Capítulo 2

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Capítulo 2

— Maya você está ouvido?

— Mamãe? – perguntei olhando em volta, mas não tinha nada, tudo estava escuro. Onde eu estava? – mamãe é você?

— Você já fugiu por tempo demais. Está na hora de acordar.

— Acordar? Eu estou acordada – falei – Onde você está?

— Seu companheiro te espera.

— Meu companheiro? Mãe do que está falando? Eu estou confusa, o que está acontecendo?

— Você dormiu por tempo de mais, Maya, está na hora de acordar e viver.

— Não estou entendendo.

— Vai entender.

Um cheiro delicioso se infiltrou por minhas narinas. Companheiro. Meus sentidos despertaram de uma vez, ouvi as vozes em minha volta, os cheiros de vários humanos, e flores, muitas flores. O som alto de uma música estranha... Tão alto. Me encolhi internamente diante do barulho. Senti um toque quente no meu rosto e então se afastou.

— Não sei, vamos? Temos que nos aprontar para o show.

A voz melodiosa falou e eu me agarrei a essa voz ignorando todo o resto e então finalmente consegui me adaptar ao barulho. Não sei quanto tempo demorou, mas pude finalmente transformar meu corpo de volta ao meu normal, só nesse momento percebi a quão enterrada eu estava em minha própria pele. Estiquei meus músculos duros e gemi de dor. Olhei em volta e não tinha ninguém em volta. O lugar que eu estava era bem bonito, como um jardim. Olhei pra meu corpo e ele estava extremamente sujo, meu vestido estava tão sujo e pesado que parecia até pedra.

Quanto tempo havia se passado para chegar nessas condições?

Por um momento eu tive medo da resposta.

Respirei fundo sentindo o perfume das flores. Passei a mão no cabelo, e olhei em volta. Não havia nada familiar nesse local. Ouvi ao longe a voz aveludada novamente e automaticamente a segui.

Meu companheiro.

Era quase inédito uma gárgula achar seu companheiro. A maioria de nós eram desumanizados, escondíamos os sentimentos tão profundos em nosso ser que as vezes poderíamos até passar ao lado de nossos companheiros sem o reconhecer. Mas eu nunca fui essa pessoa, eu sempre priorizei o sentir. E foi isso que me fez decidir largar meu clã.

Pisquei rapidamente para afastar minhas memorias, este não era o momento de pensar em meu clã, eu precisava primeiro descobri onde estava, quanto tempo se passou desde que entrei em transe e achar meu companheiro.

Com isso em mente recolhi minhas asas para dentro de meu corpo, como eu estava entre humanos eu precisava me disfarçar como eles, e asas chamaria muita atenção.

Assim que tive minhas asas recolhidas para dentro de meu corpo comecei a andar para a direção de onde ouvi a voz de meu companheiro. Pelo barulho alto eu não consegui mais localizar sua voz, o que deveria ser pois ele se aproximou do barulho.

Comecei a caminhar lentamente, por conta dos músculos rígidos de passar tempos sem usar. De novo a pergunta de quanto tempo teria se passado passou na minha mente, mas a empurrei de lado para manter o foco. Uma das coisas que aprendi durante a minha vida como gárgula era lutar e manter o foco. Distrações é o mesmo que morte, e isso pode ser usado ao meu favor e contra mim. Isso é algo que nunca poderia esquecer, focar era estar viva. Havia muitos seres das trevas que assolavam o mundo humano, e nós gárgulas tínhamos que lutar para acabar com elas.

Sexo, Morte e Rock n RollOnde histórias criam vida. Descubra agora