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                 Marília pov:

 Eu estou sentada observando meus pais que estão entretidos e rindo, cozinhando alguma coisa, ou tentam cozinhar. O sorriso não saí do meu rosto, é tão bom ver que mesmo depois de todo esse tempo eles dois ainda parecem um casal de adolescentes apaixonados, meus pais sempre foram o modelo de relacionamento que eu queria ter no futuro. Será que meu casamento com Maraisa era assim? Mas o que...Eu não deveria estar pensando nisso, deveria? Volto a realidade ao sentir alguém puxando a barra de minha blusa, afasto-me um pouco da mesa e olho para baixo me deparando com aquele pequeno fofo, Ele é a minha cara... E tem alguns traços dela.

— Oi, pequeno. 

Eu o pego no colo e coloco-o sobre a mesa, sentado de frente para mim. A mesa é de madeira aparentemente sólida então não corre riscos dela quebrar.

— Sente, mamãe, eu estou cheiroso.
Estica as mãozinhas em direção ao meu rosto, seguro-as e as cheiro, estão com um cheiro realmente delicioso de... coco e aveia? Parece que sim. Vou subindo o nariz por seus braços e logo chego em seu pescoço, ele gargalha e tenta me parar. Eu rio, enfiando mais ainda meu nariz na curva entre seu ombro e o pescoço. O cheiro dele me lembra alguma coisa, parece o perfume que eu usava... Antigamente era o meu favorito.

— Hmmm, está cheiroso mesmo.

— Eu estou com seu cheiro, mama comprou aquele perfume que a senhora amava.
Levanto as sobrancelhas surpresa, como ela sabe disso? Ah, claro... Nós somos casadas. Pelo menos ela parece me conhecer, até que Maraisa não é tão inútil assim quanto eu pensei que fosse.

— Boa escolha. 
Eu falei Olhando para Maraisa que está de pé ao nosso lado, um pouco distante. Ela sorri timidamente enquanto me observa interagir com Léo. É estranho pensar nele como meu filho, porque tecnicamente falando eu me sinto como uma garota de dezesseis anos, e isso é tão estranho... 

 Volto a conversar com Léo, ele me contava animado sobre seu dia na escola e o quanto estava ansioso para as férias de verão.
 Eu o ouço atentamente, acho que seguirei o conselho do Dr.Daniel e tentarei viver minha antiga rotina, mesmo que eu não saiba nada sobre ela ainda, Maraisa se junta a meus pais e os ajuda a terminar o jantar.
 Tudo ocorreu perfeitamente bem, quem olhasse de fora diria que erámos uma família grande e feliz. Entre termos nós realmente somos uma, mas... Vocês entendem, né? Eu não me sinto totalmente ligada a eles, quer dizer... Ligada a ela. 

 O jantar foi perfeito, mamãe fez questão de dizer que o arroz foi mérito de Maraisa, assim como a salada de tomate. Dona Ruth não poupou elogios a ela, o que só me fez crer mais ainda que ela e meu pai admiram e amam Maraisa. Eles parecem tão íntimos, eu só queria saber quando exatamente isso quando aconteceu. 
Eu só quero entender como nós viemos parar aqui, como chegamos à esse ponto.

                /  Horas Depois  /

 Infelizmente meus pais tiveram que ir embora, alegaram ter que trabalhar cedo amanhã de manhã, embora eles parecessem estar mentindo mas, eu não sei nada sobre a vida deles agora, quem sabe eles realmente não tenham trabalho lá realmente. Levei-os até a porta e antes de irem, os dois disseram a mesma coisa: não seja rude com Maraisa, ela não tem culpa de nada, vocês não estão mais no colegial e você não a odeia mais. 

Legal família, agora expliquem isso para a minha memória defeituosa. Claro que eu não falei isso, vai que eles resolvem me punir de alguma forma? Além do mais eu não perdi o respeito por eles, e responde-los ironicamente seria faltar com o respeito, Enfim... Focando na minha nada convencional rotina normal, ou quase normal.
 Léo estava na sala, eu sei disso pois estava ouvindo o barulho da televisão, vou até ele e o vejo deitado de barriga para baixo, ele estava com o peito colado no assento do sofá e o quadril levantado. Ele está dançando no ritmo dessa musiquinha ou? Será que essa posição é confortável? Perguntarei a ela depois se ele sempre se senta assim, anotei mentalmente. Ouço barulho de pratos na cozinha e suspiro, uma hora eu terei que conversar com ela de qualquer forma, eu sei que minha vontade é de correr, pegar o primeiro avião e fugir daqui, mas... Essa é a minha vida, certo? Eu preciso vive-la, e o primeiro passo é tentar entender sobre ela.

Stupid Wife - Versão Malila Onde histórias criam vida. Descubra agora