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NOAH

No momento em que cheguei à escola, era um caos absoluto. Ambulâncias, polícia, jornalistas, pais soluçantes cercando os portões da Academia Pennington. O carro nem sequer teve a chance de parar antes de eu correr para fora da porta. Empurrando os outros pais em torno de mim, eu fiz o meu caminho até a fita amarela da polícia, onde três oficiais estavam de guarda.

— Oh meu Deus! — uma mulher de meia-idade gritou não mais do que um metro atrás dos meus ouvidos. Seguindo seus olhos, corpinho por corpinho sendo apressadamente empurrados para ambulâncias, sangue cobrindo suas pequenas jaquetas, suas mãos... mas aquela visão era melhor do que os que estavam cobertos.

Nove.

Nove mortos.

Olhando para longe, me movi até os portões em direção a um oficial de olhar vazio que estava de cabeça erguida, o queixo para fora, solene e sério. No momento em que seus olhos castanhos encontraram os meus, ele levantou as mãos como se ele realmente pudesse me parar com apenas um par de mãos.

— Senhor, você precisa ficar para trás até-

— Mova-se. — minha voz era baixa, mas dura, pronto para o adicionar à conta de mortos, se necessário. Cada segundo que eu estava
fora era um segundo que eu estava longe dos meus filhos. Meu coração batia dolorosamente contra meu peito só de pensar neles.

— Sr., até-

— Deixe ele entrar. — e não era outro senão o Detetive Chefe Beau Brooks, também conhecido como cão policial favorito de Sina.

— Mas, senhor? — o oficial o encarou. Não foram necessárias outras palavras para ele se afastar.

Não esperando ninguém, me movi pela porta lateral com Brooks a dois passos atrás de mim. A primeira coisa que notei quando saí para o corredor forrado com profundos armários azuis foram as lancheiras, dezenas de lancheiras em todo o piso de ladrilho. Sanduíches esmagados por minúsculas pegadas, uma maçã comida pela metade jogada na esquina... todas as portas para as salas de aula estavam fechadas, e os painéis de vidro que lhe permitiam olhar foram cobertos com algum tipo de folha cinza.

— Sr. Urrea?

— Onde estão meus filhos? — perguntei a ele, incapaz de virar meus olhos.

— O diretor foi separá-los do resto das crianças quando eles foram trazidos de volta.

Eles estão esperando no escritório com guardas e dois dos meus oficiais. Eles estavam no quintal quando os tiros começaram. Tenho certeza de que eles assistiram alguns dos seus amigos morrerem. Nós não pegámos o atirador ainda, — ele falou conforme caminhávamos até as escadas; eu teria corrido, mas eu precisava de um segundo para me recompor antes que eu os encontrasse. A raiva inundando minhas veias fazia minhas mãos se contorcerem. Onde quer que os meus filhos estiveram era fora dos limites. Quem quer que tivesse feito isso eu não iria apenas o matar, eu iria esfolá-lo vivo.

— É aqui.

Olhei para a porta, tomando uma respiração profunda antes que ele a abrisse para mim.

— Papai! — uma bola de cabelo louro escovou minhas pernas, envolvendo as mãos em torno dos meus tornozelos.

— Heidi! — eu disse com o mesmo entusiasmo, me abaixando para pegá-la e jogá-la no ar antes de a abraçar ao meu peito. Como um macaco, ela colocou os braços e as pernas em volta de mim, enterrando o rosto no meu pescoço enquanto escovava a parte de trás do seu cabelo. Ela fungou e eu engoli em seco, tentando ignorar as lágrimas quentes escorrendo em mim. — Está tudo bem, princesa.

A Bloody Kingdom - NOART VERSION (Ruthless People Spin-Off) Onde histórias criam vida. Descubra agora