Infância

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Em uma noite, quando a primeira neve caiu, naquela cidadezinha simples e quase mágica, nasciam dois bebês.
A primeira neve demorou a vir aquele ano, chegou no começo de dezembro, a cidade estava pronta para o Natal, as casas simples já estavam enfeitadas com luzes e perto da lareira enfeites do menino Jesus e meias.
Todos esperavam com grande expectativa a primeira neve do ano, enquanto aquelas duas mulheres esperavam com expectativa seus queridos bebês.
A neve surgiu e junto dela a esperança de um novo tempo, a magia do Natal e o valor do afeto nos lares e claro, o choro daqueles dois bebês que ecoava pela vizinhança.
Aquele natal foi mais doce para as famílias Kim e Hong.
O tempo foi passando e aquelas duas crianças tornaram- se inseparáveis, faziam tudo juntas, como ir à escola, caçar tesouros escondidos no quintal, e claro, a parte que mais aquecia os corações dos pequenos, a neve! Era raro ver um sem o outro, naquela pequena vila na província de Gangwon, um local muito acolhedor, todos eram como uma grande família, sempre dispostos a ajudar e compartilhar as alegrias e tristezas, e não era diferente para aquelas crianças de idades iguais.
Na-ri e Anthony eram a alegria daquela cidadezinha simples e eram mimados por todos que amavam o carisma e doçura que aquelas crianças exalavam.

— Vai Hong, canta pra mim! Eu preciso ensaiar meus passos!

— Ah não Na-ri, você sabe que eu não canto bem!

— Vai Hong, você quer que sua preciosa amiga passe vergonha na apresentação?

— Aish!* Tá bom, mas só uma vez! 

As crianças de apenas cinco anos de idade viviam se desentendendo, mas não conseguiam passar muito tempo longe um do outro.
Assim foi durante os cinco primeiros anos de suas vidas.

— Você precisa mesmo ir Na-ri? Por que você não pode ficar aqui? — o pequeno Hong perguntava inconsolável em um breve diálogo enquanto os pais de Kim Na-ri colocavam as últimas bagagens em seu carro.

— Eu também não queria deixar você Hong, mas mamãe disse que eu preciso ir pra uma escola melhor, pra dançar mais bonito! Mas eu nunca vou te esquecer!

— Promete? — estendeu seu pequeno dedinho para selar um juramento.

— Prometo! Eu vou voltar quando estiver grande Hong, não se case com ninguém até lá, quando eu voltar você tem que prometer que vai se casar comigo! — com os dedinhos cruzados e os dedos polegares colados selaram a promessa de não esquecer-se um do outro.

— Não sei se posso te prometer isso Kim Na-ri, meu pai disse que a gente só se casa com quem ama.

— Então você tem que prometer que vai me amar depois que crecer.

— Certo, vamos fazer isso!

Os pequenos se abraçam ainda sentindo a dor da separação, enquanto uma pessoa de cada familia da vila presenteava a família Kim com mantimentos típicos da vila, como Kimchi e batata doce, em vasilhas embrulhadas em panos.
Anthony presenteou a amiga com uma pequena peça de quebra cabeça que os dois amavam montar quando estavam juntos.
Kim Na-ri entrou no carro e aquela família partiu para a grande capital coreana em busca de uma oportunidade melhor para sua filha.
Os dias após a partida foram solitários e tristes, não só para menino que perdera sua companhia mas para aqueles velhos amigos inseparáveis que amavam se juntar para compartilhar boas risadas. A vila já não tinha mais a graça daquelas crianças felizes correndo por aí, tudo continuava igual mas faltava uma parte.



Esta noite, quando a neve cair.Onde histórias criam vida. Descubra agora