Prólogo

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SINA

No momento em que meus pés tocam o piso de mármore na entrada da nossa casa, eu sinto todo o meu corpo relaxar. A frieza do piso alivia meus pés doloridos quando nosso mordomo estende a mão para o meu casaco.

— Bem-vindo ao lar, senhora. Gostaria de alguma coisa? — ele balança a cabeça e coloca meu casaco sobre o braço.

— As crianças estão na cama? — questiono enquanto me inclino para pegar meus sapatos de salto pretos Dolce & Gabbana do chão.

— Sim, senhora. E o mestre está em seu escritório.

Mestre? Tenho certeza de que Noah gostaria disso. Sem outra palavra para ele, vou até as escadas. Mais uma vez, por causa do maldito sindicato dos professores, eu estava chegando tarde em casa. Conhecendo Sebastian, ele estava provavelmente tentando ficar acordado.

Ele nunca ia para a cama sem me ver primeiro e eu anseio por isso mais do que qualquer outra coisa no mundo... ele, todos os meus filhos, fazem meu coração doer da melhor maneira possível. Eu não entendia isso. Eu mal me reconhecia com eles... eu estava em paz.

Parecia estranho. Nunca me senti paz em toda a minha vida.

Desde que eu era criança, meu pai incutiu dentro de mim que eu era um Deinert. Eu precisava ser forte, ser implacável. Quando adolescente, eu o assisti morrer lentamente na minha frente, seu legado desaparecendo junto com ele. Eu dei a minha vida para a família alemã. Quando adulta, lutei com minha mãe e meu avô; o mundo parecia que ia desmoronar em torno de mim. E mesmo assim eu cheguei do outro lado e cada vez que eu olhava para os rostos dos meus filhos, eu vi a vitória.

Minha vida mudou drasticamente ao longo dos anos e ainda parecia um sonho.

— Toc, toc, — sussurrei suavemente. Coloquei a minha cabeça dentro do quarto de Sebastian e o vi se mexer imediatamente.

Sorrindo para mim, eu soltei meus saltos pelo canto da porta antes de correr para a cama e pular ao lado dele para acariciar suas costelinhas.

— Mamãe! — ele riu abertamente, torcendo o corpo e se afastando de mim, o que só me fez fazer mais cócegas nele.

— Alguém passou da sua hora de dormir, — eu disse enquanto me sentei e corri minhas mãos pelo seu cabelo castanho bagunçado.

— Você prometeu vir para casa mais cedo, — disse ele com uma careta.

— Culpe os professores, — eu disse, acariciando seu rosto.

— Eu es- — ele tossiu antes que pudesse terminar sua declaração. Mas não foi apenas uma tosse. Ele agarrou o peito, todo o seu corpo inclinado para frente.

— Sebastian? Querido? — eu o agarrei, seu rosto lentamente ficando roxo. — Sebastian! — eu gritei.

— Mamãe... — ele engasgou, sangue saindo de seu nariz.

— Sebastian! SEBASTIAN! NOAH! NOAH! ME AJUDE! — levantando-o, eu corri para a porta quando-

BANG!

BANG!

BANG!

Os tiros não acabavam nunca, todos vindo da-

— NICOLAS! HEIDI!

— Minha senhora, nós estamos sob ataque! — Fedel gritou quando ele correu para dentro do quarto.

— Ataque? Quem? — foda-se, nada disso importava. — Pegue ele! Cuide dele agora! — eu joguei Sebastian em seus braços.

— Senhora, não é seguro!

A Bloody Kingdom - NOART VERSION (Ruthless People Spin-Off) Onde histórias criam vida. Descubra agora