23 de junho, 1858.
No corpo o sabor amargo do ciúme
A gente quando não se assume
Fica chorando sem carinhoCom a chegada do fim da primavera, o clima fora dando espaço para o verão londrino.
E com o fim da primavera, a duquesa Catherine estivera passando por impaciências para com o filho, Elliott, que afirmava com veemência que a senhorita Bridget Hill se casaria com ele, entretanto, pedia-lhe tempo; afinal, a pobre moça vinha passando por muitos conflitos perante a Alta Sociedade – esta que, impetuosa como era, não parava de criar suposições que fizera com que sua aliança com a senhorita Kim Mitchell se rompesse. Começara a ser formidável a forma como a mãe, discreta aos olhos da Alta Sociedade, ficara sabendo de cada boato e suposição, dentre elas a que mais a questionara a sua veracidade era: Kim tentara corromper Bridget contra sua vontade. Ora, por que não? Não passava despercebido por ninguém que a única filha dos Mitchell era... peculiar, visto da mais bondosa vista.
— Deixe que esse tumulto acabe, minha mãe, para que a senhorita Bridget tenha paz para só então nos casarmos.
A duquesa o fitou do outro extremo da mesa.
— Creio que não saiba do mais novo boato, meu filho...
— E qual seria ele? — questionara tentando parecer desleixado, porém prestara atenção a sua resposta:
— Estão supondo que a razão pela qual a aliança dessas duas senhoritas tenha sua rompido, tenha sido você.
Elliott rira, simplesmente inclinou a cabeça para trás e gargalhara na face da mãe.
— E a senhora acredita nessa barbaridade? Minha mãe, faça-me o favor de não encher-me com mais nenhuma asneira.
— Asneira? — cuspiu a palavra em direção ao filho assim que batera a mão firme a mesa. Elliott surpreendeu-se. — Não vou arriscar o nome dessa família por causa de seu descuido, Elliott. Isso eu não farei!
— Por um acaso, minha mãe, em algum momento eu lhe pedir isso? Não, creio eu. A senhorita Bridget precisa de tempo, portanto é o que lhes darei. Tenha calma assim como tenho. Tudo se resolvera o quanto antes e essas pessoas mal a de se lembrar de relacionar o sobrenome Mitchell aos dos Hill quando eu a tomar como minha esposa. — puxou o ar com a convicção que pôs em sua promessa, fazendo com que a própria mãe acreditasse em suas palavras.
— Espero que esteja certo quanto a isso. — bebericou o chá e, quando o primogênito ia se levantando, ela o questionou: — Quando a pedirá em casamento? Há quatro meses que a corteja, um pouco mais e será motivo de falatório.
— Logo! Esta tarde mesmo estarei em sua companhia.
— Com que finalidade?
— Amá-la, mamãe... amá-la.
O cômodo fora deixado pelo primogênito, porém, sua mãe fitara o acento onde seu filho estivera e desejara que ele tivesse razão; pelo ao menos soubesse o que estava fazendo ao arriscar seu tempo com uma jovem que, apesar de muito bem falada e cobiçada, parecia distante aos pretendentes apesar de atenciosa. Esse era o paradoxo da dama que já dispensará tantos pretendentes, mas que logo faria parte de sua família. E, com algumas décadas, a duquesa almejava que seu lugar na Alta Sociedade fosse posto em suas mãos. E que ela soubesse o que isso significava ser uma duquesa.
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Convite de casamento (romance lésbico✓)
Romance"Um amor lésbico que se passa em 1845 sobre duas amigas que escondem seus sentimentos, ambas sem saberem o que uma sente pela outra até que, um dia, uma delas se declara. Mas talvez seja tarde demais." Romance baseado na música de Gian e Giovanni.