4 - Eu me sinto da mesma forma

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O ambiente era preenchido pelos sons dos risos baixos e dos talheres de encontro ao prato. O aroma do espaguete à bolonhesa era extremamente agradável aos sentidos de Kakashi, tanto quanto a forma que Obito ria enquanto falava sobre um assunto qualquer.

Durante o tempo que observou Obito falar, tentou se esquivar daquela sensação insistente e incômoda que lhe consumia. Era como uma dorzinha aguda, um amargor que, por vezes, se sobrepunha ao sabor do vinho que bebericava.

Ele pensava se o Uchiha se sentia da mesma forma, se havia aquela insegurança de que, assim que fosse estabelecida a distância física entre eles, tudo aquilo acabaria.

De imediato, Kakashi pensou nas borboletas e escolheu acreditar nas palavras de Obito. Ele disse que voltaria, afinal.

— Há um feriado se aproximando — Obito iniciou — Talvez possamos fazer alguma coisa juntos.

O Hatake não conseguiu evitar um sorriso, a sensação incômoda se esvaiu de forma instantânea.

— O que tem em mente?

Eles já haviam finalizado o jantar e, há pouco, tinham esvaziado a garrafa de vinho.

— Quase sempre está chovendo em Amega — O Uchiha diz, risonho, descartando, silenciosamente, a possibilidade de um passeio ao ar livre — Talvez eu possa cozinhar para você dessa vez.

A ideia lhe parecia extremamente agradável.

— Você parece ser uma pessoa caseira — O Hatake comentou, gostava de se atentar aos mínimos detalhes de Obito, sentia-se ainda mais fascinado conforme o conhecia melhor.

— Eu sou.

Kakashi riu baixo, se levantando para arrumar a mesa, sendo auxiliado pelo outro.

— É curioso que tenhamos nos conhecido em um bar, então.

— Talvez seja o destino — Obito disse, entregando-lhe as taças. Kakashi desviou o olhar da louça para encará-lo, curioso com as suas palavras.

O Uchiha o fitava com um sorriso nos lábios.

— O destino?

— Sim — Obito se aproximou, segurando-o pela cintura — O destino quis que você levasse um bolo e que eu decidisse beber para me consolar por causa do bloqueio. Tudo para que a gente se conhecesse.

Kakashi levou as mãos aos braços tatuados em uma carícia leve.

— Faz muito sentido — Brincou, a expressão falsamente séria.

— Não acredita?! — Obito pareceu incrédulo e se afastou dele de modo teatral, como se estivesse magoado — Você não é tão romântico quanto eu pensei, sinto como se tivesse sido enganado.

O Hatake riu.

— É claro que eu sou — Ele disse — Escolhi um filme muito romântico para hoje, inclusive.

Os dois caminharam em direção a sala e se sentaram sobre o colchão no chão, envolvendo-se nas cobertas de imediato. A única luz no ambiente era a da televisão ligada.

— Não sei se isso é prova o suficiente.

Kakashi o encarou, desviando a atenção do aparelho.

— O meu autor preferido escreve romance — Argumentou — Meu livro preferido é um romance.

— Um romance fracassado — Obito sorriu.

— Ainda assim é um romance.

O filme começou e, involuntariamente, eles se aproximaram um do outro. O calor do corpo alheio era confortável demais para que não aproveitassem.

Vestígio - ObiKakaOnde histórias criam vida. Descubra agora