Na minha vida eu sempre tive que lutar por tudo, Para me impor, Para mostrar que eu não era apenas mais um mulher negra.. Eu era a mulher, quando eu canto eu consigo deixar tudo isso claro. Eu consigo ser ouvida, respeitada e desejada. Principalmente desejada.. Eu tinha a minha única coluna de força que era a minha mãe e ela infelizmente me deixou... Me deixou antes que eu pudesse lhe dar tudo o que eu sempre quis, assim como ela fez comigo a minha vida toda.
Eu não conheci o meu pai e isso nunca fez muita diferença em minha vida. Nem para o bem e nem para o mau, eu sempre tive a minha mãe e ela nunca deixou faltar nada.. Talvez esse tenha sido o motivo de sua partida tão cedo, o excesso de trabalho minaram as suas forças.. Ela nunca me deixou largar a escola para ajudá-la nos serviços. Pelo contrário, ela sempre pagou os melhores colégios e os melhores cursos.
Ela percebeu o meu dom para a música ainda muito cedo e me incentiva a nunca parar, mas também a não fazer por obrigação e sim porque eu gostava de fazê-lo.. E eu amava cantar, eu conseguia me expressar de um jeito que as palavras faladas não me pareciam tão certas como elas cantadas.
—Eu não consigo aceitar esse seu trabalho – Victoria falou enquanto eu tentava relaxar no sofá confortável. Bem depois de perder o meu único porto seguro eu decidi que queria me arriscar.. Eu queria crescer na música e foi pensado nisso que eu me livrei da casa de aluguel, das coisas que traziam despesas e só fiquei com o essencial, as boas lembranças e um camafeu.
Eu conheci Victoria através de um anuncio, ela estava procurando alguém para dividir o apartamento com ela e eu estava precisando de um lugar para ficar, não dava para continuar morando no quartinho dos fundos no bar onde eu cantava e trabalhava.. É não é tão simples a estrada para se chegar onde quer.—Eu gosto dele, principalmente por me ajudar a pagar a minha parte no aluguei – falei. Victoria era dois anos velha do que eu.. Ela tem vinte e oito anos, ruiva dos de olhos verdes, tem 1,70 de altura e eu apenas 1,67. Dávamos um belo contraste, literalmente a começar pelas roupas, ela era bem mais ousada e eu muito mais discreta, ela gostava de maquiagem extravagante e ousava no batom vermelho.. Eu gostava de cores menos chamativa. Ela tinha um bom trabalho e eu.. Bem eu me ajeitava com o que eu tinha.
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Safira - Conto
ChickLitSafira Batista recebe uma proposta de cantar em uma boate de Sidney, ela não pensa duas vezes em sair do país. Deixa para trás a dor de perder a única pessoa que esteve ao seu lado, a sua mãe, era sempre as duas contra o mundo. Sozinha em Sidney ela...