Capítulo 20

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Na manhã seguinte pegamos o jato de volta para a mansão. A noite anterior foi conturbada, mas pelo menos depois do que aconteceu não vi o Sebastian até entrar no avião, ele parecia estar com uma cara de ressaca, pelo visto a noite não foi nos braços da mulher loira. Sentei em uma cadeira afastada fingindo estar dormindo para não ser incomodada como da última vez, não tinha cara para olhá-lo depois desse fim de semana.
Descemos do avião indo direto ao carro conversível, o percurso inteiro foi em completo silêncio, virei o rosto para o lado observando a paisagem, para evitar qualquer contato.
Chegamos na mansão pela tarde, como de costume fui direto para meu quarto escoltada por Marília.

Entramos no quarto, ela pegou minhas malas e começou a arrumar as roupas.
Me joguei na cama e fitei o teto branco.
Meu coração acelerava ao pensar no dia anterior, em tudo, na mão dele em meu pescoço e no tecido da calça roçando em minha coxa.
Aperto meus olhos com força. O frio na barriga aumenta.
Sebastian foi evasivo, porém eu me perguntava porque não senti nada ruim em relação assim, claro, dizer aquelas coisas sobre a loira foi nojento, entretanto não mudou o fato das minhas pernas amolecerem toda vez que estávamos muito perto.
Olhei para Marília, ela estava guardando algumas coisas nas gavetas.

— Não vai me perguntar nada sobre a viagem?

— Acredito que não seja da minha conta.

Lanço um olhar incrédulo a ela.

— Tem certeza? Nem ao menos sentiu minha falta?

— Fiquei desocupada. Não gosto de ficar sem algo a fazer. — Ela coloca o que parecia ser minha aliança em cima da penteadeira. — Deveria usá-la.

— Não. Não preciso. — Volto a encarar o teto. Um suspiro despercebido sai.

— Vejo que voltou diferente. — Aproximou-se.

— Ah - suspiro-, Marília. Foi estranho.

Suas sobrancelhas se juntam.

— Ele tentou algo que você não queria?

— Não. — Penso — na verdade, sim e não. Estou confusa.

Sento na borda da cama, olhando para minhas mãos.

— Ao que parece, ele se divertiu com uma loira que conheceu no hotel.

Não vejo a expressão de Marília mudar. Parecia ser mais comum do que parece.

— Sebastian sendo Sebastian. — Balançou a cabeça. — Mas por que isso parece lhe incomodar?

Levanto da cama balançando a cabeça.

— Não incomodou, de maneira alguma. — Passo andar de um lado para o outro.

— Estou vendo. — Uma sobrancelha sua arqueia.

Meus ombros caem e der repente eu paro.

— Queria que o Ethan estivesse aqui.

Marília olha para seu colo, sem algo a dizer.

— Acredito que ele saberia o que me dizer agora. — Realmente não queria chorar na frente da Marília. — Pode me deixar a sós por um momento?

Ela assentiu e caminha em direção a porta.
Pelo primeiro vez eu realmente queria estar sozinha ali, mesmo com meus pensamentos martelando na cabeça, tentando evitar que meu coração batesse tão forte no peito quando recordava as palavras de Sebastian.
Eu não estava com ciúmes, mas acredito que o subestimei.
Tentei esquecê-lo, embora ainda parecesse que suas mãos estão ao redor do meu pescoço.

° ° °

— Julgo que o azul lhe caiu bem. — Afirmou Marília.

Olho meu reflexo no espelho. O vestido era tubinho, numa cor azul-marinho, mais um dos muitos que Marília trouxe para eu experimentar. Todos eram horripilantes.

— Estou parecendo uma secretária. Não posso usar um dos confortáveis? — Choramingo.

— Não. Onde já se viu? Há momentos para andar maltrapilha. — Passou a mão nos amassados no vestido. — Acredito que um jantar com os Stan não é uma ocasião para isso.

Reviro os olhos.

— Sinceramente não ligo para a opinião deles.

Marília respira fundo.

— Tudo bem, mas poderia escolher um menos apertado?

Ela olha para os vestidos no cabide, todos em cores neutras combinando com seu estilo elegante. De lá, ela tira um vestido vermelho simples, não era tão apertado quanto o azul, assim eu poderia andar livremente com aqueles sapatos infernais.

— Esse está bom. Não temos mais tempo para escolher.

Alguns dias se passaram, deste então eu não via o Sebastian, nem quando descia para o jantar, Marília disse que ele viajou novamente a trabalho. Me perguntava qual seria o trabalho do Sebastian, mas tinha certeza que seria algo não bem-visto pela lei, já que ele tinha ligação com May, e todos que ela conhecia eram tão ruins quanto a própria.
Esses dias me fizeram acostumar com a vida aqui, nada novo acontecia, ninguém tinha permissão para falar comigo além de Marília, então eu vivia de modo solitário conversando com as paredes. Até mesmo sentia falta das discussões com Sebastian.

Marília arrumou meu cabelo em um coque alto com, eu puxei alguns fiapos para fora. Ela passou uma maquiagem leve, pois era o que sabia, finalizamos com um brilho labial e em poucos minutos eu estava pronta para encarar todos da família Stan na festa de Natal. Não pude esquecer a maldita aliança, o símbolo de que eu e Sebastian éramos um casal normal vivendo felizes.
Desci as escadas segurando o corrimão, embaixo ele me esperava com uma cara na paciente, usava um smolking preto, era incrível sua capacidade de se destacar mesmo sem esforço.

— Pensei que não desceria hoje. — Disse olhando para seu relógio.

— Se eu fizesse isso você iria me buscar de qualquer forma. — Rebato.

— É gratificante constatar o quanto você é submissa a mim. — Um canto de sua boca elevou-se.

Travo minha mandíbula. Vejo a cruz em sua têmpora contrair.

— Vamos logo antes que eu cogite voltar para o quarto.

Nós saímos da mansão, o carro dele já estava parado em frente ao chafariz. Harold que esperava por nós em frente a porta, entregou as chaves a Sebastian, depois abriu a porta do carona para mim.

— Obrigada, Harold. — Lanço um sorriso tímido a ele que não acenou com a cabeça.

Sento no banco e puxo o cinto, Sebastian liga o carro dando partida.
O caminho foi tranquilo, apenas a luz do farol iluminava a estrada, a noite estava bela e calma, eu conseguia ver estrelas pela janela. Lembrou-me a noite que conheci Sebastian, o céu estava exatamente assim, pronto para me receber.
Quase meia hora depois finalmente chegam em frente a uma residência, atrás de um portão havia a propriedade, não parecia um castelo as ruínas como a de Sebastian, mas parecia ainda mais impecável e cara.

Acordo de meus pensamentos com a porta de Sebastian sendo batida, saio do carro segurando a bolsa de mão que Marília me deu. Do lado de fora, um manobrista pegou as chaves das mãos de Sebastian conduzindo o carro para o estacionamento, ao lado de outros de marcas caras.
Meus olhos brilhavam.
Sebastian segura minha mão, olhando para meu dedo anelar, averiguando se eu estava usando a tal aliança. Puxo minha mão de volta.

— Já sei o que devo fazer. Você não precisa me dizer sempre.

Sinto seu olhar em cima de mim e depois ouço um sorriso nasal.

— Não deixe que eles devorem você.

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