𝐭𝐢𝐫𝐨𝐬 𝐞 𝐛𝐚𝐥𝐚𝐬

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Margot Monserrat
point of view

Foi intensos momentos naqueles poucos instantes. Tiros pelo ar e balas no chão é tudo o que sobrou por aqui. Eu choro desesperadamente e em silêncio pois aqui ninguém me achará. Eu tampei a boca pra abafar os soluços.

Tem apenas vinte minutos que a porta foi arrombada, mas o fogo já se espalhou e já apareceram dezenas de homens armados aqui. El Diablo está solto junto de todos os detentos. Eu estou em um pequeno abrigo de vidro onde fica extintores e hidratantes de incêndio para emergência. É pequeno e abafado. Mas eu não posso sair daqui.

Sei que daqui a pouco o fogo vai chegar aqui em cima, mas pela lógica, tenho mais chances de viver se permanecer. Lá em baixo onde estão as celas, está um caos. Tem milhares de óbitos no chão, e eu não quero morrer com um tiro na cabeça. A minha frente tem uma janela, provavelmente vou me sequelar se pular, mas é minha única escapatória.

Eu aperto o extintor em meus braços, tentando ficar calma. Daqui a pouco eles vão fugir. Ou a polícia vai chegar. Você só tem que ficar calma, Margot.
Se passam dois minutos... e eu só escuto gritos. Eles estão matando todos os policiais, guardas e qualquer superior que aqui está.
Quando que eu fiquei tão cega? Porque eu realmente pensei que conseguiria mudar os pensamentos de um assassino doente e mentiroso?

── SOBE LÁ! ── Eu abro os olhos rapidamente quando ouvi um grito. Eu me abaixo, tentando não deixar o desespero tomar conta de mim. Está escuro, o vidro é transparente então provavelmente ele me verá aqui se procurar bem. Só tenho que manter a calma.

A porta foi arrombada denovo com um tiro na fechadura e um chute. Minha respiração agora foi silenciada ao máximo. O local está calmo, sem nenhum barulho, eu só escuto seus passos se aproximando. Enquanto ele anda, ouço seu revólver ser engatilhado. Sinto minhas palpitações aumentarem. Quando ele finalmente passou do meu lado, vi suas costas. Não é Vicent, provavelmente algum de seus capangas. Ele abriu um armário de madeira pra checar se não havia ninguém ali, quando o vê vazio, ele se vira de volta pra ir embora. Foi quando meu celular notificou uma mensagem.

Ele me olhou rapidamente e ergueu sua arma pra mim. Eu escondo a cabeça com as mãos quando ouço o barulho. É inútil pois o vidro não deixa a bala ultrapassar. Ele atira pela segunda vez, e o vidro apenas racha. Ele anda até mim e minhas lágrimas se intensificam.

── ABRE AGORA! ── Eu ouvi seu grito abafado. Não mexo sequer um músculo. Ele bate no vidro com raiva e continua a gritar diversos palavrões. ── Ô, HACKER! ── Meu coração gelou. Ele deu apenas um grito e passos se aproximam. Provavelmente ele também estava no andar de cima. Eu encarei a porta. Não acredito que vou acabar aqui. Que todo mundo vai morrer e esses desgraçados vão sair ilesos como sempre.

── A polícia vai chegar em cinco minutos, bora logo. ── Ele disse antes de perceber que eu estava ali. Quando me viu, ele me encarou, não consegui distinguir seus sentimentos, mas não era raiva. Achei que ele iria atirar com seu enorme fuzil ou gritar escandalosamente, mas na verdade, só diz: ── Sai. Eu resolvo. ── Para seu amigo.

── É blindado.

── Eu resolvo. ── Ele repetiu. O cara saiu sem pensar duas vezes.

Ele caminha lentamente em minha direção, sem tirar os olhos de mim. E isso me mata porque, se tem um coisa que eu não quero agora, é olhar pra ele. Eu cubro os ouvidos quando três tiros foram disparados na fechadura. Enquanto o vidro se estilhaçava-se no chão, eu segurei o extintor e levantei, criando forças.
Não demorou muito tempo até ele andar até mim. Poderia poupar o último passo, mas ele o usa, ficando a centímetros de distância. Eu não tenho mais lágrimas pra colocar pra fora então apenas olho pro chão. Sinto seus dedos gelados adentrarem na minha nuca. Já seu nariz, roçam no meu maxilar.

𝐄𝐋 𝐃𝐈𝐀𝐁𝐋𝐎Onde histórias criam vida. Descubra agora