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- HATHAWAY -

O CÍRCULO

CAPÍTULO VINTE E TRÊS

O zerar das horas

— Me sinto um pouco culpada pela sua prisão, isso me parte o coração de tal forma que as vezes sinto raiva de você. Por que teve que se colocar nessa situação por minha causa? Quem seria tão burro a ponto de prejudicar a própria vida por causa de alguém? Por que você me deu tal valor, Jimin? Como serei capaz de viver com esse fardo?

Mensagens de Ava Wilson

Dezessete dias após a prisão de Park Jimin

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Escolher minhas roupas pra minha primeira noite na Terra após três anos foi uma tarefa simples dado o momento, jeans surrados e uma regata branca por causa do clima de ano novo foi o que decidi vestir em exatos cinco minutos desde o momento em que entrei no quarto que divido com Taemin. Ele está jogado na própria cama mexendo em seu Espelho Celestial, não me perguntou pra onde vou e também não vou me dar o trabalho de falar pra ele.

Já fomos bastante próximos há umas décadas, hoje não mais, e tá tudo bem.

Namjoon mandou o endereço do galpão que o pessoal vai se encontrar pro meu Espelho, conferi se estava tudo certo e, ao invés de transformar na caixinha de sempre, o transformei em uma corrente e coloquei no pescoço, se é pra passar a virada no Brasil então vamos a caráter.

Se eu evitar pensar demais, parece mesmo que eu fui solto definitivamente e estou levando uma vida normal, mas as coisas começaram a sair da normalidade quando precisei passar meu Espelho em um sensor ao chegar nos portais. Um dos Oráculos me disse que era pra registrar o dia que eu estava saindo sem supervisão, pelo jeito vão levar esse lance de sair apenas uma vez por semana bem a sério.

Depois de todas as burocracias idiotas eu finalmente desci pra Terra, pensei no Cristo Redentor e logo em seguida coloquei meus pés no Rio. A cidade estava iluminada, todos junto com seus amigos e família esperando o zerar das horas pra comemorar o ano novo. Envolvi meus braços ao redor do corpo e me pus a andar, o clima estava gostosinho, nem frio nem quente, mas essa sensação no ar de esperança e de conforto que as pessoas que eu enxerguei por aí passavam fez com que eu ficasse um pouquinho melancólico.

Não me lembro a última vez que me reuni com pessoas realmente importantes pra mim pra comemorar o ano novo. Minhas viradas sempre foram assim, passar tempo em festas que todos faziam questão de me convidar.

Uma criança passou do meu lado correndo com uma forma de biscoitos na mão, lembrei automaticamente de meu irmão e de seus biscoitos de sempre, eu preciso passar na casa dele antes de voltar pro Círculo, sinto que meu coração vai sufocar se eu não o reencontrar logo.

Apressei o passo pra chegar logo ao galpão, pude ouvir a música ficando cada vez mais alta à medida que eu me aproximava do local da festa, mas diferente dos ambientes que estou acostumado a frequentar, não escutei as batidas conhecidas da música eletrônica ou algum funk pesadão como costuma fazer sucesso no Brasil, o que estava tocando era nada mais nada menos que jazz, e puta merda, que saudade que eu sentia de um jazz de qualidade.

Enxerguei Hoseok recepcionando o pessoal na entrada do galpão, cheguei mais perto e quando o cara me reconheceu ele arregalou os olhos e correu pra perto de mim, me recebendo com um abraço apertado que eu fiz questão de retribuir.

O Círculo - Park JiminOnde histórias criam vida. Descubra agora