─ 𝚂𝙴𝚇𝚈 𝙿𝙷𝙾𝚃𝙾𝚂 | ꗃ

── 𝗍𝗐𝖾𝗇𝗍𝗒 𝖾𝗂𝗀𝗁𝗍 ☕

𝕊𝔸ℕ𝕋𝔸 𝕄𝕆ℕ𝕀ℂ𝔸, 𝕃𝔸

𝕊𝕖𝕘𝕦𝕟𝕕𝕒

𝔸 ℕ 𝕐 𝔾 𝔸 𝔹 ℝ 𝕀 𝔼 𝕃 𝕃 𝕐

Estava tudo muito estranho. Depois que Noah machucou o pulso e teve que sair da aula de educação física, umas garotas que não estavam participando da aula começaram a cochichar sem parar.

Todo mundo olhava, curioso para saber sobre o que ela estavam falando. E quando a aula acabou, outras meninas foram até elas, bando de fofoqueiras. Diferente delas, eu, Sabina, Joalin e Savannah fomos para os vestiários.

— O que será que elas estavam vendo? — Joalin pergunta eufórica, começando a tirar o uniforme.

— Não sei, mas uma hora a escola toda vai estar sabendo e nós vamos descobrir — Sav deu de ombros, tirando a roupa e indo para os chuveiros.

Eu estava com um mal pressentimento, não sei se era sobre isso ou sobre Noah. Acho que ele possa ter quebrado o pulso e tudo o que quero é saber se ele está bem.

Enquanto tomavamos um banho rápido, os cochichos aumentaram, todas as garotas presentes murmuravam entre si. E o pior de tudo, foi que todas, sem exceção nenhuma, me olhavam. Então eu pensei, eu estou envolvida nessa merda.

— Por quê estão olhando pra você? — Lin pergunta confusa e eu dou de ombros.

Eu estava me sentindo desconfortável e uma angústia dominava meu peito. Tentei ignorar, terminei minha ducha, coloquei minha roupa e estava dando os toques finais quando uma garota quase arrebentou a porta do vestiário.

— O Noah tá levando uma surra do Josh no vestiário masculino — ela disse ofegante e no mesmo momento senti meu coração parar.

Não esperei nada antes de sair correndo para o lado de fora. Eu entrei naquele lugar tumultuado sem me importar se veria algum garoto nu, minha preocupação estava voltada para os dois meninos mais importantes para mim.

— Sai! Sai da frente! — pedi para os garotos que me impediam de passar.

Assim que cheguei no meio do círculo, pude ver Noah com o nariz sangrando e Josh sacudindo a mão.

— Que merda tá acontecendo? — gritei, chamando a atenção dos dois.

O moreno me olhou assustado e o loiro mantinha a expressão fechada. Noah limpou o nariz com a mão esquerda, mantendo a outra rente ao tronco, provavelmente estava torcida.

— O que você tá fazendo, Josh? Por quê bateu nele? — perguntei confusa, caminhando até meu namorado.

— Eu avisei! Eu falei que se ele fizesse alguma coisa, eu acabaria com ele — Josh aponta para Noah, que está tão confuso quanto eu.

— Do que você está falando? — ele pergunta, tentando levantar a mão direita, mas parece que está doendo bastante.

— Não se faça de sonso, não é hora para isso. O que passou na sua cabeça em publicar aquele vídeo? — meu melhor amigo está alterado, ele exala raiva.

Todos ao nosso redor estão prestando atenção, alguns gravando, outros cochichando e outros incentivando. Enquanto isso, eu não faço a menor ideia do que esteja acontecendo.

— Que vídeo? — Noah e eu perguntamos ao mesmo tempo.

Josh bufa, passando as mãos no cabelo nervoso. Ele olha em volta e pega o celular de um dos garotos que estava ali. O loiro fuça o aparelho e então abre em um vídeo e me entrega o celular.

— Veja com seus próprios olhos e depois me deixe acabar com esse otário — diz por fim, lançando um olhar capaz de matar para Noah.

Sinto minha respiração parar, meu corpo fica mole e meus olhos ficam embaçados por causa das lágrimas. Por poucos segundos sinto que minha alma saiu e voltou para o meu corpo.

— O quê? Que porra é essa? — o moreno pergunta alterado, arrancando o celular da minha mão — Não fui eu que gravei isso e muito menos eu que publiquei — ele nega, irritado.

Limpo os olhos com força, tentando ao máximo não chorar. Não aqui na frente de toda essa gente. Pego o celular da mão dele mais uma vez e excluo o video, devolvendo o aparelho para o dono.

— Me dá o seu telefone — estendo a mão para ele, que ergue as sobrancelhas na minha direção antes de ir atrás do que eu pedi.

— Está aqui. Eu estou dizendo, não fui eu que publiquei isso — Noah se garante e tudo o que eu desejo é que seja verdade.

Desbloqueio o celular dele e abro no grupo de todo o colégio. Sinto meu mundo desabar quando vejo o vídeo seguido de uma frase escrota em baixo. Bloqueio o celular e entrego na mão dele, que sorri aliviado.

— Eu falei que não foi... — sua fala é interrompida pela minha mão, o som estalado do tapa reverberou por todo o ambiente.

Noah me olha incrédulo e antes que ele possa fazer qualquer coisa, me enfio no meio das pessoas, saindo pra fora daquele lugar.

As lágrimas desciam silenciosamente pelo meu rosto, minha respiração estava pesada e sei que em poucos segundos vou ter uma crise de choro. Na minha cabeça ele nunca faria uma coisa dessas, mas mais uma vez eu estava enganada.

— Any, Any! — as meninas vem atrás de mim, mas eu continuo caminhando para longe de todo mundo.

Quando paro no meu armário para pegar as coisas, preciso limpar os olhos mais uma vez para poder enxergar. Pego minha bolsa e somente as coisas mais importantes, não consigo ficar aqui mais nenhum minuto.

— Any... — Sav me olha com aquele maldito olhar de pena.

— Não, não me olha desse jeito — balanço a cabeça, tirando forças do além para não soltar o choro — Não suporto olhares de culpa, muito menos de vocês.

Elas ficam quietas e tudo o que faço é fechar meu armário e sair. Preciso colocar minha cabeça no lugar, raciocinar tudo o que está acontecendo.

— Você não pode nos afastar e ficar sozinha, não agora, Any — Sabina para na minha frente, impedindo a minha passagem.

— Exatamente, isso nunca dá certo — Joalin concorda.

— Não vou me afastar. Eu só preciso ficar sozinha, só hoje — peço, não ficando para ouvir a resposta.

— Somente hoje — Saby grita de longe.

Eu sou sortuda em ter as amigas que tenho, mas nesse momento eu realmente preciso ficar sozinha. A pessoa na qual eu confiei todo meu ser, me apunhalou pelas costas desse jeito. Todas as vezes que o pensamento de que ele poderia fazer algo passava pela minha cabeça, eu fazia questão de jogar para longe, porque eu tinha esperança que ele nunca fizesse isso.

Mas aqui estou eu, sendo chamada de puta por todos, enquanto ele é vangloriado por ter me "comido". Eu imaginava qualquer coisa, menos isso. Ele me arrastou pra armadilha e eu caí feito um patinho.

Eu sou uma fudida mesmo.