Capítulo 42

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Marília me abraçou tão forte como nunca, parecia mesmo que ela sentiu muito minha falta. Quase desmoronei em seus braços, mas me mantive rígida, a empregada que arrumava meu quarto não deveria me ver chorando, apesar de estar curiosa por conta do meu olho.
Marília desfez o abraço e segurou meu rosto analisando o machucado, ela parecia uma mãe preocupada com a filha, essa sensação confortou meu coração.

— Pelos céus, que atrocidade! — Resmungou ela.

— Está tudo bem, Marília.

Ela olha para mim com ternura.
A empregada sai do quarto, Marília fecha a porta se certificando que ela não ouviria nada do que não deveria.

— Senti tanto sua falta, você não pode simplesmente sumir assim. Só após três dias o senhor Sebastian me disse onde você estava e o motivo.

— Desculpe.

Marília balança a cabeça, sorrindo.

— Fico feliz que tenha voltado, senhorita.

O meu sorriso se desfaz a medida que percebo onde estou, o meu quarto me trazia muitas lembranças, das melhores até as piores. Passar essas semanas longe só lembrou do quanto tenho pavor deste lugar.

— Sebastian se declarou para mim. — Desvio o olhar para minhas mãos, não queria ver a expressão de surpresa estampada no rosto da Marília. — Antes de chegarmos aqui. Ele quer que eu o aceite de volta e disse que me ama.

Os olhos de Marília caem para o chão, ela parecia buscar seu queixo caído por algum lugar do carpete.

— Bem, e você, o que disse? — Seus olhos azuis miram nos meus.

— Além de ter dito tudo o que penso de ruim sobre ele, nada. Fiquei estarrecida, com a boca seca.

— Você ainda o ama?

Levanto da cama indo em direção a janela, observo as pequenas ondas quebrando no rio.

— Sim — pronuncio fracamente —, mas ainda estou brava pelo que aconteceu. O pai dele morreu há algumas semanas, a outra parte é que também posso ir embora.

Ouço a cama ranger, Marília se põe de pé e junta as mãos em frente a barriga.

— E o que pretende fazer a respeito disso?

Rangendo os dentes, tão ansiosa por não saber o que fazer ou se as decisões que tomei nas últimas horas foram certas, viro para Marília e olho bem para seu rosto maduro.

— Quero que o Sebastian prove que me ama e mesmo assim sinto que ainda queria vê-lo de joelhos aos meus pés implorando por mim. — Vejo Marília engolir a seco. — Mas caso isso não for possível vou embora, a única coisa que vai restar de mim vão ser as lembranças.

A expressão de surpresa dela se desfez aos poucos, dando lugar a um sorriso. Marília assentiu lentamente.

— Independente de qualquer coisa estou com a senhora, ficaremos ou partiremos juntas.

Seguro suas mãos, Marília era minha única e confiável amiga. Só tinha a ele agora.

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