Capítulo Sete [Final]

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Hey, Kimmy.

Chegara em mim sua decisão de não comparecer ao meu casamento, por consequência, tua mãe não entende porque renega uma chance de mostrá-lhe a face perante a Alta Sociedade. Eu a entendo. E confesso-lhe, não a quero aqui quando não é você a pessoa ao meu lado.

Construímos tantas coisas, Kim. E fui tola ao desejar mais do que já tinha, e agora... não tenho nada em meu espírito que traga-me felicidade. Confesso-lhe que evito lembrar que fora debaixo da condessa d’Eu que você me deu seu coração, e também foi lá que eu o parti. Perdoe-me, Kim! Tornei-me tola ao renegar teu amor. E é meu fardo ter que viver sem ti – eu o aceito. Aceito por todas as vezes que tentei não te amar, e amei-te mais. Aceito por todas as vezes que desejei pecar ao olhar para ti. Aceito minha vida sem tua presença, sem teu toque – é minha consequência!

És bondosa, Kim. Pensara em mim a cada vez que tomei uma decisão para afasta-te quando na verdade nunca questionei-lhe o que queria. Reneguei-te, e em momento nenhum pensei no que isso te causaria. Não a mereço mais. Confessei a ti meus momentos íntimos e essa é o meu último segredo: Amo-a, Kim! E é por esse amor ser covarde que jamais pude oferecer a ti. E arrependo-me amargamente. Portanto, meu amor, eu confesso: estou casando, mas o grande amor da minha vida é você!

Adeus, Kimmy.

Atenciosamente e para sempre,
Sua Bree

— Ora, irmã — resmunga Ed ao seu lado. —, diga-me o que diz a carta!

Kim, esforçando-se a continuar respirando mesmo sentindo seus órgãos se encolherem, entrega-o a carta, desejando-a tê-la longe de si, desejando que tudo que estivesse escrito ali fosse mentira; desejou que Bridget nunca tivesse a amado. Conviver com o fato de que Bridget não é sua era considerado aceitável, superável mesmo que difícil; no entanto, como fazer isso sabendo que o sentimento que mais tentava conter era, na verdade, correspondido. Fora correspondido por todos esses anos.

Kim não poderia aceitar ser amada e deixada, não ambas as coisas.

— Ah, meu Deus... — sussurrou Ed assim que pôs a carta sobre a cama. — Tens que fazer algo, irmã!

— Perdão? — questionou sem entender. Era isso mesmo que estava sugerindo-a? — Quer que eu impeça um casamento?

— Exato!

Kim bufou.

— Agradeço-o imensamente, Ed. Mas permita-me ficar sozinha. Por favor.

O irmão gêmeo não tentara protestar dessa vez, apenas pedira que deixasse a porta aberta; no entanto, pôde ouvir o bater da madeira assim que deixou o recinto. Rogou para que nada acontecesse.

Kim fechara a porta e se segurou na própria maçaneta para que não caísse. E então tudo veio: seu choro impetuoso, o tremor nas mãos e em seu peito pesado. Amava-a, amava-a mais do que tudo! Mais do que a própria vida!; como poderia, então, sabendo que por todos esses anos fora correspondida, deixá-la ir? Elliot cuidará dela como Kim cuidaria? Elliot saberá de suas necessidades? Saberá que tens medo de raios? Que tens alergia a amêndoas? Que choras facilmente? Que dias nublados a entristece? Que ela é gentil, amável, resplandecente na mesma medida que pode ser sarcástica, insensível e dramática? Elliot terá para si que tens o mundo nas mãos? Elliot segurará sua mão quando o mundo estiver pesado demais para ela?

Kim não sabia a resposta, no entanto rogou para que ele fosse suficiente, para que, pelo ao menos e a medida do possível, fosse um bom marido – fiel, de preferência!

Convite de casamento (romance lésbico✓)Onde histórias criam vida. Descubra agora