Carta 6

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Sonhos...

Nossas realidades sempre foram distintas, assim como nossos sonhos, claro que tínhamos muito em comum, mas sempre tentávamos achar o equilíbrio entre dois mundos que sabíamos que eram diferentes.

Tínhamos o incansável desejo de sermos diferentes de nossos pais, de querermos ter um futuro digno, de ter a independência do mundo, de viver na sociedade sem medo de ser oprimido por ela.

Estávamos crescendo, e com isso oportunidades surgiam e não podíamos deixar elas partirem por um relacionamento que nem tínhamos certeza do que era.
Conquistamos nossos sonhos mais profundos, estávamos podendo ser felizes com esse momento, mas sabíamos como terminaria.

Como se um alarme tocasse, ali sabíamos que tinha uma reta final, que não seria um "para sempre". Teria dado certo, se a distância não fosse o maior empecilho, eu iria embora, embora da onde cresci, da onde morei a vida toda, da onde te conheci.

Chorei noites e noites com medo do adeus, com medo da ultima vez que poderia sentir seu toque e dizer o quanto eu te amava, ah minha rosa branca, porque cruzarmos o destino se não poderíamos viver ele o resto do tempo como um "nós".

No fim, eu não pude ficar, não pude dar o passo que tanto almejei dar, sequer tive coragem de olhar para você e dizer que insistiria, porque eu sabia que não saberia como insistir.

Foi a primeira vez que eu fui embora, fisicamente e emocionalmente, ali, foi o ponto em que o abismo me engoliu e me juntou com toda a escuridão.

Não sabia que era meu último adeus para você, não sabia que era o último olhar que trocaria, que era o último abraço que daria, se eu soubesse, com certeza teria selado tudo com um beijo, eu já te amava antes do toque, antes de saber o que era amor, antes de imaginar que sim você se tornaria mais do que apenas uma amizade, e que sim, eu lutaria por você mesmo insistindo comigo mesma que não valeria a pena.

Desde então, vivo apenas com os sonhos, sonhos do que teríamos sido se fosse diferente, sonhos de um futuro improvável, sonhos onde podemos ser quem somos.

Sonhos, porque às vezes eles viram pesadelos?

Cartas Que Nunca Te EnviareiOnde histórias criam vida. Descubra agora