+ Morte +

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🔥🌘

O vento forte da manhã balançava as folhas avermelhadas com força, e o delicado cheiro de maçãs e terra tomava todo o caminho até o grande palácio na árvore. Ao longe, eu podia ver a estrutura de mármore bege, que tanto contrastava com a árvore gigantesca e antiga ao qual a construção se agarrava. Aquela construção era diferente de tudo que eu já havia visto: os telhados das torres em vermelho vivo, as folhas verdes e amarelas acima, os cipós, as flores delicadas de outono por todos os lugares. Era uma vista e tanto, a qual eu provavelmente pintaria depois.

 Era uma vista e tanto, a qual eu provavelmente pintaria depois

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(Foto de inspiração)

Guardas usando armaduras em bronze circulavam em duplas ao redor da árvore, todos eles fingiam não me ver conforme eu subia os degraus. É claro que fingiam, meu couro negro e carmim não passava despercebido em um ambiente como aquele. Um dos soldados que guardava a entrada, segurava uma lança, completamente imóvel. Ele girou, em um movimento ensaiado, e deu dois passos, abrindo a grande porta de madeira para mim. Seus olhos nunca fazendo contato diretamente.

- Obrigada, querido. - Eu disse, já sabendo que não haveria uma resposta.

Os corredores não eram bem iluminados, apesar das janelas enormes. Todas eram cobertas por folhas e trepadeiras, como cortinas esburacadas. Eu apertei o canudo de papel em minhas mãos enquanto parava no fim do hall, que levava em duas direções, formando um "T". O vento calmo balançou as folhas e bagunçou meus fios desprendidos da trança longa. Sem a companhia de um guarda para me mostrar a direção, eu fiquei alí. Aquele lugar era tão silencioso e pacífico, eu poderia ficar parada naquela sombra pelo resto da manhã, apenas ouvindo os sons das árvores.

Eu estava naquele território para uma missão Valquíria, entretanto, optei por não usar o couro oficial completamente. Assim que eu finalizei meus treinos e cortei a fita, minha tia Nestha, junta de meu pai, pensaram em uma forma de deixar nosso uniforme mais discreto ou oculto. É claro que tal conversa se iniciou pelo medo de me usarem de alguma forma, me sequestrando, torturando ou matando. A máscara negra que cobria do pescoço ao nariz não era eficiente, sendo que em um campo de batalha todos me reconheceriam pelos meus poderes. E também, não é como se já não tivessem me capturado antes... Era só... Bem, a máscara servia como disfarce no meio das outras, para ocultar nossas identidades. Mas quando eu estava sozinha, qualquer um que conhecesse bem o olhar ranzinza de meu pai, veria a semelhança em mim. Então, eu não via sentido em usá-la hoje.

Além de significar confiança nesta Corte, como minha mãe disse esta manhã. E de alguma forma, eu odiava estar me envolvendo em algo que não deveria, jamais, se tornar um jogo ou acordo político. Tudo não tinha começado com a proposta de ensinar defesa à uma fêmea?

- Archeron. - Retirei meus olhos das janelas, encontrando o mesmo macho amigável ao qual conheci em minha última visita. Deixei minha expressão dura se relaxar, minha mente tinha ido longe demais.

𝐀 𝐂𝐨𝐮𝐫𝐭 𝐨𝐟 𝐖𝐢𝐥𝐝𝐞𝐬𝐭 𝐃𝐫𝐞𝐚𝐦𝐬 | Eris Vanserra Onde histórias criam vida. Descubra agora