Marília me abraçou tão forte como nunca, parecia mesmo que ela sentiu muito minha falta. Quase desmoronei em seus braços, mas me mantive rígida, a empregada que arrumava meu quarto não deveria me ver chorando, apesar de estar curiosa por conta do meu olho.
Marília desfez o abraço e segurou meu rosto analisando o machucado, ela parecia uma mãe preocupada com a filha, essa sensação confortou meu coração.— Pelos céus, que atrocidade! — Resmungou ela.
— Está tudo bem, Marília.
Ela olha para mim com ternura.
A empregada sai do quarto, Marília fecha a porta se certificando que ela não ouviria nada do que não deveria.— Senti tanto sua falta, você não pode simplesmente sumir assim. Só após três dias o senhor Sebastian me disse onde você estava e o motivo.
— Desculpe.
Marília balança a cabeça, sorrindo.
— Fico feliz que tenha voltado, senhorita.
O meu sorriso se desfaz a medida que percebo onde estou, o meu quarto me trazia muitas lembranças, das melhores até as piores. Passar essas semanas longe só lembrou do quanto tenho pavor deste lugar.
— Sebastian se declarou para mim. — Desvio o olhar para minhas mãos, não queria ver a expressão de surpresa estampada no rosto da Marília. — Antes de chegarmos aqui. Ele quer que eu o aceite de volta e disse que me ama.
Os olhos de Marília caem para o chão, ela parecia buscar seu queixo caído por algum lugar do carpete.
— Bem, e você, o que disse? — Seus olhos azuis miram nos meus.
— Além de ter dito tudo o que penso de ruim sobre ele, nada. Fiquei estarrecida, com a boca seca.
— Você ainda o ama?
Levanto da cama indo em direção a janela, observo as pequenas ondas quebrando no rio.
— Sim — pronuncio fracamente —, mas ainda estou brava pelo que aconteceu. O pai dele morreu há algumas semanas, a outra parte é que também posso ir embora.
Ouço a cama ranger, Marília se põe de pé e junta as mãos em frente a barriga.
— E o que pretende fazer a respeito disso?
Rangendo os dentes, tão ansiosa por não saber o que fazer ou se as decisões que tomei nas últimas horas foram certas, viro para Marília e olho bem para seu rosto maduro.
— Quero que o Sebastian prove que me ama e mesmo assim sinto que ainda queria vê-lo de joelhos aos meus pés implorando por mim. — Vejo Marília engolir a seco. — Mas caso isso não for possível vou embora, a única coisa que vai restar de mim vão ser as lembranças.
A expressão de surpresa dela se desfez aos poucos, dando lugar a um sorriso. Marília assentiu lentamente.
— Independente de qualquer coisa estou com a senhora, ficaremos ou partiremos juntas.
Seguro suas mãos, Marília era minha única e confiável amiga. Só tinha a ele agora.
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Perverso
RomanceObra inspirada em A bela e a fera 🌹 Jade perdeu seus pais muito cedo. Engana por May, ela foi parar em um país distante trabalhando em uma boate clandestina, sendo obrigada a se prostituir para se manter viva. Decidida a acabar com seu sofrimento...