+ Sonhos selvagens +

1.6K 150 203
                                    


🔥🌘


Velarie acabou descobrindo que dormia melhor nas noites que sucediam suas visitas à Corte Outonal - não que isso esteja relacionado diretamente ao Grão Senhor da Corte que, tinha se mostrado um bom amigo após todos seus desentendimentos irracionais - era só... Bem, ela pensou, Eris fazia de tudo para levá-la a exaustão. E não era de uma forma ruim. Na verdade, ele parecia sempre saber do que ela precisava; seja de sol, do ar livre, de uma boa refeição ou conversa.

E, as vezes, chegava a ser frustrante a forma como ele sempre parecia querer enfiar um pedaço de pão goela abaixo da jovem, mas no fim, Velarie se deliciava com toda essa atenção. Por mais que ela não admitisse, provava um pouquinho de superioridade toda vez em que aquele macho se mostrava preocupado com a mesma. Talvez fosse o fato de se tratar de um Grão Senhor, uma das pessoas mais importantes e poderosas de Prythian, Velarie ainda não tinha se decidido sobre o motivo, mas sabia que se deleitava em cada gesto do mesmo.

E, bem, era difícil não se aproximar de Eris, por mais que sua família a tivesse alertado sobre a áurea traiçoeira do macho. Era difícil porque, ele vinha se mostrando completamente diferente dos boatos, e tudo isso confundia a mente de Velarie, que se sentia mal por ansiar cada vez mais seus encontros. E ela ansiava com sua alma, com tamanha força que chegava a ser constrangedor. Mas não podia evitar, se sentia sozinha, e quando falava, Eris ouvia com completa atenção. Ele realmente parecia se importar. Sem contar nas horas que jogavam fora, deitados na grama, onde o mesmo fazia perguntas mínimas e estúpidas sobre ela. "Qual sua cor favorita?", "De quê mais gostava de brincar quando era criança?", "O que gosta de fazer em seu aniversário?" - E Velarie respondia essas pequenas dúvidas fúteis e sem sentido, sem perceber que, aos poucos, Eris conhecia toda sua personalidade e caráter através delas.

***

Longe da Corte Noturna, onde Velarie se entregava à inconsciência pacificamente, Eris, o Grão Senhor da Corte Outonal, se debatia entre os lençóis finos e caros de seus aposentos. Era quase um milagre haver uma noite sequer em sua semana ao qual ele não sonhasse com ela; sendo este, sempre o mesmo sonho - Ela vinha como uma miragem, flutuando, as vezes nua, as vezes vestida em uma camisola azul de cetim. Fumaça aspiralada e cintilante envolvia seu corpo, que descia dos céus até pousar na grama escura da floresta noturna outonal.

Quando sonhara pela primeira vez, em Sob a Montanha, achou que estava delirando, mas podia jurar que se tratava de uma imagem divina

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


Quando sonhara pela primeira vez, em Sob a Montanha, achou que estava delirando, mas podia jurar que se tratava de uma imagem divina. Até que... Até que a figura da fêmea criara asas cartilaginosas, com garras negras, tais quais as dos ilyrianos, a raça inferior pertencente à Corte Noturna. Desde esse momento, ele nunca mais tivera o sonho. Até àquela noite, no aniversário de sua mãe, onde descobrira, da pior forma, e no pior momento, que aquela jovem era sua. Não dele, fisicamente, ele pensou, mas sua alma, sua essência e sua vida lhe pertenciam daquele momento em diante. E isso era indiscutível. Se algo acontecesse, ele sentiria, ele saberia. Veria pelo laço. E se ele a perdesse... Bem, Eris não gostava de pensar no assunto, apesar de inevitável, já que carregava esse traço autodepreciativo. Vez ou outra se pegava pensando em como toda aquela maldita situação parecia uma piada, uma grande piada da Mãe e do Caldeirão.

𝐀 𝐂𝐨𝐮𝐫𝐭 𝐨𝐟 𝐖𝐢𝐥𝐝𝐞𝐬𝐭 𝐃𝐫𝐞𝐚𝐦𝐬 | Eris Vanserra Onde histórias criam vida. Descubra agora