ℙ𝕣𝕠𝕝𝕠𝕘𝕠 - 𝕆 𝔼𝕝𝕖𝕧𝕒𝕕𝕠𝕣

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- HATHAWAY -

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- HATHAWAY -

O CÍRCULO

PRÓLOGO

O Elevador

"Ela acreditava em anjos e,
porque acreditava, eles existiam"

Clarice Lispector

O barulho leve de cabos de aço passando por dentro de uma roldana retumbava em meus ouvidos, em um ambiente normal ele mal seria notado, mas não ali, ali o silêncio sepulcral fazia com que as roldanas se tornassem ensurdecedoras, ou talvez fosse o meu pavor por não saber o que estava acontecendo.

Eu não sabia de nada.

Deitada em algo gelado, passei as mãos ao meu redor tentando inutilmente descobrir onde eu estava, meu medo de abrir os olhos fazia com que apenas o barulho das roldanas e o chão frio ocupassem minha mente, apenas isso.

Porque eu não me lembrava de nada.

A gravidade me dava a impressão de que eu não estava parada, onde quer que estivesse agora, aquilo não parava de subir, pelo barulho das roldanas, um elevador.

Esperei por bastante tempo, aquela caixa de metal continuava subindo e subindo enquanto eu continuava de olhos fechados, parecia uma subida eterna, o elevador não parava e eu não me mexia.

— Você vai ficar jogada aí? Há! — Uma voz falhada ressoou dentro do elevador, meu coração deu um pulo e pude sentir a adrenalina tomar conta de todo o meu corpo, tal como as vezes em que eu era pequena e pensava ter visto um fantasma de madrugada em meu quarto.

Então percebi que havia me lembrado de algo, foi aí que me acalmei.

Um pouco.

Lentamente abri meus olhos pra descobrir de quem era aquela voz, olhei para um lado e apenas vi uma parede branca, como um mármore tão bem trabalhado que é possível ver seu reflexo. E eu podia ver o meu. Olhos negros de minha mãe e os cabelos loiros herdados do meu pai.

O pai que eu nunca cheguei a conhecer.

— Pare de se admirar no mármore. Há! — A voz soou de novo, me virei para o outro lado e dei de cara com algo nada normal e muito peculiar, era um chimpanzé sentado em um banco ao lado dos botões do elevador, ele estava vestido com aquelas roupas vermelhas que os seguranças do castelo real usam, junto com uma boina preta ridícula.

O chimpanzé me encarava com aqueles olhões e eu cogitei dar um tapa na minha cabeça pra ver se eu não estava alucinando, quando ele falou eu levei um susto, então quem estava falando comigo no elevador era o chimpanzé de roupas?

— Não se admire no mármore. Há! Foi assim que Narciso foi parar no Submundo, tantas vidas jogadas fora por vontade de ser lindo. Há!

— Narciso? — Eu perguntei, ele estava falando do Narciso das histórias que escutávamos quando crianças? Aquelas sobre o perigo da vaidade?

O Círculo - Park JiminOnde histórias criam vida. Descubra agora