será que não tem nenhum lufano nessa cidade?
Achei meu ukulelê no fundo da mala e abri um sorriso empolgada. Fazia tempo que eu não o via. Comecei a tocar Riptide do Vance Joy murmurando a letra e escuto que estava muito desafinado me fazendo rir.
Eu não tinha muitas coisas no apartamento, um sofá, televisão no chão e um tapete. Na cozinha havia um fogão, geladeira e uma prateleira para colocar as coisas que também se espalharam no balcão, que eu usava pra fazer as refeições. No meu quarto era a cama de solteiro, o espelho e as roupas ficavam na mala, meus sapatos em um canto do chão.
Eram as poucas coisas que eu precisava pra viver, tinha uma estante que o antigo morador havia deixado e será onde vou deixar meus 22 livros. Trouxe apenas os que eu era mais apegada. Na casa em que eu morei, junto com Louise, sua mãe Heloise e irmã Elena, estão todos os outros 204.
Quase cogitei vendê-los e pagar essas insuportáveis dívidas que não me deixam nem mesmo viver.
Fiquei um longo tempo relendo alguns trechos dos livros de acordo com minhas marcações de post-it e quando me dei conta o barulho no bar começou, o que significava que já era noite. Que ótimo.
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❥︎ Era Como Se Sentir Vivo | Trilogia Amor Em Saint Othon Vol.2 | Degustação
RomanceDisponível físico e e-book. Kyle Meyer após dois anos se vê novamente em Saint Othon, repleto de lembranças boas e terríveis.Com o coração machucado e fechado para qualquer sentimento de amor. Sua irmã Celine tomou seu apartamento para si nesse meio...