Natal de 1870

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01

Não seria difícil achar Makkari quando a mente dela era a mais gentil e aconchegante do mundo inteiro. Uma das várias coisas que Druig gostava era, a quietude e ingenuidade da mente de Makkari. Estava na cidade a uns dias procurando incessantemente a amiga quando a viu de relance em um das mentes que vagava. Seus olhos contemplativos arregalaram - se ao vê-la.

Ela estava linda como sempre, pensou.

Desceu correndo as escadas da pensão em que estava hospedado e caminhou pela neve amarelada que cobria a rua. Se a visão estivesse certa ela estaria próximo a uma mercearia na rua principal da cidade. E com isso correu o mais rápido que conseguiu chegando rapidamente ao local

''Preciso voltar a forma'' Resmungou ofegante apoiando no joelhos. Ao se recompor varreu a calçada com os olhos e quando já estava prestes a desistir e voltar para pensão, ele a viu em um lindo vestido azul escuro, muitos não reparariam nela, já que para os padrões da época sua vestimenta era simples e sem graça, mas não para ele.

Makkari era o ser mais bonito do universo. Como se sentisse a presença dele, os olhos de Makkari o miraram e um sorriso imenso brotou em seus lábios. Correndo o máximo que seu vestido deixava ela se jogou nos braços de Druig, que deu dois passos para trás antes de se estabilizar.

"Senti tanta sua falta" — gesticulou ao se afastar. — "Por onde você andou?" " Você está bem?

Druig riu da animação dela, ele duvidava que os outros ficariam tão animados ao revê-lo.

— Sim! Estou bem. - Gesticulou em resposta ainda sorrindo. — Passei por vários lugares ao longo dos anos, você amaria ver tudo que eu vi. — A expressão de Makkari se desfez ao ouvir aquilo. A culpa de não ter seguido Druig a assolou por anos.

— "Me desculpe."— Gesticulou. Seus olhos se encheram de lágrimas. —" Eu deveria ter te procurando... eu deveria ter ido com você naquele dia. Me sinto culpada por ter te deixado só e..." Druig segurou as mãos da morena entre as suas e aproximando seus rosto disse:

— Ei, não diga isso. Você fez o que foi melhor para você, certo? E eu fico feliz por você está bem e a salvo. — As pessoas ao redor olhavam para eles. Naquela época era estranho a demonstração de afeto físicas. Ao perceber todos a atenção Druig, com um movimento de mão, fez todos pararem e fecharem os olhos em um sono profundo.

Makkari olhou em volta horrorizada e com uma carranca, que Druig achava fofa, gesticulou :

— Pare com isso. — E deu um soco leve no peito do amigo.

— Sempre tão malvada. — Disse rindo e movimentando a mão no ar tudo voltou ao normal.

— "Me digam onde você está? Ou só está de passagem?" — Makkari torcia para ele dizer que ficaria mais tempo. Sentirá tanta saudade que odiaria vê-lo só por alguns instantes.

— Estou hospedado em uma pensão a três ruas daqui. Ficarei apenas no Natal, aparentemente essa cidade tem o melhor natal da região, quero ver com meu próprios olhos o que tanto falam, mesmo eu não gostando de festividades.

''Ele ficaria tão pouco'' pensou Makkari. Seu coração se partiu ao pensar nisso. Gostaria tanto que ele ficasse.

— Você nunca gostou de festas, não é mesmo? — Gesticulou Makkari a pegar o braço dele e o conduzir rua abaixo.

Desceram a rua de braços dado em direção a parte menos movimentada da cidade, na extremidade da estrada e começo de um floresta estava uma cabana pequena onde Makkari estava habitando a dois anos. Ela evitava ficar mais de cinco anos em um só lugar já que não envelhecia, mas tinha tempo para pensar na sua próxima parada. Makkari teve sorte nessa cidade, encontrou um casal gentil que lhe ofereceu um emprego em uma pensão que fornecia o suficiente para se alimentar.

Druig olhou a casinha de longe e sorriu, era a cara dela. Pequena, simples e aconchegante. Ao entrar na casa Druig ficou surpreso com a quantidade de bugigangas que havia ali. Livros estavam acumulados em um canto perto da janela, havia pequenos souvenirs de onde ela passou, ervas secavam na janela da cozinha, havia estátuas de madeira, cadernos antigos e até um pequeno caderno com desenho feito a carvão na mesa da cozinha. Makkari atiçava o fogo da lareira enquanto Druig folheava o caderno.

— Você ainda gosta de desenhar. - Gesticulou para ela que olhava para ele da lareira sorrindo, mas então o sorriso se desfez e ela correu até ele quase o derrubando no processo. Seus braços foram em direção ao caderno e Druig o levantou sobre a cabeça sorrindo.

— O que tem aqui que você não quer que eu veja? - Indagou se divertindo às custas dela, por fim ele não viu o que tinha no caderno mas ficou feliz por deixar a amiga desconcertada. Ela ficou linda com o rosto corado.

— "Um outro dia eu te mostro" — Ela sorriu e guardou o caderno embaixo de uma pilha de livros.

Muito tempo depois Druig se arrependeria de não ter visto o que ela tanto escondia. Ele nunca soube o que realmente passava na cabeça dela, ao contrário dos humanos que tinham suas mentes frágeis e totalmente aberta, a de Makkari era forte, ele podia apenas ver a superfície de sua mente, mas não podia aprofundar em seus pensamentos. Ele faria qualquer coisa para se perder dentro da mente dela.

— "O que prentende fazer depois do natal?" — O dia já estava no fim e a escuridão da noite começava a entrar pela pequena janela empoderada da cozinha. O lareira crepitava e o cheiro de pinho sendo queimado junto com o cheiro de terra molhada invadiam o olfato dos dois.

Durig deu de ombro e sorriu um pouco.

— Eu passei uma temporada no norte da terra, é bem frio se quer saber. Agora pretendo ir para um lugar mais quente, não sei. Algo com mais cor além do branco.

Makkari o encarou por um tempo, vendo as chamas bruxuleantes da lareira darem cor ao rosto pálido e o amarelo quente do fogo refletir no azul gélido de seus olhos. O rosto de Druig adquiriu uma feição divertida de repente.

— " Você está pensando em mim". — Afirmou com um sorriso torto nos lábios. — Eu não consigo ler sua mente, mas às vezes você deixa algo escapar, como um sussurro no vento. E instigante sabia? Eu conseguia ler a mente de todos, menos a sua.

Makkari levantou o queixo em um sinal de superioridade e Druig a imitou sorrindo.

— Você é mesmo impossível. — Resmungou ele com o olhar longe, pensando o quão engraçado era ela também desejar saber o que se passa pela cabeça dele. 

You Coming for Christmas? [ DRUKKARI]Onde histórias criam vida. Descubra agora