Prólogo

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Notas iniciais:

Essa fanfic é uma continuação da one-shot "marcas", recomendo que leiam ela primeiro.

...

Era uma manhã de outono e o clima estava seco e frio, anunciando a chegada do inverno. Kakashi sentia as mãos geladas e levemente doloridas, mas não podia dizer que desgostava da estação, não quando podia ler seus livros e tomar um chocolate quente enquanto se aquecia debaixo de seus cobertores.

Naquele dia, no entanto, a temperatura baixa se mostrou um obstáculo. A temporada de provas havia terminado e seus professores convidaram alguns palestrantes para falar com os alunos. A palestra seria em um dos auditórios do campus e o local não tinha aquecedor.

Encolhido e com o rosto parcialmente oculto pelo cachecol, Kakashi se sentou na última fileira, longe da maioria de seus colegas que se amontoaram nos primeiros lugares. O palestrante, um docente de renome da outra universidade local, não demorou a se apresentar e o Hatake riu baixo, desacreditado.

Ele já havia assistido àquela mesma palestra há alguns meses e, aparentemente, tinha saído de casa no frio para nada.

Ainda eram nove horas, ele viu em seu celular, então ele poderia ir até a livraria e organizar as inúmeras novas obras que haviam chegado no último fim de semana. Uma nova olhada no ambiente externo através da janela o fez mudar de ideia e ele decidiu que ficaria no campus até o final do evento e iria embora quando a temperatura estivesse mais alta.

Ele não pretendia, porém, ouvir a fala novamente e, por isso, alcançou a mochila que estava sobre seus pés e procurou por algum de seus livros para ler, amaldiçoando-se baixinho quando se deu conta de que a única obra que havia ali era marcas.

Kakashi pegou o objeto de capa escura nas mãos e suspirou enquanto abria a capa, vendo a dedicatória que havia sido feita há alguns dias atrás.

"Kakashi, diga que é indiferente a mim e que não se importa comigo ou meus sentimentos, foda-se. Aquela memória está cravada em mim como cicatrizes - as marcas mais difíceis de esquecer"

Espero do fundo do coração que você não o faça.

Obito

Desde aquele dia, o rapaz ponderava se deveria ou não mandar mensagem. A verdade é que ele tinha receio. Obito parecia ser uma pessoa incrível, inteligente, divertida e totalmente o seu tipo. Mas ele temia criar expectativas demais, temia se machucar ao se envolver com o autor.

As palavras escritas pela letra elegante do outro homem eram encaradas de forma intensa pelos olhos de Kakashi enquanto ele pensava no que fazer. A fala do palestrante soava distante em meio aos seus pensamentos conturbados e, de forma involuntária, o universitário folheou o livro, indo até seu trecho preferido, o mesmo que havia sido citado por Obito.

— Espera que eu não esqueça, hum? — Sussurrou para si mesmo em meio a um sorriso antes de finalmente pegar o celular e digitar o número que havia na dedicatória.

Era bem cedo pela manhã e a luz natural que adentrava pela janela do hotel fez com que Obito desviasse sua atenção do livro que lia somente para apagar o abajur que, anteriormente, era essencial para a atividade. Ele havia despertado durante a madrugada, afinal, devido ao sono agitado que o acompanhava durante seu processo criativo.

A interrupção fez com que ele olhasse o celular pela primeira vez no dia e ele não pôde evitar um leve sorriso ao ver uma mensagem de Kakashi. A verdade é que já não esperava o contato do outro.

O livro foi deixado de lado quando ele alcançou o aparelho sobre a pequena cômoda na lateral da cama e, tendo o celular em mãos, ele digitou uma resposta, convidando o outro para jantar.

Os olhos escuros encararam a tela luminosa por alguns instantes, mas ele optou por não esperar pela resposta do outro, e estava prestes a voltar a ler quando seus olhos pousaram sobre seu caderno de rascunhos sobre a mesa do outro lado do cômodo.

Quando percebeu, estava de pé em frente ao móvel, folheando o objeto e relendo as palavras que havia escrito dias atrás, quando o Hatake havia deixado o quarto de hotel.

Há o cheiro dos seus fios em meu travesseiro, os mesmos que passaram pelos meus dedos em meio aos nossos beijos. Há a bagunça dos lençóis, a evidência do que fizemos sobre eles. Há as marcas dos seus lábios em minha pele, dos seus beijos e mordidas. Há vestígios daquele momento de extremo deleite, mas mais do que isso, há vestígios de cada palavra trocada.

E esses são aqueles a serem traduzidos em palavras, algo novo como resultado de algo que já se sucedeu e agora são nada mais do que isso: vestígios.

...

Notas finais:

Dedicado, claro, à Jack, cujo amor por ObiKaka é imenso. Obrigada pelo apoio de sempre, essa é pra você! ❤

Espero que gostem e obrigada por ler!

Vestígio - ObiKakaOnde histórias criam vida. Descubra agora